América do Sul

A Recopa é a chance do Fluminense de encerrar seu maior pesadelo, e tudo termina hoje

O Fluminense enfrenta a LDU no Maracanã pela Recopa e pode dar fim ao seu maior pesadelo e conquistar uma taça inédita

Um velho ditado diz que cavalo selado não se passa duas vezes. Muitos pensaram assim quando o Fluminense desperdiçou a chance de ser campeão da Libertadores em casa, em 2008. O clube, entretanto, não se deixou levar pela crença popular e viu o destino sorrir para ele mais uma vez. Com o fim da obsessão e vários fantasmas exorcizados pelo caminho, o Tricolor terá a chance de encerrar mais um pesadelo nesta quarta-feira (29), às 21h30 (de Brasília), quando enfrentar a LDU pela Recopa Sul-Americana.

O Flu já teve outra chance de cicatrizar sua maior ferida na Copa Sul-Americana, um ano depois de sofrê-la. Mas sucumbiu de novo. Desta vez, entretanto, as coisas são diferentes para o Tricolor. Já campeão da Libertadores e livre dos demônios que reencontrou pelo caminho, há mais uma missão pela frente — e mais simples do que as últimas.

O histórico que parece assustar pode ser favorável. A desvantagem de 1 a 0 foi igualada ou batida em todas as vezes que o Fluminense enfrentou o adversário no Maracanã, em 2008, 2009 e 2017. E o Tricolor venceu suas últimas três finais no estádio. Duas delas, com Fernando Diniz, 100% em decisões pelo clube como técnico.

A Recopa Sul-Americana por si só é uma conquista inédita para o clube e seria mais um título internacional para a galeria de troféus das Laranjeiras, agora modernizada em um novo museu. Mas o adversário suscita ainda mais motivação.

Fluminense
29/02/24 - 21:30

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LDU Quito

Fluminense - LDU Quito

Recopa Sudamericana - Maracana

1° Turno

O filme repetido em Quito, com erros de arbitragem e dificuldade na altitude, foi reforçado durante a semana pelo adversário. Em tom de brincadeira, os equatorianos estreitaram laços com o arquirrival Flamengo e sua torcida. O goleiro Domínguez afirmou sem medo de ser coibido que a equipe pretende “sujar o jogo”, acusando os tricolores de cêra na partida de ida.

Algozes históricos ficaram pelo caminho na Libertadores

O Fluminense se acostumou em 2023 a tirar os fantasmas de seu caminho um a um. Nas fases de mata-mata, tal e qual os gols de John Kennedy, a certeza era de eliminar algum rival que já fizera o Tricolor padecer no passado.

John Kennedy comemora gol sobre o Argentinos Juniors, pela Libertadores; atacante foi de problema à solução no Fluminense - Foto: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC
John Kennedy comemora gol sobre o Argentinos Juniors, pela Libertadores; atacante foi de problema à solução no Fluminense – Foto: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC

Começou com o Argentinos Juniors, que eliminou o então campeão brasileiro de 1984 na segunda Libertadores de sua história. Nas oitavas de final, o adversário foi eliminado no Maracanã e o Flu começou a avançar.

Depois, veio o Olimpia, outra espinha engasgada na garganta dos tricolores. Os paraguaios haviam eliminado o Fluminense na competição duas vezes, em 2013 e 2023.

John Kennedy é um dos jovens de Xerém que se destaca em 2023 (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)
John Kennedy é um dos jovens de Xerém que se destaca em 2023 (Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)

Nas semifinais, outra revanche, mas não de Libertadores. Depois de perder a Copa do Brasil de 1992 para o Internacional com erros admitidos pela arbitragem, o Flu foi à forra e eliminou os colorados de virada no Beira-Rio lotado com mais de 50 mil pessoas. Um roteiro de cinema, que se encerraria de maneira épica.

Se perdeu a Libertadores de 2008 no Maracanã, o Fluminense conseguiu conquistá-la no mesmo palco. E contra o maior time da América do Sul, o Boca Juniors, que já havia eliminado o Tricolor em 2012 — e sido derrotado no Rio de Janeiro em 2008 nas semifinais.

Fernando Diniz abraça John Kennedy após o título da Libertadores do Fluminense: treinador tem relação especial com heroi da final - Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C
Fernando Diniz abraça John Kennedy após o título da Libertadores do Fluminense: treinador tem relação especial com heroi da final – Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C

Agora, vem a LDU. Os equatorianos já foram eliminados pelo Fluminense na Copa Sul-Americana de 2017, mas nada que chegue perto das derrotas sofridas pelos tricolores. Se Recopa Sul-Americana não fecha a ferida, ao menos, ajuda a virar a página. Conquistar a taça inédita sobre o adversário terá gosto especial.

Fluminense campeão da Libertadores não sente peso do passado

As palavras de German Cano foram tão certeiras quanto sinceras. No Fluminense, embora haja um sabor diferente em enfrentar os equatorianos, ninguém cita o que passou. A motivação é conquistar uma taça inédita e colocar ainda mais nomes na história do clube.

— Não carregamos peso do passado, mas uma responsabilidade muito grande de buscar uma taça que o Fluminense não tem. A temporada já começou e, pouco a pouco, vamos fazer o que o Fernando pede. Sabemos que teremos a nossa torcida no Maracanã. Vamos jogar na nossa casa, com a nossa torcida. Vamos tentar fazer o nosso melhor. Não temos o peso de nada, só o compromisso de ganhar o jogo — afirmou o Rei da América, em coletiva no CT Carlos Castilho.

Reforços para 2024 como Renato Augusto e Douglas Costa querem provar seu valor e mostrar que ainda tem lenha para queimar no futebol. O técnico Fernando Diniz, por outro lado, também quer seguir em seu caminho de valorização das pessoas, quebrando paradigmas do futebol como idade, posição e esquema tático.

 

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O Fluminense que foi campeão da Libertadores em 2023 por ser diferente, quer também fazer diferente na Recopa Sul-Americana de 2024. Para isso, precisa vencer por dois ou mais gols, para levar a taça para o novo Museu Fluminense FC em Laranjeiras. Vitória simples no tempo regulamentar leva o jogo para a prorrogação, e se persistir o empate, a final será decidida nos pênaltis. Qualquer outro resultado dá o título ao adversário.

Se for campeão, o Fluminense fatura o título inédito da Recopa, cerca de R$ 9 milhões em premiação e de quebra se torna o clube do Rio de Janeiro com mais conquistas internacionais na história do Maracanã.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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