Brasil

Recopa pressiona Fluminense, que tem pouco tempo para encontrar melhor versão em 2024

Fluminense mostra resultados no Carioca, mas desempenho de titulares mostra que equipe ainda não vive grande fase antes da Recopa

Fernando Diniz é um crítico contumaz da análise do resultado acima do desempenho em campo. Para além disso, também mantém a crença de que seu Fluminense nunca está pronto ou tampouco existe um “time ideal”. Ao revisar toda a literatura que faz do técnico um dos melhores do país, é preciso usar de seus ensinamentos: o Tricolor ainda precisa de muitos ajustes em 2024.

Os confrontos contra times mais fortes mostraram que o Flu ainda está muito distante do que pode na temporada. Também, pudera. O time titular ainda não completou um mês de treinos e jogos, e naturalmente ainda precisa de muita coisa. O problema é que em uma semana, a equipe tem uma final continental pela frente. 

A Recopa Sul-Americana é sabidamente o objetivo principal do Fluminense neste início de 2024. E para vencê-la, a equipe terá de superar os percalços criados pelo próprio sucesso: a disputa do Mundial de Clubes fez o Tricolor apertar o calendário, e será necessário — literalmente! — correr.

Quem admite é o auxiliar Eduardo Barros, que concedeu entrevista coletiva após o empate sem gols contra o Vasco pelo Campeonato Carioca.

— A atuação do Fluminense ainda está longe da nossa melhor versão. É bem verdade que nossa temporada ainda está começando. Hoje tivemos por circunstâncias do jogo fazer trocas que não estavam previstas. No nosso melhor momento do jogo, a arbitragem conseguiu atrapalhar o andamento da partida — opinou.

Fluminense ainda não se adaptou à ‘vida sem Nino'

O Fluminense perdeu um único titular do time que fez história e conquistou a Libertadores em 2023: Nino. O zagueiro de 26 anos se despediu do clube como ídolo e capitão a levantar a sonhada taça. Inesquecível.

Quem também não esquece é o time, que ainda não se adaptou a jogar sem ele. Seu substituto vem sendo Thiago Santos, que a bem da verdade, em que pese a expulsão contra o Vasco, mantém bom nível de atuações.

Com características diferentes, entretanto, o volante de origem ainda não consegue fazer o que Nino fazia na equipe de Fernando Diniz. Suas boas leituras sem bola compensam um pouco, mas a falta de velocidade da zaga é uma vulnerabilidade que o Flu tem mostrado nas últimas partidas.

Thiago Santos entrou na zaga na vaga de Nino, mas não mantém nível do ex-capitão - Foto: Icon sport
Thiago Santos entrou na zaga na vaga de Nino, mas não mantém nível do ex-capitão – Foto: Icon sport

Apenas André tem sido capaz de mostrar a força e velocidade que Nino entregava. Contra o Vasco, salvou uma, mas na outra, apenas alguns centímetros de impedimento de David salvaram o Fluminense do pior. A situação aconteceu também contra o Bangu, que não aproveitou, e o Boavista, que assim anotou os dois gols do empate arrancado do Tricolor.

— Nosso foco hoje esta direto na Recopa, o primeiro grande título do ano. Por conta do Mundial, nossa pré-temporada foi um pouco encurtada. Treinamos quatro dias e já tivemos que estrear. Nos preparamos nas férias e todos conseguiram voltar bem. Peço para o torcedor ter paciência, pois vamos buscar dar nosso máximo, evoluir muito e chegar bem na Recopa — declarou o volante.

Na zaga, André é o que mais se assemelha a Nino, mas anda assim, Fluminense mostra vulnerabilidade na defesa em 2024 - Foto: Icon sport
Na zaga, André é o que mais se assemelha a Nino, mas anda assim, Fluminense mostra vulnerabilidade na defesa em 2024 – Foto: Icon sport

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Problemas técnicos e físicos também atrapalham Fluminense

A vida sem Nino não atrapalha o Flu apenas sem bola. Ainda que tenha um passe acima da média para a posição que está adaptado, Thiago Santos tampouco entrega a qualidade de Nino na construção de jogo. Quem mais se assemelha ao ex-capitão é Marlon, que com uma lesão no joelho, ainda não entrou em campo em 2024.

A contusão do zagueiro é um dos problemas físicos que atrapalham o Tricolor na temporada. Contratado com status de titular, Marlon seria o substituto natural de Nino, mas não reúne condições de jogo. Por outro lado, outros jogadores ainda estão longe de uma boa forma física, como Marcelo, Douglas Costa e Keno, desfalque de última hora para o clássico.

Sem o ponta-esquerda, Diniz tentou usar Renato Augusto entrelinhas, e apesar da inteligência acima da média do camisa 20, faltou encaixe. A alternativa tem potencial para o restante da temporada, mas sem entrosamento e preparo físico ideais, não deu certo contra o Vasco.

— Como é um sistema que já tem bastante entrosamento, que jogou junto muitas partidas do ano passado, inclusive as decisivas, quando fazemos uma troca, é natural que aconteça desajustes desse sistema — declarou Eduardo Barros, para prosseguir na explicação sobre a situação de Keno:

Com pouco tempo de treinos em 2024, Marcelo não está no melhor de sua forma física assim como outros jogadores do Fluminense - Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE FC
Com pouco tempo de treinos em 2024, Marcelo não está no melhor de sua forma física assim como outros jogadores do Fluminense – Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE FC

— Esses desajustes favorecem o adversário, como aconteceu hoje. É claro que com a repetição, os treinamentos, vamos diminuir esses desajustes, para quando acontecer uma situação de última hora como aconteceu hoje. A gente espera que o Keno tenha condições de participar dos dois jogos da Recopa. A informação que tenho até o presente momento é que é um desconforto. No nosso entendimento, foi melhor preservar pensando no que tem pela frente.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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