Europa

Por que o equilíbrio pode ser a tônica da nova temporada europeia

Grandes ligas europeias começam nesta final de semana, prometem alta competitividade e até algumas surpresas

A poucos dias para o início das 5 grandes ligas europeias, a temporada 2024/25 promete novidades. Teremos um novo formato na Champions League, Jürgen Klopp encerrou seu reinado no Liverpool, Mbappé finalmente chegando ao Real Madrid e a possibilidade de ser a “última dança” de Guardiola no Manchester City.

Ao mesmo tempo, aconteceram muitas mudanças de comissões técnicas. Dos considerados 15 principais times da Europa (6 ingleses, 3 espanhóis, 3 italianos, 2 alemães e 1 francês), 7 deles trocaram de técnico (Milan, Juventus, Barcelona, Chelsea, Liverpool, Bayern de Munique e Borussia Dortmund).

Isso abre margem para vermos filosofias e ideias ainda pouco difundidas nos grupos de jogadores, o que pode aumentar a irregularidade dessas equipes e, consequentemente, deixar a disputa mais aberta por títulos, especialmente nos campeonatos nacionais.

Na França, por exemplo, o PSG manteve Luis Enrique, mas terá a primeira temporada sem um grande craque pela saída de Mbappé. Já na Itália, a Juventus inicia um ciclo novo com Thiago Motta para bater a consolidada Internazionale. E no cenário alemão a dúvida se o Bayer Leverkusen conseguirá desbancar de novo o Bayern.

Por tudo isso e outros motivos argumentados abaixo, a Trivela acredita que a temporada europeia 24/25 será pautada pelo equilíbrio e poderá abrir margem para boas novidades — mesmo que exista, também, a possibilidade de consolidação de dinastias na Espanha e Inglaterra.

Serie A: Juventus entra forte para recuperar título

Agora com Motta, técnico que levou o Bologna para Champions, é possível esperar mais de uma Juventus que, com Allegri, era um time pouco vistoso e criativo.

O elenco que já era bom teve as adições de Douglas Luiz, Khéphren Thuram e Juan Cabal, perdendo apenas Rabiot e Alex Sandro entre jogadores importantes. Imaginando que o foco seja o título da Serie A, a Inter de Simone Inzaghi ganhou um enorme concorrente — o que não teve em 2023/24.

O outro gigante do trio, Milan, agora é treinado por Paulo Fonseca, mas as expectativas ainda são baixas porque o mercado do Rossonero tem sido abaixo (a realidade pode mudar se a gestão fortalecer o elenco).

Nos times italianos intermediários também há muitas histórias legais para acompanhar e, quem sabe, algum deles se enfia no meio da disputa. O Napoli terá Antônio Conte à beira do campo, capaz de fazer um time competitivo na mesma medida de brigar com a direção e sair do clube em poucos meses.

Na capital da Itália, Daniele De Rossi segue no comando da Roma após ter substituído Mourinho ainda em janeiro e o time se tornar um dos mais consistentes do país.

Na rival Lazio, Mauricio Sarri saiu em março após três anos no cargo, Igor Tudor treinou no fim do último Campeonato Italiano e Marco Baroni, ex-Hellas Verona, assumiu para 24/25.

Bundesliga: Dortmund e Leipzig podem surpreender

O cenário do futebol alemão é inédito em muito tempo. A temporada vai começar sem o Bayern ser o atual campeão pela primeira vez desde 2013. E o vencedor atual, o Leverkusen de Xabi Alonso, promete manter o nível, já que não negociou nenhum titular — só Josip Stanisic voltou de empréstimo aos Bávaros.

Na terceira temporada do técnico espanhol, o time ainda contratou dois bons jogadores para o elenco (Aleix García e Martin Terrier), além do jovem zagueiro Belocian.

Claro que manter o nível do time que passou mais de 50 jogos invicto na temporada passada é quase impossível, ainda mais disputando a Champions ao mesmo tempo, mas promete ser outro grande ano dos Aspirinas.

O Bayern continua com um bom elenco e fortaleceu com João Palhinha, Olise e Hiroki Ito, tudo sob comando do jovem Vincent Kompany, que ainda não se provou em um time dessa magnitude e pressão. Será curioso ver como o belga lidará com esse contexto específico dos gigantes da Baviera.

No pelotão abaixo, estão Borussia Dortmund, no que será o primeiro trabalho de Nuri Şahin como técnico principal, e o RB Leipzig, segurando Xavi Simons e trazendo o “Neymar norueguês”, Antonio Nusa, e chegando na terceira temporada com Marco Rose.

Sensação de 23/24, será difícil para o Stuttgart manter o nível após as saídas de Ito, Waldemar Anton (a dupla titular da zaga) e o artilheiro Guirassy.

Ligue 1: Sem Mbappé, PSG pode abrir margem para o Marseille

Perder Neymar e Messi não foi um grande problema para os parisienses em 2023 porque Mbappé vestiu a camisa de principal craque do time e o responsável por centralizar os gols. No cenário europeu teve o mesmo insucesso, mas manteve nos padrões o futebol francês com mais títulos.

Agora, sem o camisa 7, abre margem que o PSG não vença aqueles jogos mais complexos que o craque anterior resolvia. Cabe ver se Luis Enrique conseguiu tornar seu time competitivo sem Kylian, como alegou testar no fim da temporada passada ao deixar Mbappé no banco em algumas partidas.

Com a “era Catar” no Parque dos Príncipes, foram 10 títulos da Ligue 1 desde 2013, com Monaco (2017) e depois Lille (2021) quebrando a dinastia. 2024/25 parece uma nova possibilidade, especialmente para Lyon e Olympique de Marseille.

O time de Marselha será comandado por Roberto De Zerbi, um dos técnicos mais influentes do futebol mundial nos últimos anos, com reforços que totalizam 84 milhões até aqui — há a perspectiva de mais.

Enquanto o OL de John Textor, após ser o time que mais investiu na janela de janeiro, abriu os cofres de novo para gastar 134 milhões, com destaque para Mikautadze, georgiano que jogou bem na Eurocopa.

La Liga e Premier League: será difícil ver algo além de Real e City

Se as trocas de treinadores podem tornar as outras ligas ainda mais competitivas e abertas, a não mudança em Espanha e Inglaterra talvez seja consolidação ainda maior das hegemonias de Real Madrid e Manchester City.

Guardiola, vencedor de 6 das 8 Premier Leagues que disputou, está no último ano de contrato e deu indícios que pode sair, o que pode ser um fator para incentivar o elenco supervencedor a levar mais uma vez o título inglês e ampliar o recorde para um pentacampeonato inglês seguido.

Mais um ano com Arteta, o Arsenal se mostrou um rival à altura nas últimas duas temporadas e pode ameaçar os Citizens.

O Liverpool, outrora principal adversário de Guardiola, não contratou ninguém para o novo técnico Arne Slot, enquanto a desorganização do Chelsea e a transição do Manchester United tiram a possibilidade de título da liga.

Na Espanha, o melhor coletivo, projeto, trabalho de técnico (desde 2021 com Ancelotti) e elenco ganhou o acréscimo de Mbappé e Endrick. Mesmo com as saídas de Kroos e Nacho, é difícil imaginar que o Real não seja campeão nacional de novo e continue como candidato à Champions (mais uma vez).

O Barcelona, ainda com dificuldades financeiras, será treinado por Hansi Flick e só trouxe Dani Olmo. Já o Atlético de Madrid pode surpreender pelos reforços e mais um ano com Simeone, mas ainda há problemas no elenco.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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