Brasileirão Série A

Como o Botafogo perdeu uma incrível vantagem de 14 pontos para o Palmeiras em menos de um mês

Depois de abrir grande vantagem na liderança do Brasileiro, o Botafogo viu o Palmeiras empatar em pontos e a sua liderança ser ameaçada em meio a abalo emocional, polêmicas extracampo e má fase de destaques do time

Há menos de um mês, quando o Botafogo venceu o América-MG, no Independência, parecia que, depois de um momento de instabilidade, o Glorioso voltava aos trilhos e iniciava a contagem regressiva para o título do Campeonato Brasileiro. Mas, depois daquele 18 de outubro, muita coisa mudou. Os 14 pontos de vantagem que o Glorioso tinha para o Palmeiras sumiram. E, agora, o Botafogo vê o liderança do Brasileirão mais ameaçada do que nunca.

Com o revés no clássico com o Vasco, na última segunda-feira, em São Januário, o Botafogo chegou a quatro jogos sem vencer, sendo três derrotas seguidas. Além dos resultados ruins, que incluem uma virada histórica do próprio Palmeiras, o clube passou por polêmicas extracampo, principalmente com a arbitragem e a CBF. Enquanto isso, visivelmente abalados, os jogadores não conseguem corresponder como em outros momentos do Brasileiro.

Os problemas do Botafogo começaram no maluco empate com o Athletico-PR, que começou na noite do dia 21 outubro e só terminou na tarde do dia seguinte, devido aos apagões que aconteceram no Nilton Santos. Em um imbróglio até hoje mal explicado, o clube e a Light, concessionária de energia do Rio de Janeiro, empurraram a responsabilidade um para o outro.

E a falta de energia no Nilton Santos acarretou no adiamento da partida contra o Fortaleza, que estava marcado para dois dias depois, em 24 de outubro. O clube se sentiu prejudicado com o adiamento da partida – com certa razão, pois a CBF rasgou dois artigos do seus regulamento com suas decisões -, e chegou a acionar o STJD para tentar manter a partida na data original. Mas, pela proximidade da data e pela desmobilização do Fortaleza, o Tribunal confirmou o adiamento, fazendo o clube ficar com um jogo a menos e, assim, sentir ainda mais a pressão dos adversários que o perseguiam.

Apesar da insatisfação com o adiamento do jogo com o Fortaleza, o Botafogo teve mais tempo para se preparar para o duelo com o Cuiabá, novamente no Nilton Santos. Mas nem este período a mais para trabalhos internos fez o time de Lúcio Flávio voltar a jogar bem. O Botafogo chegou a criar (muitas) oportunidades, mas falhou na pontaria e parou em uma noite inspirada do goleiro Walter. Para piorar, sofreu o gol em uma falha incomum do goleiro Lucas Perri, que se somou aos muitos problemas individuais que o Botafogo vem tendo neste segundo turno, como as quedas de rendimento de Tiquinho Soares, Eduardo e Marlon Freitas.

O gol do Cuiabá, vale ressaltar, foi marcado de forma irregular, após um toque no braço do atacante Isidro Pitta, o que, é claro, gerou mais reclamações do Botafogo em relação a arbitragem. Dessa vez, justas e compreensíveis, mas que acabaram fortalecendo um discurso um tanto quanto exagerado de “contra tudo e contra todos” por parte do próprio clube.

Botafogo levou virada do Palmeiras depois de abrir 3 a 0 no primeiro tempo (Foto: Icon sport)

Virada histórica do Palmeiras abalou emocional do Botafogo

Enquanto o Botafogo patinava no Brasileiro, o Palmeiras iniciou uma sequência de vitórias que fez o duelo entre os dois clubes, na última semana, virar praticamente uma final. Para o Glorioso, era a chance de voltar abrir nove pontos e praticamente tirar o Verdão da disputa do título. Já para os paulistas, era a chance de diminuir a distância para três pontos.

Mas, pior do que a derrota, a virada épica do Palmeiras abalou o lado emocional do Botafogo. No Nilton Santos, o time de Lúcio Flávio fez um dos seus melhores tempos em uma partida neste Brasileirão. Eficiente e com uma intensidade que há muito não se via, o Botafogo fez 3 a 0 no primeiro tempo e poderia ter conseguido uma goleada ainda maior.

