Flamengo: eliminação para o Olimpia é cereja do bolo em ano que começou errado
Rubro-Negro repete erros anteriores e não consegue apontar um culpado, já que todos estão envolvidos nos fracassos de 2023
2023 é um dos piores anos da história recente do Flamengo, e não pelos motivos que se pense em uma primeira análise. A reestruturação do clube começou há dez anos, quando Eduardo Bandeira de Mello cortou gastos e previu um Rubro-Negro forte financeiramente em alguns anos. Landim e o restante de sua gestão colheram os frutos, mas parece que não aprenderam com alguns erros.
A eliminação para o Olimpia, por 3 a 1, de virada, na noite desta quinta-feira (10), em Assunção, acaba sendo a “cereja” do bolo para uma sucessão de decisões erradas que levaram o Flamengo até esse momento. Erros que passam por todos os envolvidos: diretoria, jogadores e comissão técnica.
O que faltou ao Flamengo contra o Olimpia?
Em primeiro momento, o torcedor mais pessimista pode falar “tudo”. Não estaria longe de um acerto, mas houveram alguns pontos positivos na eliminação. Bruno Henrique foi o melhor do Flamengo, sendo o autor do gol, e a dupla Thiago Maia e Victor Hugo, um no primeiro tempo e outro no segundo, se destacou. O garoto do Ninho ia fazendo o gol que mandaria a decisão para os pênaltis, mas a jogada acabou impugnada.
No mais, a atuação do Flamengo pode ser considerada patética – sim – por vários motivos. O sistema defensivo inteiro foi mal, incluindo Filipe Luís e Matheus Cunha, que vinham sendo pilares e pontos muito positivos do Rubro-Negro na temporada. O problema não é perder, isso faz parte do esporte e, na maioria das vezes, você é derrotado em mais oportunidades. A questão é o fato de não competir mesmo.
Ao longo dos 90 minutos, o Flamengo esteve totalmente apático e desorganizado. Gabigol praticamente não participou do jogo e, quando tocou na bola, estava em posição de impedimento no gol anulado de Victor Hugo. Everton Ribeiro e Gerson tiveram atuações pavorosas. É até difícil de enumerar apenas um vilão nesse mar das más atuações. Tudo isso contra um adversário cuja folha salarial é de apenas R$ 4 milhões.
A falta de competitividade do Flamengo impressionou, mas não surpreendeu. A equipe já vinha jogando mal nos últimos jogos e, para piorar, observava as situações com passividade assustadora. Somente no lance do terceiro gol do Olimpia que Gabigol foi reclamar com a arbitragem. Internamente, é preciso que haja uma reflexão sobre a postura dos atletas nos momentos ruins.
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No fim, se classificou quem quis. O Olimpia se aproveitou do ambiente protagonizado por sua torcida para dar ao Flamengo uma de suas derrotas mais doloridas dos últimos anos. Foi melhor em todo o jogo e soube aproveitar as deficiências defensivas do Rubro-Negro. Vai enfrentar o Fluminense nas quartas de final, com possibilidade de eliminar mais um time carioca rumo à final no Maracanã.
Sampaoli não será demitido, mas pressão aumenta por resultados
Ainda de mais nada, é preciso frisar: não teremos caça às bruxas no Flamengo, pelo menos não nesse momento. Mesmo com a eliminação, Sampaoli segue no comando técnico do Rubro-Negro, mas deve sofrer a maior pressão vista ao longo de quatro meses de clube. A Trivela apurou que, internamente, a Copa do Brasil já é vista como uma obrigação.
A relação de Sampaoli com o restante do elenco também não é muito boa, desde o caso que envolveu Pedro e seu preparador físico, Pablo Fernandez. O episódio parece ter deixado o vestiário rachado, e o treinador, pouco hábil na hora de conduzir os egos presentes no Flamengo, está sofrendo para reencontrar sua paz. Talvez não encontre mais.
O fato é que o trabalho de Sampaoli no Flamengo não é um mar de rosas. Apesar dos excelentes resultados, com apenas três derrotas nos últimos 20 jogos, foram poucas as exibições de gala da equipe. A mais recente foi justamente contra o Grêmio, pela Copa do Brasil. Abraçado nas suas convicções, o argentino vai testando o respaldo da diretoria.
Ano de vexames é consequência das constantes trocas de treinador
O Flamengo terminou a temporada passada nas nuvens, tendo conquistado a Libertadores e a Copa do Brasil com excelente clima, protagonizado pela grande contratação do ano: Dorival Júnior. O treinador chegou para substituir Paulo Sousa – um português de trabalho patético no Rubro-Negro -, conquistou torcida, elenco e tornou aquele Rubro-Negro um vencedor.
Mesmo com dois dos três títulos mais importantes da temporada, Dorival não teve o contrato renovado. Claro que os resultados nos útimos quatro jogos do Brasileirão foram ruins, mas o Rubro-Negro já era campeão e poupava seus jogadores. Ainda assim, a decisão foi de não renovar com o treinador e buscar uma peça no mercado, que veio a ser Vítor Pereira, outro português de trabalho patético no Flamengo.
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Quatro vices depois, além de eliminações precoces no Mundial de Clubes e na Libertadores, a diretoria do Flamengo nunca se pronunciou, de maneira oficial, sobre as razões para a demissão de Dorival. As escolhas do passado, boas ou não, rendem frutos no futuro e esses são os que o Rubro-Negro plantou. No fim, o torcedor, maior patrimônio do clube, é quem paga o preço de viagens, ingressos e decepções.
O curioso é que, neste domingo (13), logo no primeiro jogo depois da eliminação, o Flamengo enfrentará o São Paulo de Dorival Júnior, que se classificou na Sul-Americana no Morumbi, com vitória por 2 a 0 sobre o San Lorenzo. Será o reencontro entre as partes, e o próprio treinador falou recentemente ao ge, sem mágoas, que retornaria ao Rubro-Negro.
