Copa América 2024

Com Copa América batendo na porta, como estão Brasil, Argentina e os principais favoritos?

A Trivela trouxe um raio-X das seis principais seleções da Copa América, que começa em junho, nos Estados Unidos

Está chegando a hora! Faltam três meses para o início da Copa América 2024, principal torneio de seleções do continente americano. Vale lembrar que nesta 48ª edição, a competição contará com a participação de países da América Central e do Norte e será realizada nos Estados Unidos.

Atual campeã da Copa América, a Argentina terá a oportunidade de defender o título no quintal de seu principal jogador. Ou mais ou menos isso. Lionel Messi defende o Inter Miami desde junho de 2023 e já parece habituado à cidade, que receberá a grande final do torneio de seleções. A decisão, contudo, não ocorrerá no estádio do Inter, mas sim no Hard Rock Stadium, casa do Miami Dolphins, da NFL.

A Argentina é a grande favorita para vencer a competição, seguida de perto (não muito) pelo Brasil. Ainda que não possa contar com Neymar (lesionado) e Dorival Júnior tenha acabado de assumir o comando, a Canarinho possui um plantel forte e não pode ser meramente descartada do páreo. Uruguai, Colômbia, México e Estados Unidos completam o top-6 de favoritos do torneio.

Com a Copa América batendo na porta, avaliamos os seis favoritos e destrinchamos como cada um tem se preparado para a competição, que promete ser a mais quente e disputada dos últimos anos.

Argentina

Atual campeã do mundo e da Copa América, a Argentina é a líder do ranking da FIFA. Após pegar todos de surpresa e esboçar uma saída do comando da Albiceleste, Lionel Scaloni desfez o mal-entendido e garantiu que segue à frente da equipe – ao menos até o término do torneio nos Estados Unidos. Motivado, Messi quer manter seu país no topo e tentará liderar os hermanos rumo ao bicampeonato.

Novidades e destaques

A base do elenco campeão do mundo e da Copa América foi mantida por Scaloni. A presença de Alejandro Garnacho na lista para os amistosos de março chamou a atenção positivamente. O jovem ponta-esquerda do Manchester United, ao lado de Valentín Barco, do Brighton, são duas das principais promessas do futebol argentino. Outra ‘novidade' na relação foi o nome de Lisandro Martínez. Isso porque, o zagueiro dos Red Devils sofreu lesão no joelho em fevereiro e, desde então, não retornou aos gramados. Mesmo assim, Scaloni o incluiu na convocação, dando um claro sinal do quanto o defensor é valorizado no grupo. Em junho, a tendência é que ele já esteja à disposição.

De resto, o esquadrão albiceleste é praticamente o mesmo que ganhou a Copa no Catar. Dibu Martínez, Nicolás Otamendi, Rodrigo de Paul, Mac Allister, Enzo Fernández, Julián Álvarez, Lautaro Martínez, Messi. A lista é extensa e costuma causar calafrios nos rivais.

Alejandro Garnacho em ação pelo Manchester United (Foto: Icon Sport)

Como está a confiança dos torcedores?

Diferente de temporadas anteriores, a Seleção Argentina não sofre mais críticas pesadas da imprensa ou da torcida. Campeões do mundo, os jogadores são tratados com extremo respeito, carinho e paixão. As decisões de Scaloni, tanto táticas quanto de escolhas no elenco, são quase inquestionáveis aos olhos do público local. Após longos anos de decepção, a Argentina está novamente no topo do mundo. E seus apaixonados e fiéis torcedores acreditam que ainda há mais troféus por vir.

Uma história a ser observada

Talvez nenhuma seleção no mundo esteja tão confiante e em paz consigo mesma (e seu público) quanto a Argentina. Apesar do êxtase com as conquistas recentes, o fim de uma era no elenco albiceleste está próximo, e os torcedores certamente sentirão quando essa história chegar ao fim. Em entrevista recente, Angel Di Maria disse que se aposentará da seleção após a Copa América. Querido pelos companheiros e pelo povo argentino, o meia-atacante deixará saudades. Agora a pergunta que fica é: será que Messi, que completará 37 anos durante a competição nos EUA, seguirá o exemplo do amigo? A conferir…

Brasil

Após a dolorosa eliminação na Copa do Mundo de 2022 para a Croácia, na fase de quartas de final, muita coisa aconteceu na Seleção Brasileira. Tite deixou o comando da equipe, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) flertou com Carlo Ancelotti, recebeu a negativa do italiano e acabou virando motivo de piada por parte da imprensa internacional. Depois disso, Fernando Diniz assumiu, mas… já caiu. Em janeiro, Dorival Júnior foi anunciado como novo técnico da Amarelinha. O ex-São Paulo agora vive a expectativa pela estreia, que ocorrerá no próximo sábado (23), contra a Inglaterra, em Wembley.

