Copa do Brasil

São Paulo faz final de manual contra um apático Flamengo e sai na frente na Copa do Brasil

Com recorde de renda no Maracanã, São Paulo encaixa jogo e aproveita Flamengo abaixo do ritmo para abrir vantagem na Copa do Brasil

O São Paulo venceu o Flamengo por 1 a 0 neste domingo (17), no Maracanã, e largou em vantagem na final da Copa do Brasil. Calleri marcou o gol do Tricolor Paulista, no fim do primeiro tempo. O Rubro-Negro contou com apoio massivo de sua torcida, mas esbarrou nas próprias limitações, um esquema ruim e um rival extremamente concentrado.

Com o resultado, o São Paulo conquistou excelente vantagem para o jogo de volta, que será disputado daqui a uma semana, no Morumbi. A equipe de Dorival Júnior pode até empatar em seus domínios que, mesmo assim, garante o título inédito. O time comandado por Jorge Sampaoli, por sua vez, precisa de uma vitória se ainda quiser sonhar com o caneco.

Flamengo sem identidade

Em primeira impressão, o torcedor do Flamengo poderia afirmar que o time não jogou nada no primeiro tempo, e até o mais fanático e imediatista estaria certo. O time de Sampaoli foi um verdadeiro bando, desconexo entre as linhas e totalmente vulnerável. Para ter uma noção do deserto de ideias, o Rubro-Negro sequer finalizou ao gol nos primeiros 45 minutos de partida.

A primeira e única chance foi com Bruno Henrique, em grande jogada de Gerson — o melhor do Flamengo nos primeiros 45 minutos —, mas o atacante optou por cruzar para Gabigol ao invés de finalizar. Fora isso, o meio-campo sofreu com a saída de bola, e a defesa teve atuação patética. O lance do gol é um retrato da falta de concentração da dupla de zaga e de Matheus Cunha, em uma de suas piores partidas pelo clube.

Sampaoli deixou o campo antes mesmo do primeiro tempo acabar. Momento sintomático do Flamengo (Foto: Reprodução/TV Globo)

No segundo tempo, mais do mesmo. O Flamengo até criou mais chances e poderia ter marcado com Pedro e Gabigol, em lance brigado dentro da área, mas a sorte não se alia a quem não tem competência. Cebolinha também teve oportunidade para finalizar em gol e esbarrou nas próprias limitações. Mais uma vez, um atacante do Rubro-Negro prioriza o passe ao chute.

No fim das contas, deu para sentir um Flamengo em ritmo de Campeonato Carioca. Está tudo errado, desde a escalação, atuação e decisões tomadas pela diretoria. Ninguém se salva, e a previsão para o jogo de volta é de mais um vice. A menos que aconteça um milagre, e a camisa rubro-negra tenha uma tarde mística no Morumbi, daqui a uma semana, o clube completará um ano com todos os vexames possíveis.

De positivo no Flamengo, só a festa da torcida

Os jogadores não representaram, mas a torcida presente no Maracanã deu show antes da bola rolar. Teve mosaico 3D com ídolos do clube, fogos de artifício, fumaça rubro-negra, bandeiras e balões. O ambiente estava bonito, mas, ao longo do jogo, os torcedores do Flamengo foram perdendo a paciência. Quando a renda, superior a R$ 26 milhões, foi anunciada, a diretoria do clube recebeu xingamentos. No fim, clima hostil.

São Paulo bem armado por Dorival

Eram mais de 60 mil vozes rubro-negras que ressoavam em uníssono no Maracanã. Mas mais parecia que o São Paulo estava no Morumbi durante os primeiros 45 minutos da decisão. O Flamengo tinha Gabigol, Pedro e Bruno Henrique em um ataque armado para ser letal desde o início. E mesmo com um trio tão decisivo e talentoso em campo, faltou tudo à equipe no primeiro tempo: organização, poder de marcação, ofensividade… O Rubro-Negro virou presa fácil, para incredulidade e revolta de quem lotava as arquibancadas. As vaias que ecoaram na saída dos jogadores para o vestiário são prova disso.

Dorival Júnior armou o São Paulo com Wellington Rato no lugar de Luciano, para ter um time mais intenso e combativo, com Lucas Moura centralizado. Funcionou, e o primeiro tempo são-paulino foi de manual. O Tricolor conseguiu ficar com a bola para esfriar a pressão inicial de um Flamengo que em momento algum conseguiu se desvencilhar da estratégia rival. Os visitantes encontraram um caminho às costas do camisa 10 rubro-negro. E foi por lá que Caio Paulista acionou Rodrigo Nestor. O meia cruzou na cabeça de Calleri. Um indeciso Matheus Cunha ficou no meio do caminho. E o centroavante platinado cabeceou para o gol livre para abrir o placar.

Um time que pretende ser campeão precisa entender o quanto antes que uma final também é feita de boas doses de sofrimento. E o São Paulo voltou do intervalo obstinado a fazer um jogo de sobrevivência no Maracanã. Se a entrada de Everton Ribeiro deixou o Flamengo mais ofensivo, o Tricolor respondeu com a estratégia que precisava: baixou as suas linhas para congestionar o entorno da área e se proteger da imposição natural do adversário.

Calleri foi o herói do São Paulo na partida (Foto: Ruano Carneiro/Carneiro Images/Sipa USA/IconSport)

Deu certo. Mas foi preciso lutar com unhas e dentes para amarrar o Flamengo até sair do Maracanã com uma merecida vitória. O Rubro-Negro beirou os 60% de posse de bola e teve apenas uma grande chance durante o segundo tempo, com Pedro, de cabeça. E quando isso aconteceu, o São Paulo deu sua resposta à altura: para ser campeão, às vezes, é preciso salvar em cima da linha. E Pablo Maia o fez. Alisson, um dos melhores em campo, quase marcou o segundo em chute da entrada da área.

O Tricolor, de tão recuado, obrigou o adversário a apelar para chutes de longa distância. Nenhum ameaçou a meta de Rafael. E o sistema defensivo, de atuação impecável, protegeu até o fim a vitória que deixa os são-paulinos a 90 minutos de um título inédito.

Flamengo vai de mal a pior e só um milagre garante o título

A derrota escancara os erros do Flamengo em uma temporada para se esquecer e complica de vez o time na busca pelo título. O próximo desafio do Rubro-Negro será diante do Goiás, nesta quarta-feira (20), às 19h (de Brasília), na Serrinha, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. O duelo, inclusive, antecede o jogo de volta da decisão da Copa do Brasil, que será disputado no domingo (24), no Morumbi.

São Paulo chega com moral para conquistar troféu que falta

O São Paulo agora joga por um empate para conquistar o título inédito da Copa do Brasil. As duas equipes voltam a se enfrentar no próximo domingo (17), às 16h (horário de Brasília), no Morumbi, no jogo que decidirá quem será o campeão. Antes, o Tricolor tem pela frente o Fortaleza na próxima quarta-feira (20), às 21h30 (de Brasília), em casa, pelo Brasileirão.

Estatísticas de Flamengo x São Paulo – Copa do Brasil

  • Posse de bola: Flamengo 52% x 48% São Paulo
  • Chutes: Flamengo 6 x 5 São Paulo
  • Chutes a gol: Flamengo 2 x 2 São Paulo
  • Gols: Flamengo – ; São Paulo – Calleri, aos 45′ do 1ºT
Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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