Brasileirão Série BEuropa

Um guia para você acompanhar a reta final das divisões de acesso pela Europa – versão 2020/21

Preparamos um especial sobre dez divisões de acesso nas cinco principais ligas e também outras histórias curiosas ao redor da Europa

As divisões de acesso não oferecem apenas a oportunidade para alguns clubes alcançarem a glória. Para muitos, é a chance de recobrar a sua própria grandeza. E, nesta reta final de temporada, começa a época de sonhar alto novamente. Com o término dos campeonatos, antes mesmo que muitos campeões na elite sejam conhecidos, os times das divisões inferiores já festejam a ascensão. Os primeiros até já consumaram o feito – na Alemanha, na Itália, na Bélgica, na Escócia. Neste final de semana, a Premier League também pode conhecer seu primeiro promovido para 2020/21, o Norwich.

Abaixo, preparamos um guia sobre dez dessas competições. Explicamos o sistema de disputa, falamos sobre a tradição de cada concorrente e ainda oferecemos um breve comentário. Esta matéria segue outras duas publicadas nas últimas semanas, sobre 20 times para ficar de olho na reta final das ligas “lado b” da Europa e 20 times que buscam façanhas na reta final das copas nacionais pela Europa – versão 2020/21.

Segunda divisão inglesa

Duas vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

A Championship deve ter seu primeiro promovido durante os próximos dias. O Norwich City está muito próximo de carimbar o retorno à Premier League, depois do rebaixamento como pior time na temporada passada. Mesmo passando longe da permanência, os Canários resolveram contrariar a lógica do futebol e sustentaram o mesmo ideal. Resultado: uma campanha soberana na segundona, com ampla vantagem dentro da zona de acesso direto. Daniel Farke, o treinador no cargo desde 2017 e responsável pela promoção em 2019, continua em Carrow Road. Aplica um futebol ofensivo, de bom trato com a bola, que bota os auriverdes acima de seus concorrentes. Como resultado, a partir do 12° jogo, o Norwich só não liderou a competição em apenas uma rodada. Dentro de campo, alguns destaques também continuam, como o artilheiro Teemu Pukki, o ponta Emiliano Buendía, o meia Todd Cantwell, o lateral Max Aarons e o goleiro Tim Krul. A dúvida é se o projeto dos Canários, também bem feito fora de campo, terá mais sucesso na primeira prateleira.

Já a segunda vaga tem tudo para guardar o retorno de outro clube rebaixado no último ano, o Watford, que teve bons momentos na Premier League recentemente. Os Hornets não estão confortáveis na zona de acesso direto como o Norwich, mas parecem bem mais próximos da promoção em relação ao restante dos perseguidores. A campanha, além do mais, não foi tão regular e a diretoria optou por trocar de técnico em dezembro, com o espanhol Xisco Muñoz assumindo a prancheta. Ele foi derrotado apenas duas vezes ao longo de 2021. Também há uma continuidade em Vicarage Road, com um elenco até caro para o nível da Championship, mas os bons nomes dando resultado. Medalhões como Tom Cleverley e Troy Deeney continuam como referências nos vestiários. Além disso, o clube se vale da boa forma de jovens como Ismaïla Sarr e o ex-tricolor João Pedro.

De resto, os quatro possíveis participantes dos playoffs também parecem delineados. O Swansea é o terceiro colocado, depois de flertar com o acesso direto e despencar em março. O Brentford, que quase subiu na temporada passada, é mais um que perde o fôlego – mas conta com os muitos gols do artilheiro Ivan Toney. O Bournemouth vem em ascensão e o Barnsley é quem mais cresce – ameaçado pelo rebaixamento no início, mas com 11 vitórias nas últimas 13 partidas. Também vale observar o provável rebaixamento do Sheffield Wednesday, enquanto Derby County, Huddersfield Town e Birmingham aparecem entre os ameaçados. O Nottingham Forest, apesar do péssimo início, se sugere mais seguro.

