Premier League

O que explica o início ruim do Chelsea após tantas contratações?

Chelsea perdeu dois dos quatro jogos na Premier League e sofre com problemas de lesões e para converter chances

No último sábado (2), o Chelsea voltou a decepcionar seu torcedor. Diante de um Stamford Bridge lotado, os Blues jogaram mal e foram derrotados pelo Nottingham Forest, por 1 a 0. Com apenas uma vitória nas quatro primeiras rodadas da Premier League, o time de Mauricio Pochettino começou a temporada com o pé esquerdo. Mas o que acontece com o clube londrino, que mesmo após investimentos milionários e a tão desejada limpa no elenco, segue derrapando e fazendo feio dentro de campo.

Não podemos dizer que é por falta de tentativa que o Chelsea ainda não engrenou na temporada. A equipe luta, se doa e produz ofensivamente, porém tem pecado nas finalizações. Contudo, não é só isso que explica a irregularidade dos azuis de Londres. Antes fosse só isso…

A nova política de contratações e a falta de experiência do elenco

Muitos fatores esclarecem a irregularidade e os tropeços do Chelsea neste início de temporada. O principal deles é a nova política de contratações do clube e o perfil dos jogadores adicionados ao plantel. Desde a chegada de Todd Boehly, CEO do clube, os Blues estabeleceram uma espécie de ‘mantra' no mercado de transferências: apostar em atletas jovens, custe o que custar. Isso por um lado é ótimo. Afinal, o que será de uma instituição se a mesma não projeta o próprio futuro. No entanto, nem tudo são flores. A falta de experiência dentro das quatro linhas pesa, sobretudo numa Premier League, tida pela maioria como a liga mais forte do futebol mundial.

Dito isso, o Chelsea, antes conhecido por contratar jogadores já renomados e provados no futebol europeu, mudou radicalmente com Boehly e passou a não supervalorizar o retorno imediato de suas novas adições. Analisando friamente os atletas trazidos nas últimas janelas, o objetivo dos Blues se mostra cada vez mais claro: garantir um futuro promissor, competitivo e vencedor. Contudo, como citado acima, isso tem um preço. O curto prazo não parece nada animador para os azuis de Londres. E se no entendimento dos novos donos isso é compreensível e aceitável, já que faz parte de um ‘plano', será que os torcedores pensam a mesma coisa e estão dispostos a esperar?

Contratação mais cara da história da Premier League, Moises Caicedo custou €133 milhões
ao Chelsea (Foto: Icon Sport)

Há três temporadas atrás, a torcida do Chelsea comemorava um bicampeonato de Champions League. A compra do clube por Roman Abramovich em junho de 2003 fez os azuis de Londres ficarem mal acostumados, no bom sentido. Taças e mais taças foram empilhadas praticamente todos os anos em que o russo esteve à frente da instituição. Boehly assumiu em 2022 e o Chelsea amargou a pior temporada de sua história recente logo na estreia do empresário norte-americano. O início de 2023/2024 assusta e o questionamento que fica é se o elenco jovem e reformulado dos Blues aguentará o tranco de uma Premier League inteira pela frente.

Para ilustrar e comprovar essa ambiciosa, mas arriscada estratégia, o Chelsea agora tem o elenco mais jovem da Premier League. A média de idade é de 22,5 anos. Já a média de idade das novas contratações é de 20,5 anos. Confira abaixo todos os jogadores comprados pelo clube na última janela de transferências:

Contratações do Chelsea 2023/2024

  • Moisés Caicedo (Brighton) – volante de 21 anos;
  • Roméo Lavia (Southampton) – volante de 19 anos;
  • Cole Palmer (Manchester City) – meia de 21 anos;
  • Axel Disasi (Monaco) – zagueiro de 25 anos;
  • Nicolas Jackson (Villarreal) – atacante de 22 anos;
  • Lesley Ugochukwu (Rennes) – volante de 19 anos;
  • Robert Sánchez (Brighton) – goleiro de 25 anos;
  • Djordje Petrović (New England Revolution) – goleiro de 23 anos;
  • Deivid Washington (Santos) – atacante de 18 anos;
  • Ângelo (Santos) – atacante de 18 anos (emprestado ao Strasbourg);
  • Andrey Santos (Vasco) – volante de 19 anos (emprestado ao Nottingham Forest).

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Apesar de necessária, limpa no elenco deixa Chelsea desentrosado

Outro fator que tem impactado bastante o início ruim do Chelsea na temporada é a falta de entrosamento do elenco. O clube de fato precisava de uma limpa em seu plantel, mas também acabou tendo que pagar um alto preço por isso. Lideranças importantes e históricas deixaram os Blues, como Azpilicueta, Mateo Kovacic, Antonio Rüdiger e Jorginho. Jovens jogadores chegaram e encontraram uma equipe em total reconstrução nas mãos de um novo treinador. Isso pesa e obviamente reflete em campo.

