Das cobranças à ovação no Maracanã: Alisson se reinventa e vira titular absoluto no São Paulo
Equipe vive péssimo momento e não marca a três jogos com Sampaoli, mas volta de Arrascaeta pode dar levante aos centroavantes em baixa
Alisson percorreu todo o gramado do Maracanã, como um marcador implacável no meio-campo do São Paulo. Deixou tudo de si até desabar esgotado e consumido pelas cãibras. O agora volante de Dorival Júnior deixou o campo com dificuldades para caminhar de tanta entrega que depositou nos 68 minutos em que atuou na vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, no último domingo (17), pelo jogo de ida da final da Copa do Brasil.
E foi quando ele passou perto dos 3,5 mil são-paulinos que se aglomeravam na arquibancada que ele percebeu que todo o esforço – não só apenas na decisão – valeu a pena. Antes alvo de críticas inflamadas da torcida, Alisson ouviu seu nome gritado em uníssono pelos tricolores no setor de visitantes.
Uma prova da reviravolta que ele vive em 2023 pelo São Paulo. E aqui, não falamos exatamente da mudança de posição de um meia-atacante que atuava sempre como extrema e virou volante com Dorival. O fato é que nenhum outro jogador deu um salto tão grande de patamar desde o início do ano. Após iniciar a temporada afastado do elenco por questões pessoais, Alisson chega ao momento mais importante da década para o clube com status de titular absoluto da equipe.
Tanto que ele está entre os 10 jogadores que sequer foram relacionados pelo técnico na derrota para o Fortaleza, na última quarta-feira (20), pelo Campeonato Brasileiro. Dorival mandou a campo um time todo reserva e com Rafael como único titular presente no banco como opção para o decorrer da partida.
O foco, por óbvio, é total no jogo da volta da final da Copa do Brasil, neste domingo (24), às 16h (horário de Brasília), contra o Flamengo, no Morumbi. Por isso, o treinador preservou todos os seus titulares de linha, desgastados pelo esforço do duelo de ida e da partida anterior, contra o Inter em Porto Alegre. Alisson, inclusive, só foi substituído por conta do desgaste.
– Não foi lesão. Foram cãibras (sobre Alisson). A partida do meio de semana, o desgaste foi excessivo. Um campo super pesado. Tivemos que fazer alterações mais por parte física do que propriamente uma condição tática. O nível de exigência do jogo de quarta foi impressionante. Nós não suportaríamos os dois tempos, precisaria até de mais substituições – disse Dorival.
Como Dorival reinventou Alisson
Após começar o ano afastado do grupo, Alisson foi reintegrado no final de fevereiro, mas ganhou poucas chances com Rogério Ceni. Isso, mesmo que tenha sido uma opção recorrente do ex-treinador em 2022. Mas bastou Dorival Júnior assumir a equipe para que ele mudasse de status. De renegado, virou homem de confiança da comissão técnica.
Prova disso é que ele atuou em 33 dos 36 jogos do treinador pelo clube. Foi titular em 24 deles. Sempre mostrando um lado combativo que o credenciou a recuar casas no campo. A mudança de extrema para volante se consolidou com a atuação dele em clássicos decisivos.
O jogo da virada foi a vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras no Allianz Parque, pela volta das quarta de final. A escalação com Alisson como volante em um duelo tão decisivo causou surpresa. A resposta em campo na partida e nos jogos que vieram depois só mostrou como Dorival Júnior estava certo.
– O Alisson tem se especializado nessa função. Espero que ele se dedique ainda mais. Tem qualidade para desenvolver essa posição – disse Dorival à época.
? Alisson (30 anos) é o líder em acerto no passe (92%) e acerto no passe longo (80%) da @CopaDoBrasilCBF 2023. ??
⚔️ 8 jogos
?️ 1 assistência
? 9 passes decisivos
? 28 bolas recuperadas
? 8 faltas (12 sofridas!)
? 71% acerto no drible (!)
? Nota Sofascore 6.93 pic.twitter.com/6sVHeSohBq— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) September 18, 2023
A reinvenção de Alisson começou com uma conversa reservada com o auxiliar técnico Lucas Silvestre. O jogador admitiu que tinha dificuldades de atuar pelo lado direito do campo. É a mesma função em que jogou por anos pelo Grêmio, Mas as sutilezas da equipe o deixavam desconfortável em campo.
– Tive conversa com o Lucas (Silvestre), auxiliar, dizendo que tinha dificuldade de jogar pela direita, onde joguei quatro anos no Grêmio, mas de forma diferente. Deixei bem aberto, falei que tinha jogadores que poderiam fazer melhor a função. Ele me deixou bem à vontade – contou Alisson.
O agora volante chama atenção pela entrega em campo, como foi visto no Maracanã no último domingo. Mas ele se destaca mesmo na Copa do Brasil pelo que faz com a bola nos pés. Ele é o jogador com o maior índice de acerto de passes (92%) e de lançamentos (80%) na competição. E Alisson ainda contribuiu com uma assistência, nove passes decisivos e 28 roubadas de bola, conforme números do portal de estatísticas Sofascore.
São Paulo a um empate do título inédito
Com a vitória, o São Paulo está a um empate do título inédito da Copa do Brasil. O jogo da volta está marcado para o próximo domingo (24), às 16h (horário de Brasília), no Morumbi. Antes, o Tricolor recebe o Fortaleza em casa na próxima quarta (20), às 21h30, pelo Brasileirão.