Norwich: 26 temporadas na elite, a última em 2019/20
Watford: 13 temporadas na elite, a última em 2019/20

Swansea: nove temporadas na elite, a última em 2017/18
Brentford: cinco temporadas na elite, a última em 1946/47
Bournemouth: cinco temporadas na elite, a última em 2019/20
Barnsley: uma temporada na elite, em 1997/98

Classificação fornecida por
O Sunderland comemora o título no EFL Trophy – Foto: Divulgação

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Terceira divisão inglesa

Duas vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

A League One não parece tão definida quanto a Championship, mas dois times se mostram mais preparados para consumar o acesso, considerando a pontuação. O Hull City sustenta uma vantagem ampla na zona de acesso, mesmo com jogo a mais. Os Tigres vinham em queda e o rebaixamento na Championship passada como lanterna indicava uma retração maior, mas devem voltar rapidamente à segunda divisão. A equipe liderou a terceirona durante boa parte da temporada, contando com a melhor defesa e o melhor ataque da competição. O trio formado por Mallik Wilks, Josh Magennis e Keane Lewis-Potter garante muitos gols, com o apoio importante do meia George Honeyman.

Na segunda colocação, o Peterborough United é outro a manter certa estabilidade na zona de acesso direto e igualou a pontuação do Hull ao vencer nesta sexta. Os azuis disputam a League One pela oitava temporada consecutiva e este parece o momento de retornar à segundona. Jonson Clarke-Harris é o artilheiro da competição, bem assessorado por Sikiri Dembélé e Sammie Szmodics. De qualquer forma, o nome mais célebre é o de Darren Ferguson, filho de Sir Alex, que se aproxima das 500 partidas em suas diferentes passagens à frente do clube. Quem surge no páreo é o Sunderland, com bem mais holofotes em sua segunda tentativa de voltar à Championship. Os Black Cats ganharam novo dono, o magnata Kyril Louis-Dreyfus, e conquistaram o EFL Trophy, mas a campanha na League One é irregular e apenas nos últimos dois meses que o time entrou de vez na briga. O veterano Aiden McGeady é uma das referências, alimentando o artilheiro Charlie Wyke.

Mais abaixo a disputa é bem mais parelha, com destaque a Lincoln City, Blackpool e Portsmouth na atual zona dos playoffs, perseguidos por times tradicionais como o Charlton e o Ipswich. O Portsmouth vem batendo na trave, em sua quarta campanha na terceirona, após quatro duros anos na League Two. O Wigan, enquanto isso, é um dos ameaçados pelo descenso.

Hull City: cinco temporadas na elite, a última em 2016/17
Peterborough: nunca passou da segundona, cinco temporadas
Sunderland: 87 temporadas na elite, a última em 2016/17, seis títulos

Classificação fornecida por
O Estádio Macron, casa do Bolton

Quarta divisão inglesa

Três vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

O League Two conta com três acessos diretos e três times um pouco desgarrados na tabela. O grande favorito é o Cheltenham Town. É um clube costumeiro na Football League neste século, embora tenha passado recentemente pela Conference, a quinta divisão. Não disputa a terceirona desde 2008/09. Na segunda colocação, o Cambridge United já chegou a disputar a segunda divisão nos anos 1990, mas não sabe o que é a League One desde 2003/04, com direito a nove anos na Conference depois disso. Wes Hoolahan é uma figurinha carimbada na campanha atual. Já o clube mais tradicional na luta é o Bolton, que não faz muito tempo estava na Premier League, mas enfrentou sérios entraves administrativos e sofreu dois rebaixamentos seguidos, com uma campanha risível na League One passada. O curioso é que os Wanderers também começaram mal nesta League Two, mas embalaram no segundo turno e chegam forte nesta reta final. O elenco praticamente inteiro foi montado nesta temporada.

Correndo por fora, mas dentro da zona dos playoffs, aparecem Morecambe, Tranmere Rovers, Newport County e Forest Green Rovers. Ainda assim, há muitos postulantes a uma chance nesta reta final, incluindo tradicionais como Exeter City, Bradford City e Leyton Orient, além do ascendente Salford City – o time da ‘Classe de 92' do Manchester United.

