Os rumores sobre Jorge Jesus cessam (por enquanto) com sua volta ao Al-Hilal
Jorge Jesus estava cotado para assumir a seleção saudita antes da Copa da Ásia, mas volta ao Al-Hilal quatro anos depois de sua primeira passagem

Jorge Jesus voltará a trabalhar na Arábia Saudita. Mas, diferentemente dos rumores de que o português seria o novo comandante da seleção local, ele retornará ao ambiente de clubes. O veterano será o novo treinador do Al-Hilal, quatro anos depois de sua primeira passagem pela equipe. Jesus dirigiu os alviazuis por seis meses, em 2018/19, seu último trabalho antes de assumir o Flamengo. Com um bom salário nesta volta a Riad, o lusitano cessa (temporariamente) as costumeiras especulações ao redor de seu nome para assumir algum time do futebol brasileiro ou mesmo a possibilidade de dirigir a Seleção.
O Al-Hilal é um dos clubes que ganham impulso financeiro pelos investimentos realizados pelo fundo soberano do governo da Arábia Saudita. Por enquanto, os alviazuis anunciaram Kalidou Koulibaly e Ruben Neves como seus primeiros reforços estelares – ainda aquém dos protagonistas de Al-Nassr e Al-Ittihad. Existia inclusive o rumor de que Lionel Messi poderia ir para o Hilal, clube mais popular e mais vitorioso do Campeonato Saudita. A tendência, de qualquer maneira, é de que Jorge Jesus ganhe outros medalhões. A equipe vice-campeã da Champions Asiática ainda reúne a base da seleção local, além de figuras como Matheus Pereira, Michael, Moussa Marega, André Carrillo e Gustavo Cuéllar – embora alguns devam sair.
Jorge Jesus ficou pouco, mas teve 85% de aproveitamento
A primeira passagem de Jorge Jesus à frente do Al-Hilal aconteceu a partir de julho de 2018. O português assumiu o clube saudita com um grande respaldo, em sua primeira experiência fora de Portugal. Vinha de marcar a história do Benfica com importantes títulos e também de uma passagem de relevo pelo Sporting. Ainda que o dinheiro não jorrasse no Campeonato Saudita como atualmente, o Hilal acabara de emendar um bicampeonato na liga nacional e continuava credenciado para dominar a competição.
Jorge Jesus permaneceu à frente do Al-Hilal por 25 partidas. O treinador teve um aproveitamento excelente, com 85% dos pontos conquistados. Somou 20 vitórias e apenas uma derrota pelo clube. Os alviazuis lideravam o Campeonato Saudita e dentro de alguns meses iniciariam sua campanha na Champions Asiática. Porém, Jorge Jesus deixou o cargo em janeiro de 2019. O lusitano entrou em litígio com a diretoria e saiu de cena. O clube desejava firmar um contrato mais amplo com o técnico, até o fim de 2019, mas ele não queria aumentar a duração do vínculo que acabaria em julho. No fim das contas, o contrato foi rescindido antecipadamente, em acordo mútuo entre as partes.
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A alta rotação no comando do Al-Hilal
O Al-Hilal perdeu o título do Campeonato Saudita naquela temporada de 2018/19. Zoran Mamic e Péricles Chamusca passaram pelo comando da equipe após a saída de Jorge Jesus, vendo o caneco ficar com o Al-Nassr. Em compensação, Razvan Lucescu conseguiu dar um jeito no time a partir de julho de 2019. O filho de Mircea Lucescu impulsionou os alviazuis na conquista da Champions Asiática, que encerrou um jejum de 19 anos do clube na competição continental. Seria o técnico da equipe também no encontro com Jorge Jesus, então no Flamengo, durante o Mundial de Clubes de 2019.
Razvan Lucescu foi o treinador que durou mais tempo à frente do Al-Hilal neste século. Conquistou ainda o Campeonato Saudita em 2019/20, até deixar o cargo numa sequência de resultados ruins em fevereiro de 2021. Desde então, a rotação na casamata do Hilal foi enorme. Rogério Micale ficou 13 partidas e José Morais assumiu provisoriamente por mais cinco, mas garantiu o bicampeonato saudita em 2020/21. Leonardo Jardim chegou em junho de 2021 e durou apenas 26 partidas, mas conseguiu abocanhar outra Champions Asiática. Saiu após o Mundial de Clubes de 2021, realizado no início de 2022.
