O 2023 do Palmeiras ruiu do nada, mas existem muitas explicações — listamos 10 delas
Da diretoria à torcida, passando por Abel Ferreira: não faltaram erros no Palmeiras

O ano de 2023 ainda não acabou, mas mesmo com dois títulos – Supercopa do Brasil e Campeonato Paulista – , já é uma das temporadas com pior astral dentre as mais recentes do Palmeiras.
Muitos fatores, dentro e fora de campo, levaram a isso. A essa sensação de incômodo perene que orbita o palmeirense. A entrevista coletiva de Abel Ferreira depois da derrota para o Santos no domingo (8) ilustra um pouco dessa sensação, talvez até de maneira involuntária.
Quando fala do fim do pensamento “Todos somos um”, que de fato vigorou no Palmeiras nas três últimas semanas, ele talvez estivesse falando apenas do tal vazamento de informações internas a que se referiu. Mas o rompimento de tal pacto vai além.
O Palmeiras perdeu unidade, um sentimento geral de pertencimento que se refletia no gramado. Que unia diretoria, torcida, comissão técnica e jogadores. Ainda que já houvesse rusgas sérias entre a Mancha Verde e a presidente Leila Pereira
As pichações em lojas da Crefisa e a suspensão de Abel Ferreira, que disse, ao final do jogo contra o Grêmio, que estava havendo roubo no Brasileirão, são apenas a cereja em um bolo duro de digerir.
Abaixo, a Trivela listou dez motivos e momentos-chave que azedaram o clima no Palmeiras em 2023 e que culminaram em um fim de ano nada agradável para o palmeirense.
1. Não reposição de Danilo e Scarpa
Não se trata nem de trazer atletas do mesmo tamanho, mas de ao menos trazer boas opções. Zé Rafael virar 5 deixou o Palmeiras pior em duas posições, já que Gabriel Menino, o novo 8, deve futebol em comparação a Zé.
E sem Scarpa, toda criação de meio-campo foi para as costas de Raphael Veiga, que claramente se desgastou e caiu muito de produção.
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2. O péssimo clima político
Após anos de pacificação, o Palmeiras voltou a viver um inferno interno.
Com retaliações da presidente Leila à oposição, falta de transparência quanto aos contratos das empresas de sua holding com o clube, tentativas de silenciamento e revanchismo – como no caso dos ingressos bonificados aos conselheiros desde os anos 1980, que agora são concedidos apenas para os seus aliados.
3. A lesão do Dudu

Não parecia, porque o camisa 7 não é o tipo de líder carismático nem vinha em um grande momento. Mas a verdade é que, rendimento técnico à parte, Dudu era a alma do time, um jogador para se confiar de olho fechado, que servia ainda de pára-raios às críticas.
Ele não fazia sua temporada mais brilhante, mas entregou mais do que qualquer outra tentativa de substituição.
4. A eliminação na Copa do Brasil
Nem de longe, era o campeonato mais desejado. Mas cair para um rival como o São Paulo minou o ímpeto de todos. Um rival que ainda acabaria campeão, num semestre em que o Palmeiras fez água – o que sempre diminui o moral dos adversários.
5. A falta de reforços de um modo geral
Renovar as fileiras oxigena o clube e a torcida. Às vezes, também é preciso mexer em time que está ganhando, para melhorá-lo e aumentar opções.
Ainda que seu futebol esteja em uma fase ruim, Artur foi uma boa contratação. Jovem, Ríos também foi uma sacada inteligente, que pode render frutos futuros. Mas foi muito pouco. Faltaram bons reservas a Abel em momentos importantes do ano.
6. A rixa entre Leila e a arquibancada

No ano passado, podia-se dizer que a relação ruim da presidente era só com a Mancha Verde. Mas não mais.
Leila Pereira, com tudo que investe no clube, não ter qualquer simpatia da torcida é um indicativo gigante de que algo está muito errado.
A presidente gosta de ironizar torcedores e fazer declarações bombásticas, por exemplo, como dizer que o avião que ela empresta ao clube supre uma clara necessidade de reforços. O fato de ela ser presidente e patrocinadora exclusiva ainda agrava a questão.
7. O clima bélico da comissão técnica com imprensa e arbitragem
Baixo astral total. Não é preciso nem entrar no mérito de quem tem razão. O fato é que as constantes reclamações, cartões e suspensões, atrapalharam o Palmeiras no campo e nos bastidores, atraindo para o time uma enxurrada de críticas nocivas.
Mostrando ser um excelente pupilo, para o bem e para o mal, João Martins também falou mais do que o necessário quando comandou a equipe no banco.
Também não há como negar que as constantes ausências de Abel atrapalharam o time. Abel joga junto o tempo todo. Não tê-lo é um claro prejuízo.
8. O pouco uso de Endrick
2023 era para ser o ano do garoto. Seja porque ele não conseguiu evoluir o suficiente, seja porque Abel preferiu outras peças, seu sumiço foi muito broxante.
O palmeirense talvez esteja diante da maior revelação de ataque do clube desde Gabriel Jesus, em 2015. E só terá mais sete meses para vê-lo.
9. A ingratidão com peças importantes e as críticas muito duras

A ferocidade de parte da torcida com jogadores como Rony, Rocha e Weverton, que não viveram seus melhores anos, foi um dreno de energia durante todo o ano.
Gabriel Menino, que chegou a fazer o gesto de mãos nos ouvidos após cobrar a falta que resultou no gol do Palmeiras no domingo, e Breno Lopes, que literalmente xingou a torcida após fazer o gol da vitória contra o Goiás, foram outros que sofreram com a acidez das arquibancadas.
Na entrevista coletiva após a derrota para o Santos, Abel ainda revelou que jogadores pediram para deixar o clube com medo da torcida, por conta de ameaças.
Considerando as repentinas saídas de Bruno Tabata e Rafael Navarro, dá para imaginar que ambos estão neste grupo.
10. A eliminação com futebol fraco na Libertadores
Se, como Abel Ferreira declarou, era o “melhor possível” com as peças que tinha ou não, o fato é que foram 135 minutos insuportáveis na eliminação contra o Boca Juniors.
Um jogo sem criatividade, sem volume, calcado apenas na criação de oportunidades para cruzamentos. Cair, mas jogando a maior parte do tempo como nos 45 finais do jogo de volta, com dribles, velocidade, bicicletas e voleios, seria tão ruim quanto, mas ao menos traria orgulho ao torcedor.