Mas a etapa final foi uma tragédia. Logo no começo, em uma jogada que se originou em uma nova falha de Lucas Perri, Endrick descontou. O Palmeiras passou a dominar a partida, mas o Botafogo ainda conseguiu se segurar. Mesmo depois da exagerada expulsão de Adryelson, o Glorioso ainda suportou a pressão adversário. E não só isso. Em pênalti polêmico, Tiquinho Soares teve a chance de fazer 4 a 1 aos 38′. Mas o camisa 9 desperdiçou a cobrança, o que pareceu ter abalado o time. Em 11 minutos, o Palmeiras buscou uma incrível virada por 4 a 3 e encostou de vez no Botafogo na tabela de classificação.

Depois do jogo, entre muitas reclamações com a arbitragem pela expulsão de Adryelson, John Textor, dono da SAF do Botafogo, que estava presente no Nilton Santos, emulou os tradicionais dirigentes brasileiro e acusou a CBF de corrupção e o árbitro de roubo. Sem provas, é claro. As declarações geraram uma suspensão preventiva do STJD.

O clima depois da derrota para o Palmeiras foi o pior possível. Abalados, os jogadores optaram por não falar na zona mista. Além disso, enfurecidos com a arbitragem, dirigentes e funcionários do clube fizeram um papelão ao pressionar o árbitro na descida para o vestiário. E até mesmo uma leve provocada dos jogadores do Palmeiras acabou em discussão nos corredores do Nilton Santos.

Derrota em clássico com o Vasco tem time apático

Na última segunda-feira, o Botafogo teve a chance de tentar se recuperar no clássico com o Vasco, que luta contra o rebaixamento. E, mais uma vez, no começo do jogo o time de Lúcio Flávio deu a impressão de que faria um boa partida. Com mais intensidade, mesmo jogando em São Januário, o Glorioso pressinou o Vasco nos minutos iniciais. Mas, sem criatividade e mais uma vez com Eduardo e Tiquinho Soares em baixa, o Botafogo praticamente não ameaçou o gol de Léo Jardim.

Aos poucos, o Vasco saiu para o jogo e conseguiu abrir o placar em lance em que Marçal foi mal e Bastos, sem ritmo, foi facilmente driblado. E, mais uma vez, o gol do adversário abalou o ânimo do time. Se vinha minimamente buscando o jogo, o Botafogo praticamente parou de jogar nos últimos 15 minutos do primeiro tempo. Para piorar, no segundo tempo o técnico Lúcio Flávio mexeu mal no time, recuando Danilo Barbosa e, depois, tirando Júnior Santos para a entrada de Segovinha. Sem poder de reação, o time não conseguiu criar boas oportunidades para nem sequer buscar o empate. Em um chance na área, Tiquinho Soares até furou a bola de forma poucas vezes vistas.

Em má fase, Tiquinho Soares vai desfalcar o Botafogo contra o Grêmio (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Com mais uma derrota, o Botafogo viu o Palmeiras empatar nos 59 pontos e o Red Bull Bragantino encostar com 58. Para completar, o Grêmio, adversário da próxima quinta-feira (9), às 20h (horário de Brasília), pela 33a rodada do Campeonato Brasileiro, novamente em São Januário, também se aproximou e tem apenas três pontos a menos.

Como o Palmeiras entra em campo um dia antes, na quarta-feira (8), contra o Flamengo, e o Red Bull Bragantino enfrenta o São Paulo no mesmo dia, é possível que o Botafogo entre em campo na quinta-feira na 3a colocação do Brasileirão. O que só aumentaria ainda mais a pressão sobre um time que tem mostrado não saber lidar com este momento decisivo do Campeonato Brasileiro. Contra o Grêmio, o time de Lúcio Flávio vai ter mais uma chance para mostrar o contrário e tentar se manter na liderança da competição.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel Rodrigues

Gabriel Rodrigues é jornalista formado pela UFF e soma passagens como repórter e editor do Lance!, Esporte News Mundo e Jogada10.
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