Brasileirão Série A

Textor reforça ‘euricada’ e quer ‘botar fogo’ em briga com a CBF

Depois de atacar arbitragem e pedir a renúncia do presidente da CBF, John Textor, dono da SAF do Botafogo, segue com postura de cartolas da década de 1990

Há menos de dois anos no futebol brasileiro, John Textor, dono da SAF do Botafogo, parece já ter entendido como algumas coisas funcionam no país. Apesar da expectativa de que os clube-empresas geridos por donos estrangeiros fossem trazer mais “profissionalismo” ao esporte no Brasil, o que se viu na última quarta-feira, após a derrota para o Palmeiras, no Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro, foi um puro suco do tradicional futebol nacional. Textor agiu como um dirigente brasileiro “raiz”, com acusações infundadas contra um inimigo invisível e jogando para a torcida alvinegra. Agora, processado pela CBF, ele dobrou a aposta e pretende “botar fogo” nessa história. 

– Nossas ambições são claras pelo nosso nome… BOTAFOGO. Estou profunda e apaixonadamente dedicado nas comunidades que sirvo. Meu amor pelas pessoas do Brasil cresce forte a cada abraço. Eu fui convidado aqui, por pessoas sábias no nosso governo, para ajudar a trazer mudança para o bonito jogo do Brasil e eu não vou recuar quando desafiado por pessoas em posição de poder que vão fazer de tudo, e falar de tudo, para se prender ao poder. Nós somos BOTAFOGO. Eu estou aqui para botar fogo – diz um comunicado do presidente publicado nesta sexta-feira (3). 

Por mais que tivesse certa razão na sua reclamação sobre a exagerada expulsão do zagueiro Adryelson, John Textor se aproveitou da sua posição e do seu status para usar o microfone do Premiere, que transmitia a partida contra o Palmeiras, para “euricar”. Com falas e atitudes que deixaram o histórico dirigente do Vasco orgulhoso, Textor esbravejou contra a CBF, o presidente Ednaldo Rodrigues, e acusou a arbitragem e a entidade de corrupção e roubo. Tudo isso sem provas, é claro. 

Além disso, ainda mostrou certa empáfia ao dizer que não poderiam o tirar do Nilton Santos porque o estádio era “dele”. Dono da SAF, do Botafogo, ele circulou pelos corredores dos vestiários enquanto o staff do clube pressionava a saída da arbitragem do campo. Depois, na zona mista, ele reforçou as críticas à CBF e a arbitragem, enumerando possíveis erros da arbitragem contra o Botafogo durante o Campeonato Brasileiro. 

As acusações, é claro, não foram bem recebidas pela CBF. Ainda na quinta-feira, a entidade entrou com um processo contra o americano. Em uma nota sobre Ednaldo Rodrigues ter assumido uma vaga no Conselho Permanente da FIFA, a CBF mandou uma “indireta” para Textor, ao dizer que “há dois anos a CBF não tem seu nome estampado em páginas de denúncias e escândalos”.

Associação de árbitros vai ao STJD contra Textor

A Associação de Árbitros de Futebol do Brasil (Abrafut) respondeu às acusações de John Textor à altura. Em nota, a instituição disse que vai notificar a infração do presidente do clube carioca ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

– “Isso é corrupção, isso é roubo” essa foi a frase dita por um presidente de um grande clube de futebol do Brasil, Botafogo. Mais um episódio, mais uma acusação séria, grave e leviana vinda de uma figura que tem visibilidade no esporte e que usou sua voz para desmerecer e invalidar o trabalho limpo, honesto, baseado em regras devidamente obedecidas dentro de campo, prejudicando o rendimento de um mercado do qual ele mesmo faz parte – diz um trecho do pronunciamento da Abrafut, publicado na última quinta-feira. 

Além de mostrar sua revolta com as falas de Textor, a Abrafut não perdeu a oportunidade de alfinetar o mandatário da equipe alvinegra. A associação citou um momento específico, no qual o presidente se dirigiu ao grupo de profissionais de arbitragem fazendo um gesto muito usado no Brasil para indicar a contagem de dinheiro em notas. 

– Temos a imagem de John fazendo um sinal com as mãos, popularmente conhecido como ganho em dinheiro, apontando para a equipe de arbitragem. Provavelmente ele estava sugerindo que os árbitros teriam recebido ilicitamente para um resultado antagônico ao que já era previsto para o presidente. Deixou de levar em consideração o que realmente de fato culminou sua inesperada e frustrante derrota: a falha de seus próprios jogadores. Seria mais fácil achar um culpado do que admitir um fracasso? – acrescentou.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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