Botafogo: Bruno Lage reclama de pressão e coloca cargo à disposição, mas segue no clube
Após derrota para o Flamengo, Bruno Lage surpreendeu, indicou que pode deixar o Botafogo e abandonou coletiva
O Botafogo viveu uma noite caótica em meio da disputa do título do Campeonato Brasileiro. Após a derrota para o Flamengo, na noite deste sábado, o técnico Bruno Lage reclamou da pressão sofrida neste período em que está no cargo e afirmou que estava colando o cargo à disposição da diretoria do clube. Ele não deixou claro se era um pedido de demissão e abandonou a entrevista coletiva. No entanto, ainda no começo da madrugada o clube conseguiu contornar a situação e o português vai seguir no cargo.
– Sinto que sobre essa coisa de só olharem para o meu percurso no Botafogo acho que é muita pressão nos meus jogadores e isso não admito. E só há uma forma de libertar dessa pressão. Estou aqui perante vocês, não conversei com ninguém, pensei aqui e estou colocando o meu cargo à disposição do diretor, da administração. Tenho contrato com o Botafogo até dezembro. Não posso permitir que a pressão sobre mim seja exercida sobre meus jogadores. Isso minimamente tem que ser extirpado – afirmou Bruno Lage logo no começo da curta coletiva.
– Eu tenho contrato com o Botafogo até dezembro, é muito dinheiro de salários, tenho prêmios que já estão praticamente garantidos por ir à Libertadores. Tem o prêmio de campeão, mas não tenho nenhum problema de abdicar disso, porque não sou guloso pelo dinheiro. O que não posso permitir é que a pressão que está sendo exercida sobre mim seja exercida sobe meus jogadores. É isso que eu tenho para dizer. Meu lugar está à disposição de quem manda, sem qualquer outra coisa para dizer. Boa noite, obrigado – finalizou o técnico português, deixando a sala de imprensa.
Fala de Bruno Lage surpreendeu funcionários e dirigentes
Como o próprio Bruno Lage afirmou, ele não havia comentado sobre o desejo de colocar o cargo à disposição com ninguém. O seu discurso logo no começo da coletiva surpreendeu os funcionários da comunicação do Botafogo e até mesmo o diretor de futebol André Mazzuco. O dirigente estava presenta na sala de imprensa e deixou o local logo após Bruno Lage também sair da sala. Questionando iria se pronunciar sobre a fala do técnico português, Mazzuco apenas negou e seguiu para fora da sala.
Bruno Lage demorou para aparecer na sala de imprensa e começar a coletiva. Na primeira pergunta, ele foi questionado sobre a estratégia para o jogo com o Flamengo e as escolhas por JP na lateral-direita e Segovinha no ataque. Ele começou comentando sobre o clássico ter sido disputado no sábado e também reclamou da arbitragem de Raphael Claus nesta noite. Só, então, ele passou a falar sobre o jogo, suas decisões e suposta pressão que vem sofrendo.
– Quando eu vim para cá, uma experiência que tenho na vida é olhar para um todo e perceber como eu posso melhorar, falando com os jogadores, que têm sido brilhantes. Conversamos como pode ser feita a evolução da equipe. E uma das coisas é sermos uma equipe que controlasse melhor o jogo com a bola e ser uma equipe que pressiona mais. E é esse caminho que estamos tomando – disse Lage.
– Desde o jogo contra o Santos, quando tive a oportunidade de ter todos jogadores disponíveis juntos? As mudanças de hoje foram por decisões. Não foi por isso que não ganhamos. Acho que fomos muito melhores que o nosso adversário. Levamos um gol no início, buscamos o empate. Tivemos várias outras oportunidades. Mas depois tomamos um gol, que acho que foi falta no Tchê Tchê – completou o treinador.
Bruno Lage reclama de clima de “campeão” no Botafogo
Depois de falar sobre o “campo e bola”, Lage, então, começou o discurso que terminou com ele colocando o cargo à disposição da diretoria do Botafogo.
– Mas desde o primeiro jogo sou questionado em tudo. O Botafogo já está campeão. Se houver qualquer coisa no caminho, foi você que estragou. Essa pressão existe desde o primeiro dia, e eu aguento. Desde o primeiro jogo não pude contar com Cuesta e Eduardo e fui criticado. Vai haver sempre essa coisa do que o Bruno Lage está a fazer. Por que eu vim? Eu vim porque o treinador que estava aqui aceitou outro projeto. Supostamente saiu daqui campeão. Assim sinto os torcedores, que já estão no modo campeão. E querem encontrar um indivíduo caso a equipe não seja campeão. Eu aguento essa pressão de forma natural. Eu sabia disso – disse o português.