Cheltenham Town: nunca passou da terceirona, quatro temporadas
Cambridge United: nunca passou da segundona, uma temporada
Bolton Wanderers: 74 temporadas na elite, a última em 2011/12

Classificação fornecida por
Torcedor do Hamburgo lamenta (Foto (Getty Images)

Segunda divisão alemã

Duas vagas diretas e outra para a repescagem contra o antepenúltimo da elite

A história da segunda divisão do Campeonato Alemão traz um mesmo enredo principal pela terceira temporada consecutiva: será que o Hamburgo sobe? Não parece tão simples, considerando os tropeços dos Dinossauros. O Hamburgo ocupa a terceira colocação, mas com jogos a mais – enquanto a liga enfrenta atrasos por causa de casos de COVID-19. O HSV começou a campanha muito bem, mas de novo sofre com as oscilações tão repetidas nas tentativas anteriores e tem feito um segundo turno fraco, com apenas três vitórias em 11 partidas. É bem possível que o drama se prolongue. O técnico Daniel Thioune se mantém no cargo desde o início do campeonato, o que já é um mérito pelo histórico recente. Além disso, os hamburgueses contam com jogadores rodados, incluindo o artilheiro Simon Terodde e o goleiro Sven Ulreich. Nem isso parece ser suficiente para garantir um pouco de tranquilidade.

Quem desponta na liderança é o Bochum, que faz um segundo turno muito consistente. Os alviazuis já foram figurinhas carimbadas na primeira divisão, com 34 aparições na elite, embora tenham virado um ioiô na virada do século e permaneçam na segundona desde 2010/11. O bom rendimento é garantido pela dupla formada por Simon Zoller e Robert Zulj, dois jogadores com muita experiência nas divisões de acesso. Já o técnico Thomas Reis possui uma ligação fortíssima com o clube, incluindo os tempos de jogador.

Vale dizer que o cenário é aberto, considerando os diferentes números de partidas disputadas entre os times. Há mais cinco clubes vivos no mínimo pelos playoffs. O mais forte deles é o Greuther Fürth, que passou pela Bundesliga faz quase uma década e conta com o bom momento do capitão Branimir Hrgota. Já uma história interessante é do Holstein Kiel, que eliminou o Bayern de Munique na Copa da Alemanha e está na semifinal da competição. Antigo campeão nacional, o clube da fronteira com a Dinamarca se reconstruiu a partir do futebol semiprofissional nas últimas décadas e, com um estilo ofensivo comandado pelo jovem Ole Werner (treinador de 32 anos), vinha forte até ser  atrapalhado por um surto de coronavírus. O ponta Fin Bartels é a figura mais conhecida. Heidenheim, Fortuna Düsseldorf e Karlsruher correm por fora.

Bochum: 34 temporadas na Bundesliga, a última em 2009/10
Hamburgo: 55 temporadas na Bundesliga, a última em 2017/18, seis títulos
Greuther Fürth: uma temporada na Bundesliga, em 2012/13, três títulos no antigo campeonato
Holstein Kiel: nenhuma temporada na Bundesliga, 15 participações na fase final do antigo campeonato, um título

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A fanática torcida do Dynamo Dresden

Terceira divisão alemã

Duas vagas diretas e outra para a repescagem contra o antepenúltimo da segunda

A terceira divisão do Campeonato Alemão vem de uma temporada curiosa, em que o título foi conquistado pelo Bayern de Munique II. A filial não pôde subir, conforme o regulamento, e desta vez corre risco de rebaixamento. Quem também pode cair é o tradicionalíssimo Kaiserslautern, em delicado momento financeiro, em sua terceira participação na terceirona. Já no topo da tabela, o momento é dos antigos clubes da Alemanha Oriental, perseguidos por outros bávaros.

O Dynamo Dresden lidera. Antiga potência do leste, o clube foi rebaixado à terceirona na temporada passada, mas apresenta ótimas condições de buscar o retorno imediato, com um elenco renovado. Christoph Daferner e Philipp Hosiner embalam a campanha no comando do ataque. Um ponto atrás aparece o Hansa Rostock, outro clube de peso da antiga Oberliga, que também é o time do lado oriental com mais aparições na elite desde a unificação do país. Os hanseáticos não disputam a segundona desde 2012. Completando a zona de acesso, o Ingolstadt apresenta estabilidade sob o apoio da Audi e tenta voltar à segundona depois de bater na trave na campanha passada. Quatro pontos atrás, o tradicionalíssimo Munique 1860 tenta se aproximar. Os celestes tiveram desmandos na gestão e caíram da segunda direto para a quarta por não pagarem sua licença. Agora, disputam a terceirona pelo terceiro ano consecutivo, escalando aos poucos.

