Brasil

Pablo Maia comanda o meio-campo do São Paulo em ano que coadjuvantes ofuscaram estrela de James

James Rodríguez rendeu abaixo do esperado e viu os carregadores de piano do São Paulo brilharem

O São Paulo de Dorival Júnior transformou 2023 em um ano eterno na história do clube ao conquistar o título inédito da Copa do Brasil. E o fez com um estilo de jogo característico, de um time que se propôs a mandar nas partidas tanto no Morumbi quanto fora de casa (onde muitas vezes não conseguiu, como a campanha no Brasileirão pode provar). Não é à toa que o Tricolor é disparado a equipe com mais inversões de jogadas no Brasil e aparece em segundo no ranking de posse de bola do Brasileirão, atrás apenas do Fluminense. E tudo isso passa por um meio-campo que ditou o ritmo e sustentou a equipe durante toda a temporada.

Inclusive, antes mesmo da chegada de Dorival, em abril. Sob o comando de Rogério Ceni no Paulistão, era o meia Galoppo quem empilhava gols e se isolava na artilharia da equipe – foram oito antes da grave lesão no joelho que o tirou do restante da temporada. A mudança de comando alterou também a hierarquia do setor e abriu espaço tanto para afirmações, quanto para o caminho inverso: alguns atletas acabaram arquivados. Jhegson Méndez é o expoente deles. Mas Luan e Gabriel Neves – que renasceram com o atual treinador – estão fora dos planos para 2024.

O importante par ao São Paulo é que com Dorival, Pablo Maia cresceu e se consolidou como um primeiro volante quase insubstituível. Alisson saiu do lado do campo para se transformar em um segundo volante que parece que jogou a carreira inteira por ali. Na esquerda, Rodrigo Nestor soterrou as críticas para virar herói do título da Copa do Brasil. E Wellington Rato deu tantos passes para gol que encerrou o ano como o líder em assistências do elenco, com dez.

É sintomático que esses quatro nomes sejam citados como destaque no meio-campo justamente em uma temporada em que o clube anunciou Lucas Moura e James Rodríguez como grandes contratações para mudar o patamar da equipe. O primeiro oscilou de rendimento na reta final da temporada, mas correspondeu quando foi preciso: com protagonismo na Copa do Brasil. O colombiano, por sua vez, encerra 2023 ofuscado pelos companheiros e com a missão de mostrar muito mais no ano que vem.

Estes foram os pontos fortes do meio-campo do São Paulo

Minutos após a derrota por 5 a 0 sofrida para o Palmeiras no Allianz Parque, Dorival Júnior foi taxativo ao dizer que Pablo Maia é o jogador que ele mais tem dificuldades de substituir no São Paulo. O status de quase insubstituível mostra bem como o volante foi a referência do meio-campo ao longo de toda a temporada. Prova disso é que o treinador teve muitos titulares em outras funções do setor. Mas o Made In Cotia nunca saiu do time justamente por aliar poder de marcação com a boa chegada ao ataque, especialmente em finalizações de média distância.

Pablo Maia é quem faz o São Paulo jogar. Mas foi justamente na ausência dele que Dorival encontrou um outro volante no ano. Alisson passou a atuar mais recuado na vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras na Copa do Brasil e não saiu mais do time. Se reinventou em uma posição que o credencia a permanecer por bastante tempo na equipe titular. Mas é impossível falar do meio-campo do São Paulo em 2023 sem mencionar Rodrigo Nestor. O garoto de Cotia conviveu com críticas e até com ameaças nesta temporada. As soterrou para eternizar seu nome na história ao simplesmente decidir a Copa do Brasil para o clube. Foi dele o passe para o gol de Calleri na vitória por 1 a 0 no jogo de ida e foi dele o gol do título, no Morumbi.

Rodrigo Nestor marcou gol do título histórico para o São Paulo – Foto: Iconsport

Estes foram os pontos fracos do meio-campo do São Paulo

O São Paulo de 2023 é também um time que arquivou muitos jogadores em seu meio-campo. Especialmente na função de volante. Jhegson Méndez era titular com Rogério Ceni e praticamente sumiu com Dorival. Luan, por sua vez, renasceu sob o comando do atual treinador, após uma polêmica sobre a renovação de seu contrato. Mas ele também perdeu espaço por não entregar o esperado. O mesmo vale para Gabriel Neves: retomou seu lugar com a mudança na comissão técnica, mas desapareceu nos últimos jogos. Os três devem deixar o clube para 2024.

Agora, precisamos falar também de quem permanecerá no clube, mesmo sem render o esperado. Com apenas alguns meses no Brasil, é impossível dizer que James “decepcionou”. Mas o colombiano enfrentou alguns problemas físicos ao longo do ano e não conseguiu ser no São Paulo o que ele é para a seleção colombiana. Prova disso é que ele atuou em apenas 14 jogos, foi protagonista negativo na eliminação para a LDU na Sul-Americana e sequer esteve em campo na Copa do Brasil.

James não conseguiu render como o esperado em 2023 (Foto: Icon Sport)

O que esperar do meio-campo do São Paulo em 2024?

Com tudo isso, James chegou a colocar sua permanência no clube em dúvida durante uma entrevista ao ge. Mas o São Paulo nunca se preocupou com o futuro do colombiano e conta muito com ele para 2024. O Tricolor quer ver o meia como o protagonista que tanto se espera, e Dorival já sabe a melhor forma de utilizá-lo para isso. A maior expectativa do setor do meio-campo recai sobre a estrela que chegou para mudar o patamar do time. Agora, é hora de ele fazer isso, de fato.

Mas o São Paulo também tem mais um desafio no meio-campo: funcionar sem Pablo Maia. O clube já se mexeu no mercado para garantir que essa dependência diminua. A contratação do experiente Luiz Gustavo serve para que Dorival possa rodar a equipe sem ter medo de sofrer sem o principal jogador do setor. Mas a reformulação será ainda maior. Se Luan, Gabriel Neves e Jhegson Méndez saírem, de fato, será preciso repor as peças.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
Botão Voltar ao topo