Com uma legião brasileira, o Al-Ittihad desbancou os favoritos e faturou o título saudita após 14 anos
Romarinho, Marcelo Grohe, Bruno Henrique e Igor Coronado formaram a espinha dorsal da equipe que desbancou Al-Nassr e Al-Hilal

O Campeonato Saudita recebeu mais holofotes na atual temporada, especialmente diante da chegada de Cristiano Ronaldo. O Al Nassr logo se tornou um candidato mais forte ao título, assim como o Al Hilal tentava renovar sua supremacia dos últimos anos. No entanto, quem soltou o grito de campeão no final de semana foi um concorrente que corria por fora: o tradicional Al Ittihad. Treinados por Nuno Espírito Santo, os aurinegros faziam uma campanha sem tanto destaque no primeiro turno, mas saltaram à dianteira na segunda metade da competição e confirmaram o feito com uma rodada de antecedência. É o nono título do clube de Jeddah, apenas o primeiro desde 2009.
O Al-Ittihad atravessou sua fase mais imponente na virada do século. Foram sete títulos no Campeonato Saudita entre 1997 e 2009, além do bicampeonato na Champions Asiática em 2004 e 2005 – quando marcou presença no Mundial de Clubes e enfrentou o São Paulo. Mais recentemente, o desempenho dos aurinegros caiu. A equipe precisou se contentar com os títulos das copas nacionais, enquanto chegou a passar três temporadas consecutivas na parte inferior da tabela até 2019/20. Somente depois disso é que o nível aumentou, com direito ao vice-campeonato de 2021/22. O Al-Ittihad ocupou a liderança até a antepenúltima rodada e sucumbiu ao Al-Hilal, que tirou uma diferença de 16 pontos em relação aos aurinegros. Ainda assim, o clube registrava sua melhor colocação em 11 anos.
Cosmin Contra foi demitido do comando do Al-Ittihad depois da derrocada, com a chegada de Nuno Espírito Santo. Era um treinador com inegável tarimba nas principais ligas do mundo, mesmo que não tenha dado certo no Tottenham. Além disso, os aurinegros trouxeram bons reforços, como o zagueiro da seleção Ahmed Sharahili, o volante egípcio Tarek Hamed e o ponta angolano Hélder Costa. Davam mais força à legião brasileira encabeçada pelo goleiro Marcelo Grohe, pelo volante Bruno Henrique, pelo meia Igor Coronado e pelo atacante Romarinho. O quarteto canarinho teria papel central na campanha, como já se notava nos últimos anos, ao lado do centroavante marroquino Abderrazak Hamdallah.
O Al-Ittihad conseguiu se manter invicto durante as 11 primeiras rodadas do Campeonato Saudita, mas os muitos empates atrapalhavam o time a dar um passo à frente na liderança. A série foi quebrada no fim do primeiro turno, com a derrota para o Al-Hilal. Depois disso, porém, os aurinegros voltaram a encadear outra série invicta. Foram 12 partidas, com 11 vitórias, que catapultaram a equipe à primeira posição. O jogo que botou o Al-Ittihad no topo da tabela foi a vitória por 1 a 0 sobre o Al-Nassr, ultrapassado com o resultado. Romarinho se deu melhor no encontro com Cristiano Ronaldo – assim como já tinha acontecido semanas antes, na Supercopa, conquistada pelos aurinegros.
Nem mesmo a derrota para o Al-Taawon e o empate com o Al-Hilal atrapalharam o Al-Ittihad nesta reta decisiva. A equipe se manteve na primeira colocação, diante dos tropeços paralelos do Al-Nassr e da campanha bem abaixo da crítica feita pelo Al-Hilal. O título aurinegro foi confirmado neste sábado, com a vitória por 3 a 0 sobre o Al-Fayha. Romarinho anotou dois gols, com outro de Ahmed Sharahili, enquanto Igor Coronado deu duas assistências. Com cinco pontos de vantagem sobre o Al-Nassr, o Ittihad não pode mais ser alcançado na dianteira.
O Al-Ittihad soma 21 vitórias em 29 rodadas, com apenas duas derrotas pelo Campeonato Saudita. O ataque é o segundo melhor da liga, com 58 gols, mas o que se destaca mesmo é a defesa liderada por Marcelo Grohe. O goleiro sofreu apenas 13 gols até o momento, média inferior a um tento a cada dois jogos, e passou 18 partidas sem ser vazado. Alguns de seus milagres ganharam repercussão internacional. Romarinho foi o vice-artilheiro da equipe, com 13 gols, sete a menos que Hamdallah – que também é o principal goleador da competição. Além disso, Igor Coronado é o líder de assistências dos aurinegros e o segundo melhor do certame, com 13 passes pra gol.
O título garante o Al-Ittihad não apenas na fase de grupos da Champions Asiática, como também no Mundial de Clubes de 2023. Será o representante saudita no torneio realizado no país. Al-Hilal e Al-Fahya também se confirmaram na fase principal da Champions Asiática. Enquanto isso, o Al-Nassr precisará jogar as preliminares do torneio continental, com Cristiano Ronaldo e tudo. Outra história que merece destaque é o acesso do Al-Ahli, um dos clubes mais tradicionais do país, que subiu de imediato após o surpreendente descenso à segunda divisão. Os alviverdes são treinados pelo sul-africano Pitso Mosimane.
É ver se Cristiano Ronaldo ganhará companhia no Al-Nassr para a próxima temporada e também se outros astros de renome desembarcarão no Campeonato Saudita. Com o dinheiro que jorra na Arábia Saudita e é destinado ao futebol, a promessa é de que mais jogadores históricos sejam levados ao país durante os próximos meses. Será um desafio maior aos brasileiros campeões do Al-Ittihad.
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— نادي الاتحاد السعودي (@ittihad) May 27, 2023