Dynamo Dresden: quatro participações na Bundesliga, a última em 1994/95, oito títulos na antiga Oberliga oriental
Hansa Rostock: 12 participações na Bundesliga, a última em 2007/08, um título na antiga Oberliga oriental
Ingolstadt: duas participações na Bundesliga, a última em 2016/17
Munique 1860: 20 participações na Bundesliga, a última em 2003/04

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O time do Espanyol ( Juan Manuel Serrano Arce/Getty Images/OneFootball)

Segunda divisão espanhola

Duas vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

Faltando mais oito rodadas, a segunda divisão espanhola tem dois times bem mais próximos dos dois acessos diretos. E um deles é o Espanyol, tradicionalíssimo clube catalão que foi rebaixado na temporada passada após 25 anos na elite. Os Pericos permanecem com investimento chinês, o que ajudou a manter um elenco forte para a segundona. Raúl de Tomás é a principal liderança da equipe, com apoio de Adrián Embarba. Nomes como Diego López, Leandro Cabrera, Didac Vilà, David López e Sergi Darder dão uma experiência tremenda, assim como Wu Lei permanece no Cornellà, mas frequentando a reserva. O time se manteve na zona de acesso direto durante quase toda a campanha e sustenta uma sequência invicta desde fevereiro, abrindo uma vantagem de dez pontos na zona de acesso.

Outro que deve retornar de imediato é o Mallorca. Os baleares caíram logo após a volta à elite na temporada passada, mas atravessam um processo firme de reconstrução desde a terceira divisão e parecem capazes de almejar uma estadia mais ampla na primeira divisão. Entre os mandatários está ninguém menos que Steve Nash. Assim, os bermellones estabelecem parâmetros seguros para repetir uma sequência em La Liga, como foi na primeira década desse século. Assim como aconteceu no Espanyol, muitos jogadores que já integravam a equipe na elite continuam por lá, como os meio-campistas Salva Sevilla e Dani Rodríguez, bem como o capitão e goleiro Manolo Reina. Já o treinador é Luis García, que comandou Levante e Getafe na primeira divisão. O time está entre os dois primeiros colocados desde o meio do primeiro turno.

Ao que tudo indica, os concorrentes restantes ficarão mesmo nos playoffs. E também há um grupo mais tranquilo. Todos eles, aliás, com participações na primeira divisão durante a última década: Almería, Leganés, Sporting de Gijón e Rayo Vallecano. O Girona é quem mais demonstra ter capacidade para tirar a diferença, mas com um jogo a mais. Tal tendência contraria os últimos anos da segundona espanhola, quase sempre com um estreante para a elite ou um time que não subia faz tempo. Na zona de rebaixamento, o tradicional Albacete amarga a lanterna.

Espanyol: 80 temporadas na elite, a última em 2019/20
Mallorca: 28 temporadas na elite, a última em 2019/20

Almería: oito temporadas na elite, a última em 2014/15
Leganés: quatro temporadas na elite, a última em 2019/20
Sporting de Gijón: 42 temporadas na elite, a última em 2016/17
Rayo Vallecano: 18 temporadas na elite, a última em 2018/19

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O Depor no rebaixamento

Terceira divisão espanhola

Quatro vagas, definidas em um mata-mata

A terceira divisão do Campeonato Espanhol atravessa uma temporada de transição – das mais confusas em seu regulamento. Por conta das questões da pandemia e dos acessos de 2019/20, nada menos que 102 times disputam a mastodôntica liga, contra 80 até a edição anterior. Essas equipes se dividiram inicialmente por cinco chaves e cada uma delas ainda tinha dois subgrupos. Tudo para seccionar a disputa e também fazer as transformações. Na próxima temporada, esses 102 times se dividirão entre 36 equipes na nova terceira divisão, 36 aparecerão na próxima quarta divisão e 26 descem à quinta divisão. Os quatro que sobram são os que vão carimbar o acesso à segundona.