Dos 24 nomes que entraram em campo em algum momento da campanha do título da Champions League em 2021, somente três seguem no Chelsea: Thiago Silva, Ben Chilwell e Reece James. Todos com papeis cruciais dentro de um time que foi inteiramente remodelado e que, por conta disso, é um grande ponto de interrogação não só nesta temporada, mas também a médio prazo.

Mauricio Pochettino em Chelsea 0 x 1 Nottingham Forest (Foto: Icon Sport)

Desde o início da última temporada, os Blues contrataram nada menos do que 25 jogadores, sem contar João Félix e Denis Zakaria, que chegaram por empréstimo e não ficaram em definitivo. No mesmo período, o clube se desfez de outros 25 atletas, entre vendas e saídas sem custos, sem contar aqueles que foram/estão emprestados, como o caso atual de Romelu Lukaku, que foi cedido à Roma recentemente.

As drásticas mudanças podem sim dar certo. Mas em um primeiro momento isso não tem ocorrido. As joias contratadas pelo Chelsea oscilam neste início de temporada e isso é completamente normal, principalmente se levarmos em conta que estão inseridas dentro de um elenco jovem e completamente reformulado. Além de muito trabalho, Pochettino terá de ter paciência e jogo de cintura para fazer com que a equipe amadureça e dê alegrias a uma torcida que acima de tudo é bastante exigente.

Lesões também ajudam a explicar começo irregular dos Blues

Como se não bastasse o elenco jovem, reformado e ainda desentrosado para administrar, Pochettino tem sofrido com frequentes lesões dentro do plantel. Principal contratação do Chelsea para 2023/2024, o atacante Christopher Nkunku sofreu uma grave contusão no joelho durante amistoso de pré-temporada dos Blues contra o Borussia Dortmund. Conforme informado pelo clube em nota, o francês ficará fora de ação por um período prolongado. A tendência é que retorne somente em janeiro de 2024.

Nkunku foi contratado para ser o grande nome do ataque do Chelsea. Rápido, inteligente e frio para tomar decisões importantes dentro de campo, o atacante de 25 anos custou 60 milhões de euros (R$ 322 milhões na cotação da época) aos cofres do clube londrino, tendo se destacado no RB Leipzig, da Alemanha, onde marcou 23 gols e deu oito assistências na temporada passada. E ele não foi o único francês a se lesionar gravemente nos Blues.

Nkunku durante pré-temporada com o Chelsea (Foto: Icon Sport)

O zagueiro Wesley Fofana, de 22 anos, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito em julho e teve de ser submetido a cirurgia. Não foram divulgados tempos estimados de recuperação do defensor, mas esse tipo de lesão geralmente mantém os jogadores afastados dos gramados de seis a nove meses.

E a lista não para por aí. Reece James, capitão do Chelsea e um dos jogadores mais respeitados do elenco, também sofreu duro baque. O lateral-direito contundiu o tendão da coxa durante um treinamento e desde a segunda rodada da Premier League tem desfalcado os Blues. A expectativa é que o camisa 24 volte a ficar à disposição após a parada para a Data Fifa.

Lista de lesionados do Chelsea

  • Christopher Nkunku (atacante)
  • Reece James (lateral-direito)
  • Wesley Fofana (zagueiro)
  • Armando Broja (atacante)
  • Marcus Bettinelli (goleiro)
  • Trevoh Chalobah (zagueiro)
  • Carney Chukwuemeka (meia)

Gols perdidos seguem sendo tônica no Chelsea

Por fim, mas não menos importante, o Chelsea precisa definir melhor suas jogadas. Nestas quatro primeiras rodadas de Premier League ficou claro que o time cria e tem potencial para furar defesas adversárias. Entretanto, a finalização tem sido o calcanhar de aquiles dos Blues. Na derrota para o Nottingham Forest, por exemplo, Nicolas Jackson perdeu oportunidade claríssima com o gol aberto. O senegalês chutou por cima e levou os torcedores à loucura em Stamford Bridge. Dentre os 20 clubes do campeonato, a equipe londrina é a primeira no ranking de ‘grandes chances perdidas', com 11, ao lado do Everton.

O roteiro da temporada passada se repete e o Chelsea segue colecionando gols perdidos. Elenco jovem e ainda imaturo pode explicar isso? Talvez. Mas fato é que faltou trazer um homem gol mais experiente, aquele definidor confiável, o famoso camisa 9 na acepção da palavra. Nicolas Jackson é bastante promissor, mas não parece ser esse cara, pelo menos neste momento. Além do senegalês, o único centroavante de ofício que Pochettino possui no elenco é Armando Broja, que se recupera de lesão no joelho direito. O albanês de 21 anos de idade recebeu elogios de Pochettino e deve retornar aos gramados em breve. Em 2021/2022 esteve emprestado ao Southampton e balançou as redes seis vezes em 32 jogos de Premier League. Broja pode ajudar, mas não é nem de longe o striker dos sonhos da torcida dos Blues.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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