Uma falta encerrou fase quase zen em ano mais polêmico de Abel no Palmeiras
Abel Ferreira estava quieto, mas voltou à velha forma durante a derrota para o Grêmio no Rio Grande do Sul
Até o estafe de Abel vinha estranhando a mudança de comportamento do técnico. Desde que o Palmeiras adotou a Lei do Silêncio, após o assistente João Martins ter declarado que o “sistema” não queria o Palmeiras campeão, em junho, Abel levara apenas um cartão amarelo e não vinha mais criticando os juízes de modo acintoso.
Isso mudou na noite de quinta (21), em Porto Alegre. Nervoso com uma falta a favor do Grêmio já nos acréscimos da derrota por 1 a 0, Abel até não foi advertido, mas entrou para o vestiário sem ouvir o apito final – e não sem antes olhar para a câmera de transmissão que fica no gramado e disparar:
“Isso é roubar! Isso é roubar!”, acompanhado do característico gesto com os dedos da mão girando e se fechando em si mesma. Na sequência, conforme atestam repórteres do sportv que estavam no estádio, João Martins ainda bateu boca com um vice-presidente do Grêmio.
Durante a coletiva, ele negou qualquer polêmica, embora haja registro em vídeo. Na verdade, sabendo disso, ele se queixou do câmera que captou seu desabafo.
– Tem sempre um cara ali, para ver tudo que eu faço – disse ele.
A declaração de Porto Alegre é apenas mais uma cereja em um bolo lotado de polêmicas com a arbitragem. Desde chegou ao Brasil, aliás, Abel economizou pouco neste quesito. Mas 2023, que ainda nem acabou, já se coloca como o pior ano dele quando o assunto é se queixar dos juízes.
Lei do Silêncio
Do ponto de vista disciplinar, Abel teve um início de ano muito ruim. O ápice foi no início de julho, quando o técnico chegou a ficar dois jogos seguidos sem comandar o time – contra o Athletico-PR, em Curitiba, pelo Brasileiro (2 de julho), e contra o São Paulo, na ida das quartas da Copa do Brasil (5 de julho), no Morumbi.
Contra o Athletico-PR, vale frisar, ele estava suspenso por retirar o celular das mãos de um jornalista na zona mista do Mineirão, depois de um empate em 1 a 1, também pelo Brasileirão, em 28 de maio.
Pedro Spinellli, produtor da Globo, estava na área permitida para a imprensa do Mineirão e filmava uma discussão do diretor Anderson Barros com integrantes da arbitragem, quando o português simplesmente sacou o aparelho das mãos de Spinelli.
Foi a ausência de Abel que levou João Martins à fatídica entrevista coletiva de Curitiba, interrompida às pressas por Anderson Barros – mas não a tempo de evitar que o português disparasse a famosa frase sobre o “sistema”.
Um ponto de inflexão
A Trivela apurou que houve, após a coletiva de João, um momento de inflexão. Não havia mais como seguir martelando contra a arbitragem em todos os jogos. E Abel e João, tidos como indomáveis, acabaram se conscientizando que estavam prejudicando o time ao atrair tanta polêmica com os juízes.
A Lei do Silêncio acabou contra o Internacional, em 16 de julho. E Abel conseguiu ficar mais de um mês sem ser amarelado. Apenas na vitória por 4 a 0, sobre o Deportivo Pereira (23 de agosto), pela Libertadores, na Colômbia, ele voltou a ver um cartão.
Até o momento, não houve manifestação da CBF sobre a declaração do português ao fim do jogo contra o Grêmio. Mas o Abel quase zen parecer mesmo ter ido embora.