O sistema de disputa não é dos mais simples, também. Os 102 times passaram pela primeira fase. Na segunda, foram formados 15 grupos: cinco deles concentram a briga pelo acesso, cinco deles servem para definir quem vai continuar na terceira divisão e cinco deles para apontar quem pode cair até à quinta divisão nesta reformulada pirâmide. No fim das contas, no grupo principal, 16 equipes sobrevivem aos mata-matas de acesso. Serão confrontos únicos em campo neutro a partir das oitavas, até que os quatro semifinalistas alcancem a segunda divisão.

Por enquanto, a Terceirona Espanhola está na segunda fase. Assim, ainda não dá para apontar os favoritos ao acesso, já que os mata-matas podem mudar tudo. Nos cinco grupos com os concorrentes à promoção, avançam os três primeiros colocados e o quarto de melhor desempenho geral. Entre os clubes de melhor campanha até o momento, os mais tradicionais são Gimnàstic de Tarragona e Extremadura. Também estão presentes alguns que fizeram barulho na Copa do Rei recentemente – a exemplo de Alcoyano, Ibiza e Cultural Leonesa. Mas o grosso dos candidatos é composto por clubes acostumados às divisões de acesso ou filiais dos grandes, como Barça B e Real Madrid Castilla.

De qualquer maneira, o time que mais chama atenção está nos cinco grupos intermediários desta segunda fase – ou seja, aqueles que definem quem ficará na nova terceirona, mas não podem mais subir à segundona. E nesta barca que aparece o Deportivo de La Coruña. Os blanquiazules estão no Grupo 1, com seis times, em que os dois primeiros ficam na terceira divisão e os quatro últimos seguem para a reformulada quarta divisão. O Depor lidera a chave, onde tem a companhia de Numancia e Compostela, outros antigos oponentes na elite. Vale lembrar que os galegos enfrentam problemas econômicos há anos, embora indicassem ter um projeto sólido quando foram rebaixados na segundona passada. Quem também está nestes cinco grupos intermediários é o Racing de Santander, outro tradicional que sofreu muito com a má gestão, mas está na zona de permanência na terceirona. Hércules, Córdoba e Murcia podem ficar na quarta divisão.

E ainda há aqueles que correm o risco de cair à quinta divisão. O Recreativo de Huelva, que esteve na primeira divisão pela última vez em 2009, é um desses. Também estão ameaçadas as filiais de clubes tradicionais, incluindo o Atlético de Madrid B e o Valencia Mestalla – este, na lanterna de sua chave.

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Mario Balotelli com a camisa 45 do Monza (Imago/OneFootball)

Segunda divisão italiana

Duas vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

A Serie B do Campeonato Italiano costuma ser uma das divisões de acesso mais equilibradas. E esse cenário não muda muito na atual temporada, com o acesso direto aberto, restando mais cinco rodadas em disputa. Quem parece mais firme para voltar à Serie A é o Empoli, que abriu vantagem na liderança e conseguiu se desgarrar um pouco. Os Azzurri se acostumaram a disputar a elite nas últimas décadas e viraram um tradicional ioiô, com 13 participações na primeira divisão e seis rebaixamentos, o último deles em 2018/19. A equipe treinada por Alessio Dionisi conta com o destaque do atacante Leonardo Mancuso, enquanto o brasileiro Ryder Matos também dá sua contribuição na linha de frente. São 17 rodadas consecutivas do Empoli na primeira posição, com apenas uma derrota, apesar do excesso de empates (15 em 32 compromissos) que retardam a promoção.

A segunda colocação anda muito mais requisitada. O Lecce aparece um passo à frente no momento, depois de ser rebaixado na temporada passada e disparar durante as últimas rodadas. Os veteranos Massimo Coda, Marco Mancosu e Christian Maggio ajudam no bom momento. A Salernitana, que disputou a Serie A duas vezes, a última em 1998/99, também está por ali. Mais abaixo surge o tradicional Venezia, 12 vezes na primeira divisão, mas fora do topo do país desde 2001/02. A decepção, de qualquer forma, é o Monza. Os biancorossi nunca estiveram na Serie A, mas vêm com um projeto financiado por Silvio Berlusconi e um time dirigido por Cristian Brocchi, com direito a Kevin-Prince Boateng e Mario Balotelli à disposição. A equipe teve uma arrancada e chegou à vice-liderança no início de março, mas os resultados pioraram desde então. Pelo nível de investimento, esperava-se mais regularidade.

