Libertadores

Por que o Palmeiras se tornou tão previsível na reta final da temporada?

Palmeiras de Abel Ferreira perdeu seu grande elemento-surpresa no ano logo antes da reta final da temporada

Dudu, ou melhor, sua ausência, é o grande motivo de o Palmeiras ter se tornado uma equipe sem capacidade de surpreender os adversários nos últimos jogos. 

E não porque ele é um ídolo, um líder, o jogador mais identificado com o clube. Tudo isso é verdade. Mas o motivo de sua ausência ter deixado o Palmeiras tão previsível é a falta de dribles. 

Na derrota contra o Grêmio, na última quinta-feira (21), o time de Abel Ferreira tentou apenas cinco dribles no jogo inteiro, mesmo tendo 65% da posse de bola. O Grêmio, que pouco teve a bola no jogo, deu seis. 

Dudu é o maior driblador do time do Palmeiras com larga vantagem. De acordo com dados do Palmeiras, com 46, ele tem mais que o dobro dos 22 dribles dados por Raphael Veiga na temporada, o segundo colocado. E não é só. 

De acordo com o Footstasts, Dudu é o jogador com a maior média de dribles por partida no Brasileirão dentre aqueles que fizeram ao menos dez jogos, com 1,57 por partida. Pode parecer pouco, mas é mais que o dobro dos 0,61 de Veiga. 

Mas até mais do que os dribles de fato, o receio de que eles possam acontecer já basta para desestabilizar um sistema defensivo e mobilizar a marcação adversária.

Quando Dudu pega a bola na esquerda, o seu marcador nunca fica sozinho. E esse deslocamento de alguém para a sobra é o que abre brecha para os outros palmeirenses ganharem terreno.

Cruzamentos em grande quantidade 

Contra o Grêmio, o Palmeiras tentou 46 cruzamentos, mantendo uma tendência usual do time, que lidera o fundamento no torneio. Com 714, o Palmeiras tem 99 a mais que o Red Bull Bragantino, o segundo colocado.  

Mas mesmo para os altos números do Palmeiras, os números diante do Grêmio foram exagerados. Em média, o Alviverde tenta 29,7 cruzamentos por jogo.

No último quarto do jogo, Abel acabou com os improvisos nas pontas, colocando Kevin na esquerda e Luis Guilherme na direita – com Mayke sendo recuado para a lateral-direita. Para completar, ele ainda sacou Endrick para colocar Rony e Zé Rafael para ingressar Breno Lopes. 

Curiosamente, o jogador do Palmeiras que mais tentou dribles contra o Grêmio foi justamente aquele no grupo inteiro que tem um estilo de jogo mais parecido com o de Dudu. 

Embora tenha jogado só por 30 minutos, Kevin deu dois dribles contra o Grêmio, jogando na esquerda e cortando para a direita – justamente como o camisa 7 joga. 

Opções contra o Boca

Na próxima quinta-feira (28), sem Dudu, a tendência é Abel manter, contra o Boca Juniors,  o time que iniciou contra o Grêmio – com Mayke improvisado na ponta-direita e Artur na esquerda.

Endrick, Jhon Jhon, Breno Lopes, Flaco López e o próprio Kevin são os outros candidatos a um lugar no time titular. 

Na Libertadores, Jhon Jhon, com seis, é o segundo jogador do Palmeiras que mais driblou na competição – um a menos que Dudu. 

A tendência é o Palmeiras iniciar o jogo em La Bombonera com:

Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Góme, Murilo e Piquerez; Zé Rafael, Gabriel Menino e Raphael Veiga; Mayke, Rony e Artur.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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