Esta Copa América é um aviso para Messi não esticar tanto a corda


Você provavelmente viu a foto de Messi chorando durante a final da Copa América. Também deve ter lido algo sobre o fim que está chegando e o paralelo com imagens de Cristiano Ronaldo na Eurocopa. É uma combinação inconfundível que traz sensações estranhas: devemos ficar felizes por termos sido testemunhas ou tristes por saber que falta tão pouco?
Estamos já na última curva, e o seu desempenho nesta Copa América mostrou que ele talvez não seja mais imprescindível para a sua seleção. A Argentina foi campeã, dessa vez, sem o seu brilho. E com raras faíscas dentro de campo.
Não precisamos ser gênios para ligar os pontos. Messi completou 37 anos no último mês. Terá 39 ao fim da próxima Copa do Mundo, em 2026 (ele faz aniversário durante o torneio). Se um ano de MLS já foi o suficiente para percebermos uma queda física brutal, como ele estará após três anos completos?
É claro que Messi torna-se relevante ao simplesmente estar presente. Foi ele quem liderou tecnicamente a seleção para as conquistas que o canonizaram em 2021 e 2022. É ídolo de todos do elenco, um status conquistado através da bola, não da fama.
Aliás, eu estava presente nos Estados Unidos em 2016 quando Messi isolou um pênalti e decidiu aposentar-se da seleção. Ele mesmo precisou escalar algumas montanhas para hoje estar em plena paz de espírito consigo e com o povo argentino.
Mas, nesta Copa América, convenhamos, sua participação foi reduzida a alguns bons passes, um gol e uma assistência contra o Canadá, choro e homenagens.
Lautaro Martínez, autor do gol do título sobre a Colômbia e artilheiro do torneio, por exemplo, dedicou a vitória a Messi, a quem lhe deu confiança para que pudesse mostrar o futebol praticado na Inter de Milão também na seleção.
Messi não precisava estar em campo. Poderia já ter usado a cartada da aposentadoria da seleção no auge. Teria passe livre na concentração mesmo se estivesse de férias, tomaria mate com os amigos e contaria anedotas quando quisesse.

Mas quis pagar para ver, até mesmo enquanto o seu tornozelo direito se transformava numa bola de boliche graças ao gramado de qualidade duvidosa do Hard Rock Stadium. Para ele, sair significaria decepcionar os seus companheiros. Foi até ficar sem escolha.
E aí restou o choro de imponência. Se a Colômbia marcasse um gol, como seria para ele não poder fazer nada? E como seria para a gente que se acostumou tão mal nos últimos 15, 17 anos a vê-lo reduzido a um torcedor?
Messi vai se recuperar e a tendência é que volte à seleção nas eliminatórias. É natural que apoiemos o movimento porque se trata de uma reação humana quando enxergamos o fim. Todos nós gostaríamos que o maravilhoso fosse eterno.
Mas já não é. Não há por que esticar tanto a corda.