Com início ruim e insatisfações no elenco, Chelsea demite Tuchel e encerra último resquício da era Abramovich
Campeão da Champions em 2021, Tuchel não resiste a início ruim e à vontade dos novos donos de escolherem um novo técnico e é demitido após apenas sete jogos na temporada; Potter, Pochettino e Zidane estão na lista do clube

A derrota por 1 a 0 para o Dinamo Zagreb na Croácia foi a última de Thomas Tuchel no Chelsea. O técnico foi demitido nesta quarta-feira, com apenas sete jogos disputados na temporada e após gastar mais de £ 250 milhões em reforços. Roman Abramovich deixou de ser dono do clube, mas a sua famosa impaciência parece continuar na cadeira de Todd Boehly, líder do consórcio que comprou os Blues e que exerce provisoriamente o papel de diretor de futebol.
“À medida que o novo grupo de proprietários chega a 100 dias desde ter assumido o comando do clube, e continua seu trabalho árduo para levar o clube adiante, os novos proprietários acreditam que é o momento certo para fazer a transição”, afirma comunicado no site do Chelsea. Na verdade, é um momento péssimo, considerando que temos tão poucos jogos na temporada. O momento ideal já passou e era ao final da temporada passada, para escolher um técnico que pudesse ajudar a montar o elenco e tivesse tempo para iniciar o trabalho. Este definitivamente não é o melhor momento.
Tuchel é o último dos nomes da gestão de futebol trocado após a chegada dos novos donos. Bruce Buck deixou a presidência do clube após quase 20 anos no cargo. A diretora esportiva Marina Granovskaia, braço direito de Abramovich e que tocava o dia a dia do clube, também foi demitida. Por fim, o ex-goleiro Petr Cech, que exercia o cargo de consultor técnico, também deixou o clube. Tuchel era, portanto, o último remanescente dessa estrutura e o último resquício da gestão Abramovich.
O Chelsea quer contratar um novo técnico antes do seu próximo jogo, contra o Fulham, no sábado. Um técnico interino do próprio clube será apontado nos próximos dias, para tocar treinamentos e a preparação para o jogo da Premier League. “A comissão técnica do Chelsea irá assumir o time para o treinamento e preparação das próximas partidas enquanto o clube se move rapidamente para nomear um novo treinador”, diz a nota do clube.
O Guardian relata que Todd Boehly soube que alguns jogadores importantes do Chelsea estavam insatisfeitos com as táticas de Tuchel. Ao colocar na mistura os maus resultados, a insatisfação de jogadores importantes e a vontade do novo dono de ter um técnico contratado por ele, juntou a fome com a vontade de comer.
Na Premier League, o Chelsea começou vencendo o Everton por 1 a 0 em um jogo feio contra um adversário bastante fragilizado. Jogou bem contra o Tottenham, no empate por 2 a 2, mas tomou uma traulitada do Leeds por 3 a 0. Depois, venceu o Leicester por 2 a 1, novamente contra um adversário em péssimo momento. Voltou a ser derrotado pelo Southampton, desta vez por 2 a 1, quando o técnico que o time tinha sido “mole”. Venceu o West Ham por 2 a 1 no último fim de semana com um gol no fim do jogo.
O início ruim na Premier League foi o que mais pesou, embora a demissão tenha vindo depois da derrota na Champions. The Athletic e Sky Sports relatam que a demissão vem sendo considerada pelo clube há algum tempo e não tem uma relação direta com a a derrota para o Dinamo Zagreb. Ainda assim, uma derrota como foi essa, para o time que é em teoria o mais fraco do grupo, é algo que incomoda.
O principal nome especulado no momento é o técnico do Brighton, Graham Potter, e a informação de momento é que o Chelsea pediu autorização ao clube para negociar com o técnico. Outros nomes na lista de candidatos incluem Mauricio Pochettino, demitido do PSG ao final da última temporada, e Zinedine Zidane, também sem clube após deixar o comando do Real Madrid, em 2021.
Contratado em janeiro de 2021 pelo Chelsea, ele substituiu o ídolo Frank Lampard, que vinha cambaleando na temporada. Ele tinha recém deixado do Paris Saint-Germain em dezembro e assumiu o Chelsea para tentar salvar a temporada. Fez mais do que isso: levou o time à conquista da Champions League contra o Manchester City.
Na temporada seguinte, 2021/22, o Chelsea chegou à final tanto da Copa da Inglaterra quanto da Copa da Liga, além de ter ficado em terceiro na Premier League. Tuchel foi quem comandou o clube em um momento de extrema turbulência com a saída de Abramovich, que veio após sanções contra o russo, e a chegada do novo grupo de donos. Mesmo em uma temporada confusa do ponto de vistas de gestão, Tuchel conseguiu manter o time em terceiro na Premier League.
Desde que Todd Boehly assumiu o comando do clube, liderando o consórcio de donos, ele trabalhou de forma próxima a Tuchel para montar o elenco desta temporada. O início da janela de transferência foi ruim para o Chelsea, perdendo alguns alvos importantes como Raphinha e Jules Koundé para o Barcelona. Mesmo assim, o time gastou significativamente para se fortalecer com as chegadas de Kalidou Koulibaly, Raheem Sterling, Marc Cucurella, Wesley Fofana, Denis Zakaria e Pierre-Emerick Aubameyang.
Tuchel durou 589 dias no Chelsea, um reinado que, curiosamente, é pouca coisa maior que o de Frank Lampard (571). Durou menos que José Mourinho (1204 na primeira passagem, 927 na segunda), Antonio Conte (741) e Carlo Ancelotti (690), Durou mais que Avram Grant (247), Luiz Felipe Scolari (223), Roberto Di Matteo (262), André Villas-Boas (256) e Maurizio Sarri (337).