Vale lembrar que, na Serie B, além dos dois acessos diretos, seis times avançam aos playoffs. O terceiro e o quarto esperam nas semifinais, enquanto os outros quatro se pegam numa fase anterior, todos na luta pela última vaga na promoção. Entre os que tentam a subida pelos mata-matas aparecem Spal, Chievo e Cittadella. Já o rebaixamento pode levar o Pescara para a Serie C. Ascoli e Reggiana são outros ameaçados, enquanto Virtus Entella já caiu.

Empoli: 13 temporadas na elite, a última em 2018/19
Lecce: 16 temporadas na elite, a última em 2019/20
Salernitana: duas temporadas na elite, a última em 1998/99

Venezia: 12 temporadas na elite, a última em 2001/02
Monza: nunca passou da segundona, 45 temporadas
Spal: 19 temporadas na elite, a última em 2019/20
Chievo: 17 temporadas na elite, a última em 2018/19
Cittadella: nunca passou da segundona, 18 temporadas

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Cristiano Lucarelli, técnico da Ternana

Terceira divisão italiana

Dividida em três campeonatos regionais
Os três campeões conquistam o acesso direto
Já outros nove times (!) de cada chave, do segundo ao décimo, disputam um intrincado playoff, no qual se juntará o melhor 11° colocado das três ligas. Serão mais três fases nesta etapa extra da competição, tudo isso para decidir mais um mísero acesso entre 28 candidatos.

A Serie C foi a primeira competição na Itália a definir seu acesso. Festa da Ternana, há duas semanas, subindo de volta à segunda divisão. Os rossoverdi chegaram a disputar duas edições da Serie A nos anos 1970, mas estavam mais acostumados à Serie B, com 28 aparições. Longe do segundo nível desde 2018, retornam com uma campanha soberana no seu campeonato regional. O principal perseguidor era o Avellino, que ficou mais de 20 pontos para trás. Anthony Partipilo e César Falletti são os protagonistas em campo, mas ninguém com a aura do técnico Cristiano Lucarelli. Antigo atacante da seleção e com mais de 100 gols na Serie A, o veterano iniciou sua trajetória na casamata em 2012 e rodou por diferentes clubes nas divisões de acesso (incluindo o Livorno, onde é ídolo). Agora, registra seu maior feito aos 45 anos.

Nos outros dois campeonatos regionais que compõem a Serie C, ainda há indefinição. No Grupo B, o favorito é o Padova, mas não desfruta de uma posição tão confortável. Os Patavini são comandados pelo experiente Andrea Mandorlini, que foi campeão romeno pelo Cluj em 2010. Seu filho, Matteo Mandorlini, é o capitão. Na briga pelo acesso direto nesta chave também estão o Südtirol (que busca um feito inédito) e o Perugia (que tem seus feitos até na Serie A). Já o Grupo A tem na ponta o Como, que precisou se reconstruir na Serie D recentemente. Também tentam subir os tradicionais Alessandria (que não joga a Serie B desde 1975, além de ter uma história na Serie A) e Pro Vercelli (dono de sete títulos nacionais, que até disputou a Serie B recentemente, mas não pinta na Serie A desde 1935).

No restante da Serie C, a quantidade de times lutando pelos playoffs é imensa. Inclui tradicionais como Novara, Triestina, Modena, Avellino, Bari, Catania, Foggia e Palermo. Já entre os que podem ser rebaixados, o caso mais dramático é o do Livorno, que tomou uma punição de oito pontos por problemas financeiros e está na lanterna do Grupo A.

