Brasileirão Série A

Há um turno, Botafogo e Grêmio eram distantes; hoje, Tricolor ameaça um Glorioso em pane

Botafogo e Grêmio se reencontram em confronto direto exatamente quatro meses depois da vitória que fez o Alvinegro Carioca abrir 10 pontos na liderança do Campeonato Brasileiro

Há exatamente quatro meses, no dia 9 de julho, Grêmio e Botafogo duelaram pela 14ª rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Apesar da superioridade do Tricolor Gaúcho, o Alvinegro Carioca contou com grande atuação de Lucas Perri e com a efetividade de Eduardo e Carlos Alberto para vencer por 2 a 0 em Porto Alegre e abrir, àquela altura, 10 pontos de vantagem na liderança.

Muita coisa mudou desde então. E o que parecia improvável, aconteceu. O confronto da noite desta quinta-feira (9), às 20h, em São Januário, no Rio de Janeiro, é direto na briga pelo título do Brasileirão. Com 59 pontos, o Botafogo, ainda líder, mas em queda livre, encara o Grêmio, 4º colocado, com 56 pontos, em franca ascensão.

Para projetar esse duelo, a Trivela traz uma retrospectiva do que de principal aconteceu com as duas equipes desde o encontro na Arena do Grêmio. Todos caminhos levaram a um dos jogos mais aguardados do Campeonato Brasileiro de 2023.

Há quatro meses, Botafogo venceu o Grêmio e abriu dez pontos de vantagem sobre o Tricolor (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

O que aconteceu com o Botafogo

Naquele momento, há quatro meses, o Botafogo vivia um dos seus melhores momento no Campeonato Brasileiro. Sob o comando do interino Cláudio Caçapa, o time conquistou três vitórias seguidas na competição – todas com uma time muito intenso e efetivo. Depois, com a chegada de Bruno Lage, o Botafogo passou por uma certa instabilidade, mas, ainda assim, terminou o turno com incríveis 47 pontos – o melhor primeiro turno da história do Brasileirão de pontos corridos com 20 clubes. Além disso, o Glorioso terminou a primeira parte do Brasileiro com 13 pontos de vantagem sobre o próprio Grêmio, então vice-líder da competição.

No entanto, no começo do returno, os problema do Botafogo já começar a aparecer. Em meio a disputa da Copa Sul-Americana, Bruno Lage intensificou o rodízio no elenco alvinegro. Claramente deixando a competição continental em segundo plano, o que frustrou parte da torcida, o Botafogo acabou eliminado nas quartas de final para o Defensa y Justicia. A derrota para os argentinos no jogo de volta, depois de um empate no Nilton Santos, terminou com uma invencibilidade que já durava 19 jogos.

A partir dali, o Botafogo passou por sua primeira e última crise com Bruno Lage. Logo em seguida, o Glorioso foi derrotado pelo Flamengo, em pleno Nilton Santos, acabando com o 100% de aproveitamento que o clube tinha no “tapetinho” no Brasileiro. Depois do clássico, Bruno Lage chegou a dizer que estava deixando o cargo à disposição da diretoria e abandou a coletiva de imprensa, reclamando de uma suposta pressão que estava sofrendo.

Pouco depois, ainda durante aquela madrugada, o português confirmou que ficaria no clube, mas criou uma crise desnecessária. E não conseguiu reverter a situação. O Botafogo perdeu os dois jogos seguintes, ambos fora de casa. No retorno ao Nilton Santos, o time, que começou o jogo sem o artilheiro Tiquinho Soares, barrado por Bruno Lage, ficou apenas no empate com o Goiás. O português saiu vaiado pela torcida e foi criticado internamente por ter deixado no banco o principal atacante do clube. Os próprio jogadores cobraram a diretoria e, no dia seguinte, Bruno Lage foi demitido. Naquele momento, a diferença para o vice-líder Red Bull Bragantino era de sete pontos.

Botafogo viu grande vantagem que tinha sobre os rivais diminuir nas últimas quatro rodadas do Brasileiro (Foto: Icon sport)

Com o apoio dos jogadores, o auxiliar técnico Lúcio Flávio virou interino e, depois da vitória sobre o Fluminense, foi efetivado no cargo. Na rodada seguinte, uma nova vitória sobre o América-MG parecia ter tranquilizado o clima no Botafogo. Mas não passou de ilusão. O time emendou quatro jogos sem vencer, incluindo três derrotas seguidas e uma virada histórica sofrida no confronto direto com o Palmeiras. Neste período, em meio a polêmicas extracampo, queda de rendimento de alguns dos principais jogadores do time e abalo emocional, o Botafogo viu o Palmeiras tirar uma diferença de 14 pontos. Agora, novamente contra o Grêmio e pressionado pela própria torcida, o Glorioso tenta reencontrar o rumo das vitórias e seguir na liderança do Brasileiro.

O que aconteceu com o Grêmio

A derrota em casa para o Botafogo, há quatro meses, fez o Grêmio enxergar a Copa do Brasil como única possibilidade concreta de título. Até porque, três dias depois, o Tricolor Gaúcho chegou à semifinal após passar pelo Bahia nos pênaltis.

Porém, em meio a especulações sobre saída e/ou aposentadoria de Luis Suárez, o Grêmio não foi páreo para o Flamengo. Amplamente dominado no jogo de ida, em que perdeu por 2 a 0 em Porto Alegre, o Tricolor Gaúcho foi derrotado novamente, por 1 a 0, no Rio de Janeiro.

Suárez ficou, com término de contrato antecipado até o final deste ano. Por outro lado, o motorzinho do time, Bitello, foi vendido para o Dínamo Moscou, da Rússia. E os reforços que chegaram na janela de transferências do meio do ano pouco agregaram. Exceção feita, talvez, a Lucas Besozzi, que depois de um início tímido parece estar ganhando confiança.

O Grêmio viveu oscilações no Campeonato Brasileiro. Ficou quase quatro meses sem ganhar fora de casa. Recentemente sofreu três derrotas seguidas, incluindo uma no clássico Gre-Nal em que Renato não concedeu entrevista coletiva. Ainda assim, e mesmo sem jogar bem, o Tricolor Gaúcho se recuperou. Vem de quatro vitórias consecutivas, carregado por um Suárez que vai deixar muita saudade.

Somado a isso, o que Renato alertou aconteceu: o Botafogo decaiu. Deu margem para os adversários, inclusive o próprio Grêmio, chegarem. O que era um sonho distante, já não é tanto assim.

— Acreditar a gente tem que acreditar. Lógico que eu acredito. Hoje estamos a três pontos do Botafogo. Eu sei que o Botafogo tem jogo a menos, mas eles têm que ganhar. […] Mantivemos o nosso sonho vivo. É difícil, mas nada impossível. Importante é continuarmos vencendo jogos. Ver o que acontece nos jogos deles, até porque temos o confronto direto na quinta-feira — comentou o treinador do Grêmio após a última vitória, sobre o Bahia.

 

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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