Brasileirão Série A

Os reencontros de Germán Cano na noite especial de Fluminense x Internacional

Ídolo argentino volta ao comando do ataque em estádio que o eternizou como herói, contra adversário mais do que especial

Quando subir ao gramado do Beira-Rio nesta sexta-feira (8), às 19h (de Brasília), Germán Cano certamente levará consigo muitas lembranças. O argentino volta ao ataque do Fluminense que enfrenta o Internacional pelo Campeonato Brasileiro e terá um adversário especial pela frente.

Antes mesmo de brilhar na Libertadores e se consagrar como Rei da América, Cano já tinha balançado as redes do Colorado. E desde que se tornou herói da semifinal em 2023, ele volta pela primeira vez ao estádio.

Na verdade, o jogo também marca o retorno de Germán Cano a Porto Alegre. A Trivela relembra momentos marcantes e reencontros do argentino nesta noite especial.

Cano marcou contra o Inter antes mesmo da Libertadores

O Fluminense vinha de um péssimo mês de junho após a conquista do Campeonato Carioca de 2023.

Sofrendo com lesões que tiraram boa parte dos então titulares, o time comandado por Fernando Diniz recebia o Internacional de Mano Menezes no Maracanã. Mas o momento não era bom. Tanto que o técnico que conquistaria a América meses depois chegou a ser vaiado.

Quem questionava a equipe àquela época, entretanto, mal sabia o que viria no ano seguinte.

De todo jeito, Cano, em simbiose rara com a torcida tricolor e o Maracanã, tratou de jogar a energia ruim para longe. Na verdade, para dentro das redes. Aos 24 minutos, o atacante aproveitou bobeira da defesa colorada e fuzilou de primeira para as redes.

Era o primeiro gol contra o Inter, que ainda seria uma vítima especial para o ídolo.

Cano mantém Fluminense vivo na semifinal da Libertadores

Poucas vezes o Maracanã comemorou tanto um gol quanto o de empate entre Fluminense e Internacional.

Antes, entretanto, muita coisa aconteceu.

O Tricolor começou bem, empurrado por quase 65 mil pessoas no Maracanã. Aos 9, Arias roubou bola na direita, avançou e achou John Kennedy, que tocou para Cano abrir o placar. Foi a primeira catarse do estádio naquela noite especial.

O Flu jogava bem, e a semifinal parecia um sonho. Até que Samuel Xavier foi expulso aos 45, com dois amarelos quase seguidos. Apenas cinco minutos depois, Hugo Mallo subiu nas costas de Marcelo e empatou o jogo para o Inter.

Diniz esperou o intervalo para mexer, colocando Guga para rearrumar a defesa. A substituição que gerou até certo ruído com a reportagem da Trivela na entrevista coletiva após o jogo demorou a funcionar.

Isso porque, com um a mais, o Colorado passou a mandar no jogo. Tanto que virou o placar. Aos 15, Alan Patrick colocou a bola nas redes após grande jogada do ataque do Inter. Também parecia tudo encaminhado. Mas Eduardo Coudet cometeu um pecado capital: sacou Alan Patrick e Maurício e escalou Lucca e Dalbert, improvisado. Sua equipe morreu no jogo.

Quem renasceu foi o Fluminense. Apenas três minutos depois da substituição, Arias cobrou escanteio, Nino desviou e Cano fuzilou para as redes. O argentino mantinha o Flu vivo na semifinal.

A noite especial do herói Cano no Beira-Rio

O Fluminense tinha apenas mais dois jogos para dar fim à sua maior obsessão: a Copa Libertadores da América. A essa altura, todos já sabiam que todo dia era 4 de novembro para o Tricolor.

Antes, entretanto, havia um 4 de outubro. O Flu enfrentaria o Inter, em sua casa, no Beira-Rio, fator que conferia ao Colorado a única vantagem após o jogo de ida.

As ruas no entorno do estádio pegaram fogo. Literalmente. Um espetáculo marcante da torcida para receber os jogadores fora do estádio. Dentro dele, o DJ meio perdido resolveu tocar “Tá Escrito”, do Revelação, em alto e bom som. Uma música que virou tema do título para os tricolores. Antes, entretanto, havia muito sofrimento pela frente.

Torcida do Inter fez lindo espetáculo de ruas de fogo contra o Fluminense em 2023 - Foto: Max Peixoto
Torcida do Inter fez lindo espetáculo de ruas de fogo contra o Fluminense em 2023 – Foto: Max Peixoto

Isso porque o Internacional não tomou conhecimento do Fluminense. Aos nove, Mercado aproveitou falha de Fábio e colocou os gaúchos na frente.

Até que, no intervalo, John Kennedy voltou ao time. Mas se não fossem os gols perdidos de Enner Valencia, é verdade, a história poderia ter sido diferente.

Mas a história é feita mesmo dos vencedores. Como John Kennedy, que empatou o jogo com passe de Cano, aos 35, e transformou o Beira-Rio em velório. Os colorados acompanhavam incrédulos.

Até que, seis minutos depois, Yony González arrancou e passou para JK. A bola sobrou para Cano, que não perdoou e se eternizou.

Uma noite especial de virada e classificação heroica à final da Libertadores.

German Cano comemora o 12º gol na Libertadores e a vaga do Fluminense na final (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)
German Cano comemora o 12º gol na Libertadores e a vaga do Fluminense na final (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)

O reencontro em fase diferente

Desta vez, entretanto, é tudo muito diferente para Fluminense e Internacional. O Tricolor sofre para se livrar de vez do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, e comandado pelo velho conhecido colorado Mano Menezes, terá nove desfalques.

Isso faz, ao menos, com que Cano volte ao ataque. Hoje reserva, ele substitui o jovem Kauã Elias, suspenso. E Guga, curiosamente, um amuleto das decisões, estará em campo em função diferente. Jogará adiantado, dobrando com Samuel Xavier para conter Bernabei e Wanderson.

O reencontro será em fase diferente. Mas o Fluminense espera que o Inter e o Beira-Rio tragam mais uma noite especial para o clube e para Germán Cano.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
Botão Voltar ao topo