Ternana: duas temporadas na elite, a última em 1974/75

Como: 13 temporadas na elite, a última em 2002/03
Alessandria: 24 temporadas na elite, a última em 1959/60
Pro Vercelli: 24 temporadas na elite, a última em 1934/35

Padova: 26 temporadas na elite, a última em 1995/96
Südtirol: nunca passou da terceirona, 11 temporadas
Perugia: 13 temporadas na elite, a última em 2003/04


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Os jogadores do Paris FC (Photo by Eric Feferberg / AFP)

Segunda divisão francesa

Duas vagas diretas e outra nos playoffs de acesso

Faltando seis rodadas, a Ligue 2 não vê nenhum time tão garantido assim na busca pelas duas vagas diretas. Sete pontos separam o primeiro colocado do quinto. A liderança é do Troyes, que vem sendo um ioiô na Ligue 1 desde a última década e disputou a primeira divisão pela última vez em 2017/18. O time, no entanto, tem conseguido se sustentar nas duas primeiras colocações desde meados do primeiro turno, quase sempre na ponta da tabela. Logo abaixo aparece o Clermont Foot, que busca o acesso inédito. A equipe se acostumou a fazer boas campanhas na segundona durante os últimos anos, com um trabalho longo do técnico Pascal Gastien.

A camisa mais pesada na briga é do Toulouse, que passou quase duas décadas ininterruptas na Ligue 1 até a queda na temporada passada. Apesar da tradição, a diretoria não arriscou muito e baixou o nível de seu elenco para a segundona. O Grenoble Foot tem aparições esporádicas na elite, com sua última temporada em 2010, mas vem perdendo fôlego na campanha atual. Mas a decepção por enquanto é o Paris FC, que passou a receber investimento do governo do Bahrein. O time liderou o início do campeonato, mas chegou a deixar até a zona dos playoffs diante de uma sequência ruim e só agora se recupera. O experiente René Girard (comandante do Montpellier no título de 2011/12) é o técnico dos parisienses, que são uma dissidência do PSG e não disputam a elite desde 1979.

Correndo por fora pelos playoffs ainda há os adormecidos Auxerre e Sochaux, dois clubes tradicionais na elite. Vale lembrar que apenas três times da Ligue 2, do terceiro ao quinto, disputam os playoffs. O antepenúltimo da Ligue 1 também entra na briga para tentar a salvação. Na zona de rebaixamento da Ligue 2, quem pode cair é o Guingamp, que era figurinha carimbada na elite até poucos anos atrás e conquistou duas vezes a Copa da França neste século.

Troyes: 17 temporadas na elite, a última em 2017/18
Clermont: nunca passou da segundona, 18 temporadas
Toulouse: 32 temporadas na elite, a última em 2019/20
Grenoble: quatro temporadas na elite, a última em 2009/10
Paris FC: três temporadas na elite, a última em 1978/79

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Hearts subiu na Escócia (Foto: Divulgação)

Outras ligas

Alguns clubes tradicionais já retornaram à elite em outros países. A primeira a subir foi a Union Saint-Gilloise, dona de 11 títulos no Campeonato Belga, que não aparecia na primeira divisão desde 1973. Paralelamente, o Seraing tentará a promoção inédita contra o penúltimo colocado da elite. Já na Escócia, o Hearts voltou de imediato após a queda na temporada passada. O clube de Edimburgo tem quatro títulos e 118 aparições na primeira prateleira do Campeonato Escocês. Outro time legal a ponto de subir por lá é o Queen’s Park, a primeira potência local, que lidera com sobras a quarta divisão e pode voltar à terceirona após três anos. O clube, que em 2019 abriu mão do status amador que sustentava durante 152 anos e também deixou o Hampden Park, não joga a primeira divisão desde 1958.

A Eredivisie deve contar com a volta do Cambuur, líder com sobras, que esteve na elite até 2016. O De Graafschap caiu no mesmo ano e é o favorito à segunda vaga. Na luta ao menos pelos playoffs também estão Almere City, NAC Breda, Go Ahead Eagles, NEC, Volendam e Roda JC. O Estoril é o favorito para voltar no Campeonato Português, após cair em 2018. O Vizela (que só disputou a elite uma vez, em 1984/85) vem em segundo, perseguido pela Académica de Coimbra, que busca o acesso desde 2016/17. Chaves, Feirense e Arouca também rondam as duas vagas de acesso direto, bem como o lugar nos playoffs contra o antepenúltimo da elite. E a terceira divisão lusitana ainda reúne camisas pesadas como União de Leiria, Estrela da Amadora e Vitória de Setúbal. Os três estão na mesma chave da segunda fase e só o melhor subirá.

