Libertadores

Palmeiras: Leila nunca teve tanto poder e tão pouco carinho do palmeirense

Mandatária Leila Pereira age sem dar satisfações no Palmeiras, mas dos palmeirenses, não recebe um afago sequer

Leila Pereira deve ter saudade do tempo em que muita gente vestindo verde gritava “Tia Leila, Tia Leila” quando a então patrocinadora do Palmeiras aparecia nos estádios do Brasil.

Hoje, presidente, além de seguir patrocinadora e ter se tornado fornecedora de aviões para a delegação, Leila está sem carinho como nunca antes na sua curta história como palmeirense.

Em Buenos Aires, a cena de Leila Pereira deixando a van que a trouxe ao Hotel Madero nesta terça-feira (27), onde também está hospedada a delegação do clube, chegou a ser triste, sem que se faça aqui qualquer juízo de valor quanto à validade de tais apupos.

No momento em que deixou o veículo, os xingamentos saíram em profusão. Não houve um elogio, um grito de apoio, nada. “Cadê os ingressos?”, “Mercenária”, entre outros, foram disparados em sua direção.

Como se Leila não tivesse nenhuma parcela na renovação de contrato de Abel Ferreira. Ou na manutenção de 90% do time titular na conquista do brasileiro do ano passado. Ou ainda como se tivesse deixado de patrocinar o futebol alviverde.

Politicamente, tem a maior parte do conselho deliberativo. Manda, desmanda, faz o que quer, sem pedir autorização a ninguém.

Mas também tem hoje desafetos na oposição, que questionam cada passo que ela dá como dirigente. Comportamento que ela puniu impedindo que tais opositores comprem a cota de ingresso reservada aos conselheiros.

Seus apoiadores seguem com o benefício. Mas alguns deles decidiram dar uma facada em suas costas, negociando, como cambistas, os ingressos que ela permitiu que eles adquirissem com preferência nos guichês do clube

Do mesmo modo, mesmo promovendo festas e reformando a piscina com dinheiro de seu bolso, entre outras melhorias, parte dos associados também já não a tem em alta conta. Afinal, também foram associados que elegeram os conselheiros de oposição. Associados que, muitas vezes, também fazem parte ou ao menos simpatizam com a Mancha Verde.

Não tem volta

O desentendimento de Leila com a Mancha, que se iniciou com protestos da torcida contra Olivério Júnior, corintiano e ligado a figuras políticas do clube alvinegro, em janeiro, até poderia ter volta.

Mas depois de Leila conseguir medida protetiva contra três diretores da entidade na semana passada, incluindo o presidente Jorge Luiz, dá para afirmar que essa ruptura é definitiva.

E pensar que as duas quadras da sede da Mancha, a poliesportiva e a de futebol society, levam o nome da presidente e de José Roberto Lamacchia, seu marido.

Leila, que já levantou as inéditas Copa São Paulo, Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil pode entrar na história como a única presidente a conquistar dois Campeonatos Brasileiros no mesmo mandato desde Mustafá Contursi, em 1993 e 1994.

Já é a primeira mandatária bicampeã paulista seguida, também desde o seu ex-padrinho e hoje desafeto Mustafá, no mesmo biênio. E, não se pode negar, preside o time de melhor campanha e, por consequência, favorito à conquista da atual edição da Libertadores

Mas a primeira presidente mulher do Palmeiras em 109 anos de história nunca esteve tão longe do coração do palmeirense.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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