Novidades e destaques

A verdade é que a Seleção Brasileira passa por um dos piores momentos de sua história. Por isso, fica até difícil de citar os pontos positivos da Amarelinha. A temporada absurda (mais uma) de Vinicius Júnior no Real Madrid com certeza é um deles. Douglas Luiz, do Aston Villa, e Galeno, do Porto, foram lembrados por Dorival e são duas das principais novidades da lista. Ambos vem mantendo a regularidade em seus respectivos clubes e a convocação é mais do que merecida.

Outro jogador que merece atenção é Endrick. Cria do Palmeiras e negociado junto ao Real Madrid, o atacante de 17 anos é uma das grandes joias do futebol brasileiro. A Copa América será o primeiro grande torneio do garoto com a camisa da seleção principal, e a expectativa é alta.

Fora isso, convocações ‘duvidosas' foram criticadas pelos torcedores. Nomes como Rafael (São Paulo), Pablo Maia (São Paulo), Bento (Athletico-PR) e Ayrton Lucas (Flamengo) não caíram bem e Dorival recebeu as primeiras críticas de sua gestão.

Como está a confiança dos torcedores?

Do céu ao inferno. Está aí uma expressão que ilustra bem a característica do torcedor brasileiro. Os adeptos da Canarinho tendem a oscilar entre extremos de otimismo e pessimismo quando o assunto é seleção. Em 2024, sem sombra de dúvidas, a segunda opção retrata o sentimento do povo. Após todo papelão envolvendo a não vinda de Ancelotti e a passagem curta e constrangedora de Fernando Diniz, somente um milagre por parte de Dorival para que Amarelinha conquiste o título da Copa América. Tradição tem de sobra. Falta futebol e paz para o trabalho ser desenvolvido.

Dorival Júnior, técnico da Seleção Brasileira, em coletiva de imprensa (Foto: Icon Sport)

Uma história a ser observada

Com três jogadores, o Real Madrid é um dos clubes que mais ‘alimenta' a Seleção Brasileira: Eder Militão, Vinicius Júnior, Rodrygo e, anteriormente, Casemiro (atualmente no Manchester United). Agora, outro time espanhol pode dar novo fôlego a Canarinho. O lateral-direito Yan Couto e o talentoso ponta-direita Savinho foram convocados em virtude da excelente temporada que fazem no Girona, uma das grandes sensações do futebol europeu em 2023/24. O desempenho da dupla nos primeiros jogos de Dorival à frente da Amarelinha é algo interessante a ser observado.

Uruguai

Seguindo o mesmo roteiro de edições anteriores, o Uruguai decepcionou seu torcedor na Copa do Mundo de 2022. Mas essa página já foi virada e tudo passou a mudar a partir da chegada de Marcelo Bielsa. El Loco promoveu uma verdadeira revolução na Celeste e os resultados começaram a aparecer. A equipe venceu seis dos oito jogos sob o comando do experiente técnico de 68 anos (incluindo triunfos consecutivos sobre Brasil e Argentina no final de 2023) e voltou a despertar a alegria e orgulho dos adeptos.

Novidades e destaques

O Uruguai venceu a Copa do Mundo Sub-20 de 2023 e alguns jogadores desse plantel podem pintar na Copa América em junho. Sebastian Boselli (River Plate), por exemplo, tem tudo para ser o principal zagueiro do país por muitos anos – ainda que seja um titular improvável, já que divide posição com os já consolidados Ronald Araujo e Gimenez. Para os amistosos de março, ele não foi chamado.

No ataque, Luciano Rodríguez, do Liverpool-URU, é um jogador interessante a ser lapidado por Bielsa. Versátil, o jovem de 20 anos pode atuar pelas beiradas do campo e como centroavante. Velocidade, condução, controle de bola e jogadas de mano a mano são seus pontos fortes.