Classificação fornecida por

Maior campeão nacional, o Dinamo Tirana é o segundo colocado na segundona e está na briga para retornar à elite no Campeonato Albanês, desde 2012/13 longe da primeira divisão. O Lokomotiv Sofia, quatro vezes campeão da liga búlgara, está na zona de acesso à primeira divisão e pode voltar após se reconstruir na terceirona a partir de 2016. O Campeonato Tcheco pode ter a volta do Hradec Králové, campeão em 1960, ainda que recentemente na elite. Já a segundona dinamarquesa vê a briga do Esbjerg, campeão cinco vezes que caiu na temporada passada.

A segunda divisão do Campeonato Húngaro pode ver o retorno do Debrecen, dono de sete títulos neste século, que enfrentou dificuldades financeiras nos últimos anos. Quem pode subir junto é o Vasas, de seis taças no passado, além de seis títulos na antiga Copa Mitropa e uma semifinal de Champions. Os bastiões da liga não jogam na primeira desde 2018. A terceirona polonesa vê na briga o GKS Katowice, time com uma história notável na elite. Já a segundona guarda vida mais difícil ao Widzew Lodz, de quatro troféus no campeonato. O Arka Gdynia, que levou a copa recentemente, é outro na corrida.

O hexagonal final da segunda divisão na Romênia é liderado pelo Rapid Bucareste, de três títulos nacionais. Também está na briga a U Craiova 1948, permanece na elite. Na Rússia, Krylia Sovetov Samara e Orenburg são os favoritos pelo acesso, com o Nizhny Novgorod (em busca da estreia) acompanhando de perto. O tradicional Torpedo Moscou, dono de três títulos soviéticos, briga ao menos pelos playoffs, fora da elite desde 2015. Ainda pode rolar a volta do Baltika Kaliningrado, mais de 20 anos longe da Premier League Russa. Na Ucrânia, quem está no páreo é a reencarnação do Metalist Kharkiv, que fechou as portas em 2016 por dificuldades em meio à guerra civil. O Chornomorets é outro tradicional que pode subir.

A segundona do Campeonato Suíço é dominada pelo Grasshopper, recordista em títulos no país. O time caiu em 2019, após 70 anos ininterruptos na elite. Abaixo aparecem Thun e Aarau, outros competidores costumeiros na primeira prateleira. Por fim, na Turquia, há uma briga parelha pelas duas vagas diretas envolvendo Giresunspor, Adana Demirspor, Samsunspor, Altay, Istanbulspor e Altinordu, separados por cinco pontos. O líder Giresunspor está fora da elite desde 1977 e todos os perseguidores não jogam a primeira divisão há pelo menos nove anos. Mas chama até mais atenção o desempenho modesto do Bursaspor, campeão nacional em 2010, além do rebaixamento já consumado do Eskisehirspor, outro clube bastante tradicional.

Classificação fornecida por

Nos níveis mais abaixo das cinco grandes ligas, o Viktoria Berlim subiu à terceira divisão alemã com o fim antecipado do campeonato em sua região. O tradicional clube da capital, duas vezes campeão no início do Século XX, ainda depende da licença para a terceirona para consumar o feito após quatro décadas. Quem também é candidato a subir na quarta divisão é o Borussia Dortmund II, líder de sua tabela regional com certas sobras.

e foi dissolvido por conta dos problemas financeiros.

Na Espanha, com toda a bagunça de reformulação, a nova quarta divisão pode ter na próxima temporada o Europa, clube catalão que participou das primeiras edições da La Liga. Pela Serie D da Itália, a atenção fica para a briga pelo acesso em um dos grupos entre o ACR Messina (refundação do tradicional Messina) e o FC Messina. Já a terceira divisão francesa tem o Bastia bem próximo de subir, ao lado do Quevilly-Rouen. O Red Star Paris tenta alcançar os playoffs.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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