O que está dando errado no Fluminense de 2024?
Problemas dentro e fora de campo se somam no 2024 do Tricolor, que vive ano ruim após conquistar a Libertadores e encantar o Brasil

Até mesmo Fernando Diniz admite: o Fluminense está devendo em 2024. Ainda que esteja classificado às oitavas de final da Copa do Brasil e da Libertadores, bem como tenha conquistado a Recopa Sul-Americana sobre a LDU, o Tricolor fez um Estadual ruim e começa o Campeonato Brasileiro ainda pior.
Mas o que dá errado no Flu de 2024?
A Trivela se debruçou sobre o tema após a derrota para o Botafogo, por 1 a 0, no Estádio Nilton Santos, pelo Brasileirão. Além do resultado, o desempenho sofrível e atitude passiva da equipe chamaram a atenção. Muito mais do que campo, o Fluminense tem motivos para se preocupar para a sequência da temporada.
— A minha maior preocupação é fazer o Fluminense jogar o melhor possível. Vamos reformular de acordo com o melhor que a gente pode — opinou Fernando Diniz.
Apostas dão errado e Fluminense peca no mercado da bola
Diniz afirmou ser o culpado pela má fase do Fluminense. Mas além dele, outros personagens devem dividir a responsabilidade pelo momento. Não é porque a bola não está entrando que o campo é o único problema.
Fora dele, o Tricolor também cometeu erros — que ultrapassam a comissão técnica e chegam ao presidente Mário Bittencourt e aos diretores Paulo Angioni e Fred, principalmente sobre o planejamento e montagem do elenco para 2024.
A avaliação mais justa deve ser feita ao fim da temporada, mas até aqui, já com metade do caminho percorrido, o planejamento se mostra longe do ideal.
O Flu não acertou suas investidas no mercado da bola em janeiro. A maioria dos reforços se concentrou no ataque — e os jogadores não estão rendendo, à exceção de Marquinhos.

Quando 2023 se encerrou, apesar do título da Libertadores, era claro que o Fluminense já precisava de reforços na defesa. Titular, Felipe Melo já tinha 40 anos, Marlon e David Braz entravam na reta final do contrato, Manoel ainda seguia suspenso por doping e a conversão de Thiago Santos foi a solução encontrada.
Além da contratação de Antônio Carlos, um desejo antigo que ainda não vingou, o Tricolor tinha outra aposta para o setor: transformar Gabriel Pires em zagueiro, conforme apuração da Trivela.
O volante conversou com Fernando Diniz durante a negociação e ouviu do técnico que esta era sua vontade, o que concordou. Mas o jogador de 30 anos sofre com lesões em sequência no joelho direito. Ele tem um problema crônico de cartilagem no local.

Mas não é só Gabriel Pires. Renato Augusto, Douglas Costa e Terans foram os nomes mais badalados entre as contratações, mas até aqui somam apenas dois gols e duas assistências.
A Trivela apurou que Diniz chegou a testar o uruguaio como lateral-direito. Já Renato foi atacante na maioria dos jogos. Apostas que até aqui deram errado.
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Calendário, lesões e saída de Nino: Fluminense sofre na defesa
Era sabido que o Tricolor perderia ao menos Nino na janela de transferências. O substituto, entretanto, é Thiago Silva, que só pode jogar em julho. Peça-chave no time campeão da Libertadores em 2023, o defensor faz falta dentro e fora de campo. Não houve reposição ao capitão, e a falta de entrosamento e repetição da mesma dupla de zaga é um dos problemas do Flu na defesa.
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O setor se viu em apuros não só por perder seu melhor zagueiro. Os desfalques também cobram a conta: Thiago Santos, Marlon, Manoel e Felipe Melo, principais opções para o setor, perderam tempo com lesões. Fruto, também, de uma pré-temporada achatada pelo calendário.
Neste sentido, o Fluminense acabou refém do próprio sucesso em 2023, que o levou ao Mundial de Clubes, mas lhe tirou boa parte das férias.
O Fluminense observa opções na defesa, já que dificilmente Marlon seguirá no clube após o fim do contrato. O ano está na metade, e o Tricolor ainda não sabe qual será sua dupla de zaga titular.

