Brasileirão Série A

Palmeiras vive paradoxo: Endrick não tem minutos para ganhar mais minutos

Clube não tem conseguido colocar Endrick em campo de modo a ajudá-lo a desenvolver mais o seu futebol enquanto ainda está no Palmeiras

Endrick não não tem conseguido conquistar sequência como titular. Sem tal sequência, não consegue desenvolver seu jogo. E sem desenvolver seu jogo, não consegue conquistar sequência como titular, num ciclo paradoxal e perpétuo até o momento. 

Sim, o responsável por essa situação é Abel Ferreira, já que ele é quem decide quem joga. Mas dizer isso está longe de ser o mesmo que atribuir algum tipo de culpa ao treinador. Como também seria um equívoco culpar o jogador por não conquistar a titularidade. Mas também é fato que cabe só a Endrick, como acontece com todo atleta, reconquistar a confiança de Abel.   

A questão é a expectativa. Normalmente, não se espera muito de um garoto de 17 anos em meio a profissionais. Apenas fenômenos, como Ronaldo e Neymar conseguiram brilhar acima de qualquer crítica ainda tão jovens. E é esse o peso que um jogador negociado ainda garoto com o Real Madrid tem carregado. 

Mais do que jogar bem, Endrick entra em campo a cada partida tendo que provar que vale o que custou.

Não faltaram tentativas 

Endrick não tem jogado mais porque as circunstâncias não têm favorecido sua escalação. Em outras palavras, o centroavante não joga por mais tempo porque isso não é o melhor para o Palmeiras na visão de Abel. E nem para Endrick. 

Abel Ferreira começou o ano apostando em Endrick como seu 9. Para tanto, topou até mexer no posicionamento de seu homem de confiança: Rony, o centroavante com quem ele conseguiu suas maiores conquistas, foi deslocado para a ponta, onde surgiu e jamais encantou no Palmeiras. 

Endrick começou jogando a Supercopa do Brasil e foi titular na primeira fase do Paulista. Nesses 13 jogos, não balançou as redes nenhuma vez. Por conta disso, ficou fora das quartas e da semifinal do Estadual. Viu do banco, o Palmeiras despachar São Bernardo e Ituano.

Mas, nas duas decisões contra o Água Santa, o português voltou a dar chances ao centroavante. No primeiro jogo, ele entrou no intervalo e desencantou, ao fazer o gol do Palmeiras na derrota por 2 a 1. No Allianz Parque, na volta, Endrick mais uma vez começou jogando, e fez um dos gols na goleada por 4 a 0.

Parecia que a má-fase havia passado. Endrick foi titular na estreia do Palmeiras no Brasileiro e marcou mais uma vez, contra o Cuiabá. Mas seu desempenho em campo não melhorava, algo que também deve ter se refletido nos treinamentos – que ninguém, exceto quem trabalha no clube, tem permissão para assistir. 

Aos poucos, Endrick foi perdendo espaço, até se tornar reserva de vez, inclusive não sendo a primeira opção do setor de ataque – viu López e Breno Lopes passarem na sua frente. 

Uma nova chance? 

Após a partida contra o Deportivo Pereira, na volta das quartas da Libertadores, no Allianz Parque, Endrick, que não entrava em campo havia três jogos e jogara 150 minutos nos dez jogos anteriores, desabafou:

“Eu fico um pouco triste por não estar jogando, mas tenho que segurar um pouco isso. Tive uma conversa com o Abel e ele me tranquilizou. Não fico na azia, como ele fala, de jogar ou não. Ele fala que o importante é trabalhar”, disse à ESPN, ainda no gramado. 

Na entrevista coletiva, indagado sobre a fala do garoto, que foi bem na partida, Abel disse saber que Endrick precisaria de mais minutos para se desenvolver mais. Mas deixou claro que não entende que isso seria o melhor para o time.

“Nós temos um centroavante muito forte, que é o Rony, que é muito difícil tirá-lo por tudo que faz. O López e o Endrick precisam de uma sequência de cinco jogos. Eu sei o que precisam. Mas é difícil dar. Eu não penso o que é melhor para o jogador, mas, sim, o que é melhor para o Palmeiras. Eu penso nos onze melhores”, disse. 

A última impressão deixada por Endrick foi boa. Nos 12 minutos que ficou no campo contra o Corinthians, pelo Brasileiro, criou lances de perigo e ainda cavou a expulsão de Maycon. Num momento de indefinição no ataque, com a ausência do lesionado Dudu, Endrick pode ganhar a chance de voltar a ter uma sequência em campo, algo que não conseguiu aproveitar no início da temporada.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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