Brasileirão Série A

Como Dorival reinventou Alisson e o transformou em coringa do São Paulo

Meio-campista vive momento especial e Dorival Júnior tem papel importante

Dorival Júnior levou o São Paulo das vaias no Morumbi à briga por títulos – no plural – em menos de três meses com uma fórmula que parece simples (mas não é). A cada entrevista coletiva, o técnico atribui o sucesso recente ao vínculo de confiança criado entre comissão técnica e elenco. Um vínculo que hoje ninguém personifica em campo tão bem quanto Alisson.

Alvo de críticas e desconfiança da torcida praticamente desde chegou ao São Paulo, em 2022, o meio-campista se reinventou – ou foi reinventado – sob o comando do treinador. De extrema pela direita, virou volante com Dorival Júnior. E ao levar sua combatividade para um setor mais recuado do campo, se tornou peça-chave e homem de confiança do treinador.

O novo momento se transformou em desabafo após a goleada por 4 a 1 no clássico contra o Santos, no último domingo (16), no Morumbi, pelo Brasileirão. O coringa de Dorival minimizou as cobranças anteriores dos torcedores e reforçou sua confiança no trabalho pelo clube.

“A gente não tem controle sobre o que o outro pensa. Eu tenho controle no30 que acredito, no que faço no dia a dia. Eu me dedico, não fico aparecendo em rede social para torcedor, não é meu perfil. Não fico perdendo tempo vendo essas coisas, não acrescenta nada. Eu me sinto privilegiado de ter jogado só em times grandes. Qualidade eu tenho, senão não estaria no São Paulo”, disse Alisson.

Mudança começou em conversa

A reinvenção de Alisson começou com uma conversa reservada e sincera om o auxiliar técnico Lucas Silvestre. No papo, o jogador admitiu que tinha dificuldades de atuar pelo lado direito do campo. É a mesma função em que jogou por anos pelo Grêmio, Mas as sutilezas da equipe o deixavam desconfortável em campo.

“Tive conversa com o Lucas (Silvestre), auxiliar, dizendo que tinha dificuldade de jogar pela direita, onde joguei quatro anos no Grêmio, mas de forma diferente. Deixei bem aberto, falei que tinha jogadores que poderiam fazer melhor a função. Ele me deixou bem à vontade”, conta Alisson.

 

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Clássicos consolidam coringa de Dorival

Alisson começou o ano afastado do grupo para tratar de um problema pessoal. Depois que foi reintegrado, no final de fevereiro, ele ganhou poucas chances com Rogério Ceni. Mas bastou Dorival Júnior assumir a equipe para que ele mudasse de status. De renegado, virou homem de confiança da comissão técnica.

Prova disso é que ele atuou em 21 dos 23 jogos do treinador pelo clube. Foi titular em sete deles. Sempre mostrando um lado combativo que o credenciou a recuar casas no campo. Neste período, o meio-campista soma 69 bolas recuperadas (média de 3,2 por jogo) e 30 desarmes (média de 1,4 por jogo).

O que Dorival fez foi aproveitar esta característica em outro setor da equipe. O treinador já havia ensaiado o recuo em algumas partidas. Mas Alisson se consolidou como volante na vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, na última quarta-feira (12), pela Copa do Brasil. Surpresa na escalação, suportou boa parte da partida mesmo com um cartão amarelo recebido no início do jogo.

“Mesmo assim (com o cartão), se manteve muito bem. Agressivo no combate. Natural que tenha tomado cuidados a partir do momento em que tomou cartão. O Alisson tem se especializado nessa função. Espero que ele se dedique ainda mais. Tem qualidade para desenvolver essa posição”, elogiou Dorival Júnior após a partida.

Companheiros viram “professores” da posição

Para aperfeiçoar o posicionamento e os movimentos necessários da nova função, Alisson transformou alguns colegas de elenco em professores. O volante Pablo Maia costuma passar orientações ao meio-campista. O lateral-direito Rafinha, com anos de Europa, também dá conselhos ao jogador de 30 anos.

“Venho conversando com jogadores que fazem a função, concentro com o Pablo (Maia), ele vem me orientando. O Rafinha também pega no meu pé. Venho me adaptando, conversando com o Dorival sobre a função” revela Alisson.

Alisson chegou ao São Paulo no início de 2022, após quatro temporadas no Grêmio. Em duas temporadas, 66 jogos, com com quatro gols e sete assistências. O contrato do meio-campista com o Tricolor paulista vai até o final de 2024.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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