Como está a confiança dos torcedores?

Como citado acima, a torcida uruguaia está feliz e confiante com sua seleção. A Celeste atual pode não ter estrelas pesadas como em anos anteriores, entretanto apresenta um elenco equilibrado, talentoso e comprometido, e um técnico capaz de extrair o melhor dos jogadores que ali estão. A primeira amostragem de Bielsa foi a melhor possível e reanimou um povo adormecido, mas que nunca deixou de ser apaixonado por futebol. E de fato, ele parece ser homem certo para aproveitar o potencial desse jovem plantel. A Copa América pode chegar um pouco cedo para alguns atletas, mas e daí? O futuro é bem promissor. Deixem El Loco trabalhar, que coisas boas sairão.

Uma história a ser observada

Cavani já foi descartado e, ao que tudo indica, o fim da era Luis Suárez na Seleção Uruguaia também se aproxima. O experiente atacante do Inter Miami não atua pela Celeste desde a Copa do Mundo, e Bielsa parece convicto em manter o astro longe do elenco. Caso El Loco mude de ideia e convoque o camisa 9, ele entrará no time como uma espécie de coringa, e não mais como um jogador-chave.

Colômbia

A Colômbia é a única seleção invicta nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026. Os Cafeteiros atravessam bom momento e as perspectivas futuras são positivas. Todavia, o fato de sequer ter se classificado para Copa do Catar, em 2022, é algo que ainda machuca os torcedores colombianos. Uma campanha de destaque na Copa América ajudaria certamente a amenizar tal frustração.

O país sempre foi capaz de produzir jogadores de elite. Radamel Falcao e James Rodríguez são exemplos claros disso. Em declínio físico e técnico, a dupla foi sucedida pelo ótimo Luis Díaz. O atacante do Liverpool, de 27 anos, é a nova estrela da Colômbia e o grande líder técnico dessa geração. Assisti-lo jogar sempre é uma excelente pedida. Quem o acompanha na Premier League sabe do que estou falando.

Novidades e destaques

Luis Díaz definitivamente é o cara desse time. Na Copa América, o jogador do Liverpool terá papel central e tentará conduzir a Colômbia rumo a um título que não vem desde 2001. Jhon Arias (Fluminense), Richard Ríos (Palmeiras), James Rodríguez (São Paulo) e Rafael Borré (Internacional), figuras conhecidas no futebol brasileiro, são outras boas peças que o técnico argentino Néstor Lorenzo tem em mãos.

Quando o assunto é talento e juventude, Yáser Asprilla entra em cena no futebol colombiano. O meio-campista do Watford tem se destacado na 2ª divisão inglesa e se diferencia sobretudo por sua ousadia e confiança dentro de campo. A Copa América parece o palco certo para ele brilhar e mostrar ao mundo todo potencial que possui.

Luis Díaz é o grande nome da Seleção Colombiana (Foto: Icon Sport)

Como está a confiança dos torcedores?

Historicamente, a Colômbia é reconhecida por revelar jogadores talentosos e, mesmo assim, fracassar em grandes torneios. Os Cafeteros ficaram em terceiro lugar na última edição da Copa América e levaram a Argentina aos pênaltis nas semifinais. Isso animou os torcedores, que se mostram confiantes em mais uma boa campanha nos Estados Unidos.

Uma história a ser observada

Um dos principais questionamentos sobre a Seleção Colombiana é: Radamel Falcao será convocado por Néstor Lorenzo? Respeitado pelos companheiros, comissão técnica e torcida, o atacante de 38 anos parece estar com os dias contados na equipe. Atualmente no Rayo Vallecano, o veterano concorre com muitos nomes no setor ofensivo dos cafeteiros, e a tendência é que fique fora da lista.

México

Atual campeão da Copa Ouro da Concacaf, o México deu passo importante para recuperar a confiança depois de cair na fase de grupos da Copa do Mundo no Catar. Um bom desempenho nos Estados Unidos será fundamental para o time seguir nessa toada de crescimento e evolução.

Novidades e destaques

Nascido no Canadá, Marcelo Flores descartou seu país natal para servir o México. Após se destacar nas categorias de base do Arsenal, o meia-atacante de 20 anos não conseguiu disputar uma vaga no elenco principal, comandado por Mikel Arteta. Essa situação fez com que o jovem decidisse mudar de ares. Atualmente no Tigres, ele aos poucos vai conseguindo provar seu valor.

