Após ‘salada de treinadores’, Cruzeiro chega em 2024 sem muito o que levar de 2023
Apesar de pregar continuidade e um modelo diferente na gestão de técnicos, diretoria do Cruzeiro termina temporada com quatro treinadores contratados

Apesar da diretoria do Cruzeiro, desde a chegada da SAF ao clube, pregar que pretendia trabalhar num sistema de continuidade de treinadores, sem muitas trocas, comuns no futebol brasileiro, os maus resultados da Raposa no ano, dentre outras nuances, fizeram com que o time terminasse a temporada sendo comandado quatro técnicos diferentes e nenhum para o ano seguinte. Paulo Pezzolano, Pepa, Zé Ricardo e Paulo Autuori, esse último auxiliado por Fernando Seabra, comandante do sub-20 estrelado, estiveram à frente do grupo celeste em 2023.
Campeão da Série B de 2022, Pezzolano começou o ano no Cruzeiro, mas já com o pensamento fora do clube. O uruguaio, que sonhava em treinar um time europeu, já havia comunicado à diretoria celeste que pensava em deixar Belo Horizonte, mas foi convencido a ficar até o final do Campeonato Mineiro. A campanha da Raposa foi bem ruim e Papa deixou o clube após a eliminação na semifinal, para o América-MG.
Para o lugar de Pezzolano, o Cruzeiro apostou no português Pepa, que chegou ao clube para a disputa do Brasileirão. O treinador rapidamente montou um sistema defensivo seguro e, mesmo com um elenco frágil, fez o time celeste jogar de igual para igual contra todos os times do Campeonato Brasileiro. Com o tempo, a Raposa foi ganhando desfalques e, apesar de alguns bons desempenhos, o time celeste passou a não conseguir vencer. Também apareceram problemas entre o comandante e atletas, como foi com Nikão, Wallisson e Daniel Jr. Isso minou o trabalho e Pepa foi demitido no início do segundo turno do Brasileirão.
Com vários “não” de diversos nomes, restou ao Cruzeiro apostar em Zé Ricardo, treinador que já chegou sendo muito questionado pela torcida. Apesar de conquistar um ou outro resultado positivo, o desempenho do clube caiu, assim como a equipe na tabela, o que resultou em demissão após dois meses de trabalho. Sem tempo para novas apostas, a diretoria celeste colocou Paulo Autuori, diretor técnico do clube, como treinador interino. Auxiliado por Fernando Seabra, o histórico comandante conseguiu série invicta, salvando o time mineiro do rebaixamento e o classificando para a Copa Sul-Americana.
As táticas que o Cruzeiro usou em 2023 e o que elas renderam
Após fazer uma Série B de 2022 utilizando três zagueiros na maior parte do tempo, Paulo Pezzolano começou 2023 com um 4-3-3, mas com os maus desempenhos, rapidamente voltou ao esquema anterior, que utilizou até sua saída. No momento seguinte, Pepa chegou e implementou o sistema que foi base para o restante da temporada. O português passou a utilizar um 4-3-3, com uma trinca de dois volantes e um meia, só que mais recuado, não como um clássico 10. Utilizando o poderio ofensivo dos laterais William e Marlon, o Cruzeiro tentava sempre chegar com três jogadores pelos lados, o que foi a principal jogada do time no início do Brasileirão.
Com o passar do tempo, o Cruzeiro se tornou mais previsível e a má fase de seus atletas impedia movimentos mais ousados e criativos. Depois da demissão de Pepa, tanto Zé Ricardo quanto Paulo Autuori seguiram num esquema semelhante, mas com o reforço de Matheus Pereira, a Raposa passou a ter um meia pela direita que trazia para o centro ao invés do ponta Wesley, que procurava mais a linha de fundo. Além disso, até por falta de opções, Bruno Rodrigues passou a jogar como um falso 9. Apesar de poucas mudanças, o que diferenciou o trabalho de Zé com o de Autuori foi a questão da confiança e isso fez a diferença nos resultados, melhores para o último a assumir a equipe celeste.
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O que esperar do comando técnico do Cruzeiro em 2024?
O Cruzeiro ainda busca um treinador para a temporada de 2024, mas encontra dificuldades no mercado. Inicialmente, a diretoria celeste tinha nos ex-jogadores argentinos Fernando Gago e Gabriel Milito como preferência, mas não se acertou com nenhum deles. Sem fechar com nenhum da dupla, Thiago Carpini, que subiu da Série B com o Juventude na temporada atual, se tornou a bola da vez. Apesar disso, ainda não se sabe quem assumirá a Raposa no próximo ano.
O que se sabe é que muito pouco fica de 2023 para a temporada de 2024. Com quatro treinadores diferentes no ano que termina e sem uma definição de quem chega e do estilo desse nome, além da provável mudança de boa parte do time titular, a tendência é que o novo comandante comece um trabalho praticamente do zero, utilizando o Campeonato Mineiro como laboratório para os momentos mais importantes da época que se aproxima.