Diniz afasta Fluminense de 2024 do ‘Dinizismo'
O flerte já estava ali desde o mata-mata da Libertadores. Para enfrentar o Olimpia, tanto no Rio de Janeiro como em Assunção, Fernando Diniz escalou quatro atacantes. As funções não foram as mesmas nos dois jogos, mas o fato é que o técnico fez a primeira experiência fora do que se convencionou como “Dinizismo”.
Em 2022, o Flu encantou ao reunir os jogadores em torno da bola, muitas vezes na mesma faixa de campo, construindo com tabelas desde a saída com o goleiro e em direção ao gol. Até as goleadas sobre Flamengo e River Plate, em 2023, o time estava assim. Mas após uma má fase no meio daquela temporada, o Tricolor começou a mudar.

A versão 2024 é ainda mais próxima ao jogo de posição, e bem menos funcional do que o técnico se acostumou. Alguns alicerces, como a saída apoiada com o goleiro, seguem. Assim como problemas, caso da defesa extremamente exposta, como já acontecia antes, mas a grande fase de Nino ajudava a esconder. No ano passado, por exemplo, o zagueiro sofreu apenas um drible em todo o Campeonato Brasileiro de 2023.
Em vez de aglomerar seus jogadores em torno da bola, o técnico espaça o time, o que dificultou a pressão pós-perda e a recomposição defensiva. Além disso, abriu mais buracos no meio-campo e faz Germán Cano constantemente funcionar como volante. Criticado pela falta de variação de jogo, Diniz tentou mudanças significativas, mas até aqui, o time não evoluiu.
O posicionamento médio do Fluminense no jogo contra o Botafogo.
O que o German Cano (14) tá fazendo ali? pic.twitter.com/ZrGkBGAQTg
— DataFut (@DataFutebol) June 12, 2024
Mais velho e com problemas: elenco do Fluminense não é o mesmo
Pouca coisa mudou nas peças, mas o elenco do Fluminense não é o mesmo para 2024. A Trivela apurou que, fruto da má fase ou não, dentro e fora de campo, as coisas estão bem longe do que estavam em 2023.
A começar pelo calendário. Não o de jogos, mas aquele que usamos em casa. O Flu está um ano mais velho, e com muitos jogadores acima dos 30, isso tem sido um problema.
Apenas Marcelo vive fase física melhor do que na última temporada. Embora esteja voando em campo, o camisa 12 não tem muita companhia além de Fábio entre os veteranos.

Jogadores como Samuel Xavier, Thiago Santos, Felipe Melo, Gabriel Pires, Renato Augusto, Ganso, Keno, Douglas Costa e Cano vivem fases físicas e técnicas bem abaixo de 2023.
A aposta em jogadores mais experientes não é um problema, mas a queda de intensidade e concentração tem sido flagrante. Os erros técnicos, coletivos ou individuais, não são à toa.
Fora de campo, a Trivela apurou que há insatisfação com improvisos e até cobranças de Fernando Diniz no vestiário após resultados ruins. O ambiente ainda é bom, e as lideranças do grupo estão com o treinador.
"Poderíamos ter perdido de mais. O Botafogo jogou muito melhor", resumiu Fernando Diniz. pic.twitter.com/Rgzt8S5FnC
— Caio Blois (@caioblois) June 12, 2024
O elenco reconhece a blindagem em declarações públicas de Fernando Diniz. Nos piores momentos, o técnico chamou a responsabilidade e tirou a culpa dos atletas, embora tecesse críticas internamente. A postura agrada aos jogadores, que seguem admirando o treinador. Ainda assim, o momento também cobra o estado anímico do grupo no dia a dia.
Como está o Fluminense em 2024
- Campeão da Recopa Sul-Americana sobre a LDU;
- Eliminado nas semifinais do Campeonato Carioca para o campeão Flamengo;
- 15º lugar no Campeonato Brasileiro após sete rodadas (1 vitórias, 3 empates e 3 derrotas);
- Classificado às oitavas-de-final da Libertadores — enfrenta o 2º colocado do grupo C;
- Classificado às oitavas-de-final da Copa do Brasil.
Próximos jogos do Fluminense
Veja os próximos confrontos do Fluminense na continuação da temporada:
- Fluminense x Atlético-GO — Campeonato Brasileiro — sábado, 15 de junho — 21h (de Brasília);
- Cruzeiro x Fluminense — Campeonato Brasileiro — quarta, 19 de junho — 21h30 (de Brasília).