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Segundo tempo espetacular, Cano insaciável: O Fluminense surrou o River Plate por 5×1 no Maracanã

O Fluminense fez uma partidaça no segundo tempo e adicionou mais um show à sua lista de grandes atuações recentes, com direito a três gols de Germán Cano

Germán Cano atuou pouco no futebol argentino. O atacante nascido em Misiones passou por Lanús, Chacarita e Colón, mas sem deixar grandes marcas. Sua carreira deslanchou mesmo no Independiente Medellín, antes de rodar também pelo México. O desempenho no futebol brasileiro, ainda assim, eleva a percepção sobre o artilheiro. Foi ídolo no Vasco e consegue fazer ainda mais no Fluminense, especialmente neste 2023 de sonho que vivem os tricolores. Nesta terça-feira, no Maracanã lotado, o Tricolor teve outra atuação para a sua antologia: goleou o River Plate por impiedosos 5 a 1. Foi um primeiro tempo ainda equilibrado e pegado, que parecia corresponder ao bom início dos millonarios no Campeonato Argentino, mas já com golaço de Cano. O segundo tempo, contudo, se transformou num espetáculo do Flu – auxiliado também por uma expulsão no River. Ganso abriu caminhos com seus passes e Arias deixou os marcadores comendo poeira. Mas ninguém tão letal quanto Cano, autor de mais dois gols e ainda de outro anulado. Se existe ainda algum argentino que não o conhece, esse jogo apresenta de vez o matador de 35 anos. E o Flu, 100% na Libertadores, pega mais embalo.

O Fluminense abriu a partida com mais posse de bola, mas com dificuldades de estabelecer seu jogo de passes. A defesa do River Plate fechava os espaços e não permitia a progressão dos tricolores. Marcelo era bastante participativo nesse início, mas os lançamentos não davam resultado. Era um controle pouco produtivo ao Flu. E os millonarios tiveram um lance de perigo aos 14 minutos, num tiro rasteiro de Lucas Beltrán que Fábio espalmou no canto. Quando Franco Armani trabalhou, foi para mergulhar e afastar uma falta cobrada por Ganso. Os argentinos até arriscavam mais, como em outra batida de Ezequiel Barco que Fábio desviou para fora.

A partida ficava mais pegada com o passar dos minutos, inclusive com alguns desentendimentos. Felipe Melo receberia o cartão amarelo numa dessas. Também havia uma alternância entre os times, sem tanta efetividade. Isso até Cano aprontar das suas. O centroavante abriu o placar com um golaço aos 29 minutos. Recebeu de Keno e conseguiu provocar um buraco na defesa do River em sua escapada. Melhor ainda foi sua finalização, um chute forte e seco que tocou no travessão antes de entrar. Golaço.

O desenho da partida não mudou muito depois do gol, na maneira como seguia renhida. O River Plate, no entanto, ficava mais com a bola. E os millonarios conseguiram o empate sem tardar, aos 39 minutos. Num lance em que Arias vacilou pela esquerda, Nicolás de la Cruz também foi muito bem na disputa de corpo para chegar à linha de fundo e efetuar o passe. Beltrán escapou da marcação de Felipe Melo e fuzilou sem chances para Fábio. Keno ainda precisou sair, em decorrência de uma bolada na cabeça, dando lugar a Lima. O Fluminense tentou apertar um pouco mais antes do intervalo e não fez muito.

O segundo tempo mantinha o ritmo alto em seus primeiros minutos. A partida ficava concentrada na intermediária, com os dois times tentando impor suas escapadas. As defesas se antecipavam. Faltava o toque diferente, e isso o Fluminense tinha. O segundo gol dos tricolores, aos oito minutos, tem o carimbo de Paulo Henrique Ganso. O armador deu um passe magistral e permitiu a infiltração de Samuel Xavier na área. O cruzamento rasteiro passou diante da meta do River Plate, para Cano, sempre muito bem colocado, só empurrar para dentro. O Maracanã cantava mais alto.

O Fluminense continuou melhor depois do gol. Encontrou uma maneira de abrir a defesa do River Plate e seguiu martelando. As jogadas nas costas da zaga fluíam, assim como geravam escanteios. Armani rebateu um chute de Ganso, enquanto Cano teve um gol bem anulado aos 15, por impedimento na construção. O River mexia, com José Paradella e Pablo Solari. Com novo gás, os millonarios voltaram a equilibrar um pouco mais o duelo. Só não daria para ver por tanto tempo esse efeito positivo. Leandro González Pírez cometeu falta em Cano e recebeu o segundo amarelo, num lance reclamado pelos argentinos. Para recompor a zaga, Robert Rojas entrou no lugar de Nacho Fernández. Já o amarelado Felipe Melo saía de fininho para Vítor Mendes jogar.

Logo na sequência, quase o Fluminense anotou o terceiro. A cobrança de falta rápida serviu para Cano ser lançado em profundidade por Ganso e invadir a área. O argentino chutou cruzado diante de Armani e acertou o pé da trave. Rojas até chegou do outro lado num lance bloqueado, mas o momento era do Flu. Arias primeiro tentou e mandou para fora. Já o terceiro foi dele, aos 30. Alexsander fez uma linda jogada na área, indo para cima da marcação. A bola ficou com Arias, para definir nas redes. A vitória estava nas mãos dos tricolores.

O River Plate tinha méritos por não deixar de lutar. O Fluminense, de qualquer forma, sobrava. Até exagerou no enfeite aos 37, num lance em que Ganso dominou com liberdade na área e fintou a marcação, mas demorou a concluir. Do outro lado, os millonarios insistiam e Fábio voltou a fazer outra boa defesa contra Agustín Palavecino. Mas num show tricolor, o atalho para as redes seria encontrado de novo pelo Flu. De novo por Cano, com a tripleta completa aos 42. Arias cruzou e o artilheiro concluiu de primeira, na caixa, após a saída ruim de Armani. Cano seria substituído logo depois, sob muitos aplausos. E o último gol, nos acréscimos, caberia a Arias – merecido, pelo segundo tempo que fazia. Foi uma tabela lindíssima, com toques de primeira, para Arias dominar no peito e bater no contrapé do estático Armani. Show completo.

O Fluminense continua com um desempenho fantástico na Libertadores. Os tricolores chegam aos nove pontos, com 100% de aproveitamento. E, agora, com sua atuação mais impressionante. Já o River Plate está em perigo. É o terceiro, com três pontos, e pode se complicar após o Sporting Cristal x Strongest. Os bolivianos têm três pontos e os peruanos estão zerados.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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