Do pesadelo de 2008 à confiança renovada em 2023: Tartá se declara ao Fluminense e reforça coro pela Libertadores
Vice-campeão da Libertadores com o Fluminense em 2008, Tartá fala sobre o doloroso revés diante da LDU e projeta acerto de contas do Tricolor com a competição continental
O Fluminense está prestes a entrar em campo para o jogo mais importante de sua história. No próximo sábado (4), a partir das 17h (horário de Brasília), o Tricolor enfrenta o Boca Juniors, no Maracanã, em partida válida pela grande final da Copa Libertadores. Mais do que o título em si, o clube das Laranjeiras busca exorcizar um fantasma que, há 15 anos, assola a instituição e causa péssimas sensações nos torcedores.
No dia 2 de julho de 2008, o Fluminense fazia a final da Libertadores contra a LDU. Depois de perder em Quito por 4 a 2, o time carioca deu a volta por cima no Maracanã, venceu por 3 a 1 e levou a decisão para os pênaltis. Na marca da cal, os equatorianos levaram a melhor, faturaram o caneco e frustraram os quase 79 mil torcedores presentes no estádio.
Naquela temporada, Tartá fazia parte do elenco tricolor e participou de jogos da fase de grupos e também das oitavas, contra o Atlético Nacional. Na decisão, tanto na ida quanto na volta, esteve no banco. Em entrevista exclusiva à Trivela, o meia-atacante relembrou o fatídico vice-campeonato e relatou o sentimento após a perda do título nas penalidades.
– O que eu me recordo bem naquela final de 2008 foi que no primeiro jogo tivemos muita dificuldade devido à altitude. E mesmo após não ter tido um resultado positivo naquela partida, nós descemos (da altitude) e sabíamos que no Maracanã, diante da nossa torcida, iríamos fazer um jogo incrível. Foi o que aconteceu. E infelizmente, na hora das penalidades, acabamos sendo batidos e perdemos aquele título. Mas o clima era bom, era favorável. A confiança era enorme que conseguiríamos reverter aquele placar – disse Tartá, antes de compartilhar a sensação depois do revés no Maracanã:
– Depois da derrota nos pênaltis, eu digo sem sombra de dúvidas que foi um dos dias mais tristes da minha vida. Fiquei muito mal. Eu era muito novo. Mal por mim, mal por todos. O Thiago Neves, por exemplo, fez três gols naquela final. Aquele elenco, aqueles caras mereciam muito aquele título. Todos trabalharam muito e eram merecedores. O futebol foi muito cruel naquele dia, conosco e com a torcida do Fluminense, que fez uma grande festa como nunca antes vista.
Fluminense: o ‘pai' e a ‘mãe' de Tartá
Revelado pelo Fluminense em 2007, Tartá deixou o Tricolor na temporada de 2011 e, desde então, muita coisa aconteceu em sua carreira. Passou por equipes do Japão, Irã, Tailândia, além de Criciúma, Athletico-PR, Goiás, Vitória, Joinville, Bragantino, Boavista, entre outros. Hoje, aos 34 anos de idade, segue ativo no futebol, e bem pertinho de onde deu os primeiros passos.
Tartá defende o Serrano, da Série B do Rio de Janeiro, e treina em Xerém, local onde o Fluminense tem instalado um Centro de Treinamento para as categorias de base. Perguntado sobre a relação com o clube das Laranjeiras, o meia-atacante não escondeu o carinho e gratidão pelo time que o projetou para o futebol.
– O Fluminense para mim é meu pai, minha mãe. O Fluminense me criou. Eu passei mais tempo da minha vida dentro do Fluminense, em Xerém, do que propriamente dentro da minha casa. Eu treinava pela manhã, almoçava no clube, depois estudava, e no outro dia novamente estava lá. Continuo acompanhando (o time). Tenho visto todos os jogos dessa campanha linda que eles vem fazendo. Tenho alguns amigos que ainda trabalham lá. O próprio Fred, que hoje ocupa uma outra função. O presidente (Mário Bittencourt), na época ia em Xerém, dava palestras, conheço desde menino. Então é muito legal, essa atmosfera, ver essa galera comandando e chegando em mais uma final e, se Deus quiser, trazendo esse título para gente.
Os momentos mais marcantes no clube
Como citado, tirando os anos nas categorias de base, Tartá defendeu o Fluminense de 2007 a 2011. Neste ínterim, disputou 89 partidas, marcou 12 gols e concedeu cinco assistências. Apesar da tristeza com o vice-campeonato da Libertadores de 2008, o jogador fez parte da remontada do clube em 2009, quando a equipe escapou do rebaixamento em um cenário que parecia impossível, além da conquista do Campeonato Brasileiro de 2010. Estes dois momentos foram apontados pelo meia-atacante como os mais especiais com a camisa tricolor.
– Tenho vários momentos memoráveis (no Fluminense). Mas, eu citaria 2009, porque foi ali que nasce esse estigma do Time de Guerreiros. E fazer parte disso, ser um dos percursores disso é uma coisa que realmente me orgulha. Aquele grupo foi muito forte mentalmente para suportar aqueles 99,9% de chance (de cair para Série B) e, com atitudes certas, conseguir reverter um quadro que, para muitos, já era perdido. E 2010, que pude participar com alguns gols importantes na reta final e se consagrar campeão brasileiro pelo clube que eu fui criado. Isso ninguém tira, ninguém apaga, tenho muito orgulho.
Para Tartá, chegou a hora do Fluminense ganhar a Libertadores
Mais do que ex-jogador, Tartá é torcedor do Fluminense e deseja sempre o melhor para o clube que o revelou. Prova disso é o palpite do meia-atacante nesta final de sábado (4). Na opinião dele, o Tricolor acertará as contas com os ‘deuses do futebol' e enfim conquistará a Copa Libertadores.
– Eu acho que o Fluminense vem crescendo durante a competição, vem fazendo jogos memoráveis. Sem sombra de dúvidas, vai ser um jogo difícil. Jogar contra o Boca Juniors, que é um time copeiro, nunca é fácil. Mas vamos estar, novamente, diante da nossa torcida, e depois de 15 anos eu acho que tudo isso não é por acaso. Os deuses do futebol devem uma Libertadores para o Fluminense, mediante o que aconteceu há 15 anos. Agora é uma galera nova. São novos atletas, vivendo novos momentos, e eu tenho certeza que o Fluminense vai ser campeão da Libertadores. O Fluminense merece isso, merece esse título. E essa galera, esse elenco, o Diniz, com a campanha que eles vem fazendo, eles merecem.
Estatísticas de Tartá pelo Fluminense
- 89 jogos
- 12 gols
- 5 assistências
- 1 título (Campeonato Brasileiro de 2010)