Libertadores

Fluminense tenta exorcizar mais um fantasma contra o Inter por sonhada Libertadores

Antes do Internacional e do Beira-Rio, palco de tristeza em 1992, Fluminense bateu algozes antigos na Libertadores de 2023

Quando subir ao gramado do Beira-Rio nesta quarta-feira (4), às 21h30 (de Brasília), o Fluminense terá a oportunidade de exorcizar mais um de seus fantasmas. Depois de eliminar algozes nas outras fases de mata-mata, o Tricolor poderá se livrar de uma lembrança nada agradável do Internacional e do estádio e se classificar para a final da Libertadores, competição que é obsessão no clube.

Internacional
04/10/23 - 21:30

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Fluminense

Internacional - Fluminense

Copa Libertadores - Estadio Beira-Rio

2° Turno

Foi em 1992 que o Flu viu escorrer pelos dedos o que seria seu primeiro título da Copa do Brasil. No mesmo Beira-Rio. Contra o mesmo Inter. A equipe colorada venceu por 1 a 0 após um gol de pênalti (inexistente) de Célio Silva e abriu uma ferida no peito dos tricolores, que estavam na fila desde 1985 — e ficariam até 1995.

— É claro que ficou um gosto amargo de 1992. Nos tiraram aquele título. Agora é torcer para que o Fluminense faça no Beira Rio o que não fizemos para ganhar esse título da Libertadores no Maracanã — resumiu Lira.

O elenco do Fluminense, por outro lado, garante que o passado não é um peso para a equipe. Na chegada ao hotel, em Porto Alegre, Felipe Melo falou sobre o time de 2008, vice-campeão da Libertadores em casa. Para poder exorcizar este que é o maior de seus fantasmas, o Tricolor precisará passar pelo Inter no Beira-Rio. Um jogo de cada vez.

— Claro que o fato do Fluminense ser o clube do meu pai, da minha mãe e dos meus avós é uma responsabilidade a mais. Mas o que aconteceu no passado não interfere no agora. Tem clubes que nunca venceram e ganharam agora. Outros que já ganharam muito e não ganham — definiu Felipe.

A final da Copa do Brasil de 1992 machucou tanto o Fluminense quanto a decisão perdida da mesma competição, em 2005, ou eliminações doloridas nas Libertadores de 1985, 2013 e 2022. Mas estes fantasmas já ficaram pelo caminho. O Tricolor terá pelo menos mais um pela frente em 2023.

Argentinos Juniors, algoz do Fluminense em 1985, ficou nas oitavas

O Fluminense disputava a Libertadores pela segunda vez em 1985, após conquistar o bi do Campeonato Brasileiro, em 1985. E seu algoz na competição que anos depois ganharia outra importância para o mundo do futebol e principalmente para o clube seria o Argentinos Juniors.

Fluminense foi eliminado pelo Argentinos Juniors na Libertadores de 1985 - Foto: Reprodução/Acervo O Globo
Fluminense foi eliminado pelo Argentinos Juniors na Libertadores de 1985 – Foto: Reprodução/Acervo O Globo

Em um grupo que tinha ainda o Vasco e o Ferro Carril Oeste, maior rival do Vélez Sarsfield e campeão argentino de 1984, o Tricolor patinou no Maracanã, foi derrotado pelo Bicho e foi eliminado. Ao fim da competição, ninguém bateria o Argentinos Juniors, que já sem Diego Maradona, claro, conquistaria a Libertadores daquele ano.

Mas a edição de 2023 foi diferente. O organizado time então comandado por Gabriel Milito deu muito trabalho, mas ficou nas oitavas de final. O Fluminense arrancou empate em Buenos Aires e venceu por 2 a 0 no Maracanã, o que colocou outro fantasma no caminho tricolor.

John Kennedy e Samuel Xavier fizeram os gols da classificação do Fluminense sobre o Argentinos Juniors nas oitavas de final da Libertadores - Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC
John Kennedy e Samuel Xavier fizeram os gols da classificação do Fluminense sobre o Argentinos Juniors nas oitavas de final da Libertadores – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Olimpia, algoz do Fluminense em 2013 e 2023, ficou nas quartas

Na noite seguinte em que bateu o Argentinos Juniors no Maracanã, o Rio de Janeiro esperava por um épico Fla-Flu na Libertadores, que mais uma vez foi adiado. Isso porque, favoritíssimo e em vantagem, o Flamengo até saiu na frente do Defensores del Chaco, mas acabou sofrendo a virada. E mais um gol. O 3 a 1 com três gols de cabeça colocou o Olimpia no caminho do Fluminense — e instaurou mais uma crise na Gávea, jargão que voltou ao seu uso em 2023.

O Tricolor conhece bem o Olimpia, mas isso não queria dizer nada de bom até o mês passado. Os paraguaios foram algozes do Fluminense não em uma, mas em duas oportunidades na Libertadores, em 2013 — quando o Flu tinha um timaço campeão brasileiro em 2012 — e 2022, quando caiu antes mesmo da fase de grupos.

Fluminense foi eliminado da Libertadores pelo Olimpia em 2013 e deu o troco 10 anos depois - Foto: Reprodução/Acervo O Globo
Fluminense foi eliminado da Libertadores pelo Olimpia em 2013 e deu o troco 10 anos depois – Foto: Reprodução/Acervo O Globo

E o Defensores Del Chaco seria novamente o palco. Mas dessa vez, não de uma eliminação.

O time de Fernando Diniz não tomou conhecimento do tricampeão da competição, venceu por 3 a 1, encerrou jejum como visitante e enfim voltou às semifinais da Libertadores após 15 anos. Agora, para continuar a história, precisará vencer mais dois fantasmas.

— O recado que temos que dar é que vamos lutar muito. Quando cheguei no Fluminense, falei que meu sonho era conquistar todos os títulos. Estamos perto da final, mas também longe, porque tem o Internacional pela frente. Vamos ter muita luta, com muita batalha, vamos levar essa classificação para o Rio de Janeiro — disse Felipe Melo.

Fluminense venceu o Olimpia no Defensores del Chaco para se classificar para a semifinal da Libertadores - Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC
Fluminense venceu o Olimpia no Defensores del Chaco para chegar à semifinal da Libertadores – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Fluminense na Libertadores 2023

  • Classificado às oitavas de final no 1º lugar do grupo D com 10 pontos;
  • 55% de aproveitamento na fase de grupos;
  • Eliminou o Argentinos Juniors nas oitavas de final — placar agregado 3 x 1;
  • Eliminou o Olimpia (PAR) nas quartas de final — placar agregado 5 x 1;
  • Enfrenta o Internacional nas semifinais — 2 x 2 no Maracanã e volta no Beira-Rio (4/10).
Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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