Apesar de (ainda) não ser uma estrela na Liga MX, Flores dá amostras em campo que é um jogador diferente. O camisa 24 do Tigre faz parte do futuro da Seleção Mexicana e pode ser muito útil na equipe dirigida por Jaime Lozano. Ele ficou fora da lista da Copa do Mundo de 2022, mas deve estar presente na Copa América deste ano.

Homem-gol, artilheiro e camisa 9 na acepção do termo. Raúl Jiménez é uma das principais lideranças técnicas do México. Entretanto, sua situação física segue sendo um problema. O atacante do Fulham lida com sucessivas lesões e, por conta disso, não é presença garantida na Copa América. Caso esteja saudável, é um baita de um reforço para o time de Lozano.

Como está a confiança dos torcedores?

A eliminação precoce (mais uma) na Copa do Mundo machucou a torcida mexicana que, apesar de desconfiada, acredita na volta por cima da equipe, agora sob o comando de Jaime Lozano. O ex-meia, atualmente com 45 anos, foi confirmado como técnico da seleção em agosto de 2023 (após ter sido interino durante alguns meses), visando o Mundial de 2026 – que o país sediará ao lado dos Estados Unidos e Canadá. A Copa América é encarada por Lozano como seu maior teste até então à frente de La Tri. Apoio dos adeptos não vai faltar. Mas é preciso mostrar evolução dentro das quatro linhas. Caso contrário…

Jaime Lozano, técnico da Seleção Mexicana (Foto: Icon Sport)

Uma história a ser observada

A grande história (e incógnita) do México para a Copa América 2024 é justamente a presença de Jaime Lozano na área técnica. Afinal, o comandante conseguirá realizar um trabalho equilibrado e que renda bons frutos à seleção? Bom, a imprensa local, bem como os torcedores, estão dando um voto de confiança. Cabe agora ao ex-jogador provar que é o homem certo para o cargo que ocupa.

Estados Unidos

A campanha dos Estados Unidos na Copa do Mundo de 2022 foi bem avaliada pela imprensa local, sobretudo o empate sem gols com a poderosa Inglaterra, na fase de grupos, e a postura da equipe na derrota por 3 a 1 diante da Holanda, nas oitavas de final. Tida por muitos como a melhor seleção da Concacaf, os EUA precisam passar por um teste de fogo: a Copa América. O resultado do time norte-americano no torneio trará respostas a muitos questionamentos, sendo o principal: eles são capazes de bater de fente com o trio Argentina, Brasil e Urugaui?

Novidades e destaques

Christian Mate Pulisic: está aí o grande nome da geração norte-americana. Nascido em Hershey, na Pensilvânia, o atacante é o atleta mais vitorioso da história do futebol dos Estados Unidos. Ele já ajudou o Borussia Dortmund a conquistar a Copa da Alemanha e, no Chelsea, venceu Champions League, Supercopa da Uefa e Mundial de Clubes. Líder técnico da seleção, Pulisic terá a ajuda de dois companheiros que também atuam no futebol europeu. São eles: Sergiño Dest (lateral do PSV, emprestado pelo Barcelona) e Weston McKennie (meio-campista da Juventus).

Como está a confiança dos torcedores?

Um misto de sentimentos toma conta do imaginário do torcedor norte-americano. Se por um lado acreditam que os Estados Unidos podem chegar longe na Copa América, em contrapartida, lembram da pouca tradição do país no torneio e antecipam uma possível eliminação precoce.

Em linhas gerais, o otimismo se sobrepõe ao pessimismo. O país do futebol americano nunca esteve tão esperançoso em relação a uma seleção nacional de “soccer” em toda sua história. Muitos compram a ideia de que esta equipe pode bater de frente com os grandes times e chegar longe.

Uma história a ser observada

Kevin Paredes é um jovem que merece atenção. Com 20 anos, o lateral-esquerdo do Wolfsburg é figurinha garantida no plantel comandado por Gregg Berhalter. Altamente versátil, Kevin pode desempenhar diversas outras funções em campo, característica essa bastante apreciada pelo técnico norte-americano.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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