Brasileirão Série A

Esses são os motivos que fizeram o VAR expulsar Adryelson, do Botafogo, na derrota diante do Palmeiras

Conversa entre VAR e árbitro do jogo entre Botafogo e Palmeiras mostra que foi considerada a regra da chance clara de gol para expulsar Adryelson

A gigante e histórica virada do Palmeiras em cima do Botafogo na última quarta-feira (1) teve aspectos que renderam assunto além do inusitado placar de 4 x 3. O principal motivo, causa da ira do presidente clube carioca, John Textor, foi o cartão vermelho sofrido pelo zagueiro Adryelson aos 25 minutos do segundo tempo, após dividida com Breno Lopes na lateral, quando o Glorioso ainda tinha a vantagem de dois gols. Nesta quinta (2), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou o áudio da comunicação entre o VAR e o árbitro da partida que resultou na expulsão do jogador, revelando os motivos para a decisão.

No campo, o árbitro Braulio da Silva Machado marcou a falta, sem cartão amarelo. O VAR do jogo, Rafael Traci, com ajuda do auxiliar da cabine de vídeo 2, Diego Pombo Lopez, entendeu que o lance tinha os quatro elementos analisados para definir uma chance clara (chamada por juízes de DOGSO) pela regra do futebol: domínio da bola, direção do gol, distância do gol e posição dos adversários. Por isso, recomendou que Braulio fosse ao vídeo para um possível cartão vermelho.

Na cabine, Traci mostra o momento do contato de Adryelson em Breno, argumentando que o jogador palmeirense teria direção e distância para o gol e domínio da bola, além de não contar com defensores adversários por perto. Braulio concorda com o árbitro de vídeo, também afirmando que Breno Lopes ainda tinha a opção de passe para Rony.

Confira o diálogo completo entre Braulio da Silva Machado e Rafael Traci:

Traci (VAR): Tá, a falta está confirmada. Não tem direção ainda, apesar de não ter mais defensor.
Diego Pombo (AVAR2): Traci, para mim tem configuração
Traci: Para mim tem a configuração dos quatro elementos. Tem direção, tem posse, não tem defensores e tem domínio
Diego Pombo: O atleta mais próximo é um companheiro dele
Traci: Exatamente.
Diego Pombo: Perfeito. Para mim está muito claro.
Traci: Braulio, você deu cartão amarelo para o 34, né?
Braulio: Não, não.
Traci: Sugiro revisão para possível DOGSO. (Braulio chega na cabine) Aí eu vou soltar na marca onde está a falta. Ele vai ter direção, não tem defensor…
Bráulio: Beleza, beleza. Direção, possibilidade de dominar a bola…
Traci: Distância e não tem defensores. Tem até um companheiro com ele.
Braúlio: Perfeito, ele está em divergência. Eu só não tinha claro para mim a direção, que para mim é claro. Estou voltando então…
Traci: Vou te mostrar a (câmera) baixa agora.
Bráulio: Isso, ele atinge e depois segura.

Após a última fala, o árbitro do jogo é aparentemente interrompido por alguém do Botafogo, que alega que o domínio de Breno era para lateral e não para o gol. “O que você está falando, irmão? A direção é para o gol, estava entrando na área”, rebateu Bralio, que continuou o diálogo com o VAR.

Braulio: Estou voltando com o cartão vermelho. Tens a (câmera) tática para fechar?
Traci: Pode pôr a (câmera) sete. (O jogador) Está indo para a área.
Braulio: Ok, já pego a direção. O jogador tem até a possibilidade de passe. Falta e cartão. Estou retornando com tiro livre direto, e cartão vermelho para o 37 por DOGSO.
Traci: 34, Adryelson. Perfeito.

Outro lance envolvendo o VAR na partida foi o pênalti a favor do Botafogo, marcado pouco depois da expulsão de Adryelson. Menos polêmico, o lance contou com Tiquinho Soares invadindo a área e sofrendo carrinho de Rony. Já no campo, Braulio marcou a penalidade, reiterada pelo árbitro de vídeo, que tirou qualquer possibilidade de cartão vermelho porque entendeu que houve disputa.

Diego Pombo: Quem toca (a bola) é o 9 (Tiquinho Soares), e o 10 (Rony) dá o carrinho. Tem disputa, tá bom? Então, não tem cartão vermelho.
Traci: Braulio, pênalti confirmado.

“Isso é corrupção”: Textor critica expulsão de Adryelson

Logo após a partida, Textor pediu para dar entrevista ao canal Premiere. O mandatário afirmou que a falta em Breno Lopes não era para expulsão porque Adryelson pegou a bola primeiro. Ele ainda pediu a renúncia do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e disse que o lance foi “corrupção, roubo”.

— O mundo todo viu, isso não é cartão vermelho. Ele (Adryelson) pegou a bola primeiro. Não tenho certeza nem se foi falta. Mas não é cartão vermelho, ele mudou o jogo. Isso é corrupção, isso é roubo. Por favor, me multa, Ednaldo, mas você precisa renunciar amanhã de manhã. É isso que precisa acontecer. Esse campeonato se tornou uma piada. Ninguém merece isso, esses jogadores do Palmeiras não querem ganhar desse jeito, nós não queremos perder desse jeito. São cinco jogos seguidos. Senhores, vocês (jogadores do Palmeiras) jogaram um bom jogo, não é culpa de vocês, mas isso é corrupção. Isso precisa mudar. Ednaldo, você precisa renunciar pelo bem do jogo. Isso precisa acabar. Isso é roubo, me multa. Você não pode me expulsar, é meu estádio, eu vou continuar aqui – disparou o dirigente.

A fala reverberou e não caiu bem na CBF, que irá processar o presidente do Botafogo na esfera criminal. Até a Associação de Árbitros de Futebol do Brasil (Abrafut) publicou uma nota rebatendo as acusações de Textor e prometendo ir ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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