Nos últimos meses, o Al-Hilal foi dirigido por Ramón Díaz. O argentino voltava ao clube depois de quatro anos, antecessor justamente de Jorge Jesus na primeira passagem. O veterano conseguiu uma grande recuperação no Campeonato Saudita para buscar o tri em 2021/22 e alcançou a final do Mundial de Clubes contra o Real Madrid. Entretanto, o nível de desempenho caiu na temporada passada. Sem buscar o tetra na liga local, o treinador compensou com a campanha até a decisão da Champions Asiática. Contudo, a derrota nas finais contra o Urawa Red Diamonds demarcou o fim da linha para Díaz, que até levou a Copa do Rei Saudita em sua despedida dos alviazuis.
Jorge Jesus e o desafio de durar mais tempo no cargo
Enquanto o Al-Hilal emendava taças e trocava de treinadores, Jorge Jesus vivia outros momentos importantes de sua carreira. O ápice aconteceu em 2019, à frente do Flamengo, com a marcante Tríplice Coroa. Apesar do renome que conseguiu no Brasil, o veterano não seria feliz em seu retorno à Europa. A segunda passagem pelo Benfica durou uma temporada e meia. A torcida dos encarnados ainda tinha suas mágoas depois que Jesus trocou o clube pelo rival Sporting. O lusitano não conseguiria novos troféus nesta volta ao Estádio da Luz e perdeu o emprego em dezembro de 2021, após a eliminação para o Porto na Taça de Portugal. Nem a classificação na fase de grupos da Champions, num grupo com o Barcelona, salvou sua pele. A péssima relação com o elenco pesou muito mais para a decisão em comum acordo com a diretoria.
Já na atual temporada, Jorge Jesus dirigiu o Fenerbahçe. Seria também uma passagem agridoce pelo Campeonato Turco. O treinador teve um aproveitamento de quase 74% dos pontos, mas com um desempenho geral insatisfatório. A equipe caiu nas preliminares da Champions, alcançando depois as oitavas da Liga Europa. No Campeonato Turco, por sua vez, o Galatasaray levou a melhor na corrida com os rivais e aplicou dois chocolates nos clássicos. O consolo ficou com o título da Copa da Turquia, o que pareceu pouco diante da expectativa que existia. Mais uma vez, o treinador saía de cena.
Os últimos trabalhos de Jorge Jesus não são duradouros. A última vez que o treinador ficou pelo menos duas temporadas à frente de um clube foi no Sporting. Por outro lado, o lusitano oferece uma inegável experiência para dirigir o Al-Hilal nesse momento de reformulação e possui como trunfo a vivência anterior no próprio Campeonato Saudita. Resta saber como será a pressão, num período de investimento alto na liga. Com Cristiano Ronaldo no Al-Nassr e Karim Benzema no Al-Ittihad, o Hilal parece um passo atrás de seus principais concorrentes pelo título. Ao menos, possui o melhor elenco do país.
Portugueses dominam o Campeonato Saudita
Neste momento, seis treinadores portugueses dirigem clubes do Campeonato Saudita. São três comandantes nos quatro grandes apoiados pelo governo. Além de Jorge Jesus, Luís Castro também chegou nesta semana ao Al-Nassr. Já o Al-Ittihad foi campeão sob as ordens de Nuno Espírito Santo. O Al-Ahli está sem técnico, após a saída de Pitso Mosimane. Os outros lusitanos são Pedro Emanuel (Al-Khaleej), Jorge Mendonça (Al-Okhdood) e Filipe Gouveia (Al-Hazem). O único brasileiro em atividade na Arábia Saudita é Péricles Chamusca, treinador do Al-Taawoun. Foi quinto colocado na última temporada e recebeu o prêmio de Melhor Técnico do mês de maio.
- Jorge Jesus (Al-Hilal)
- Luís Castro (Al-Nassr)
- Nuno Espírito Santo (Al-Ittihad)
- Pedro Emanuel (Al-Khaleej)
- Jorge Mendonça (Al-Okhdood)
- Filipe Gouveia (Al-Hazem)