Para manter esquema do Atlético-MG, Felipão tem a chance de tirar rótulo de ser contra a base; entenda
Felipão deve ter dois desfalques contra o Corinthians e a melhor reposição para seguir no esquema que deu certo para o Atlético é um jovem da base
O Atlético-MG entra em campo na próxima quinta-feira (9) para encarar o Corinthians, em São Paulo. O técnico Felipão tem um desfalque certo e um outro bem provável entre os titulares e, para manter o esquema, que vem dando certo nos últimos jogos, ele tem a chance de acabar com o rótulo de que não utiliza a base do clube.
Contra o Corinthians, Felipão não poderá contar com Hulk, expulso no empate contra o América-MG após se revoltar com a arbitragem. E é bom provável ainda que ele não tenha à disposição o meia Rubens, que se tornou titular e o encaixe perfeito para o time funcionar como funcionou nos últimos jogos. O jovem sofreu um choque de cabeça na partida contra o Coelho e precisou levar oito pontos. Ele está em observação e será avaliado se viaja com o time para São Paulo, mas já não treinou com os demais jogadores nesta segunda (7).
Sem Hulk e, provavelmente, sem Rubens, Felipão terá que achar dois jogadores para iniciarem o jogo contra o Corinthians. Pavón foi o substituto de Rubens nos últimos três jogos. No entanto, sem Hulk, é provável que o argentino seja escolhido para formar a dupla de ataque com Paulinho, que vive grande fase e foi convocado para a Seleção Brasileira. Com essa situação, independente de onde Pavón seja escalado, Felipão “ganha” a chance de aproveitar um jovem da base do Galo como titular para manter a formação.
As opções de Felipão
A formação que Felipão adotou nos últimos jogos, uma sequência de quatro jogos sem derrotas, trás o Atlético com dois meias abertos, sendo Rubens na esquerda e Zaracho na direita. No ataque, a dupla Hulk e Paulinho. O treinador conseguiu mesclar o estilo dele com o de Eduardo Coudet, ex-treinador do Galo e que foi responsável por montar o elenco atual. Com os alas, Scolari conseguiu mais qualidade de jogo, vigor físico e algo que ele sempre busca: qualidade de drible, jogador de 1×1. Imaginando que Pavón ganhará uma das vagas, sobram alguns jogadores disputando a que não for preenchida.
– Não é só o Rubens, ele complementa um trabalho que a gente imagina. Reparem que o Zaracho, quando sai da ponta e joga pelo meio, ele abre oportunidade para o Paulinho sair pelo lado. São jogadores que têm técnica, boa qualidade e velocidade. Gosto sempre de ter pontas que partam para cima, no 1×1, que agridam, pois se você vence esse duelo, o adversário fica em desvantagem muito grande – disse o Felipão após a vitória contra o Fortaleza.
Se Pavón for atacante …
Na ala, Felipão pode colocar Igor Gomes, Pedrinho, Hyoran ou Patrick entre os experientes, mas, o jogador que melhor se encaixa e se aproxima das características de Rubens, é o jovem Alisson Santana, de apenas 18 anos.
Alisson é um dos destaques da base do Atlético e foi lançado no profissional justamente por Felipão, por coincidência, na partida do turno contra o Corinthians. Na época, o treinador, perdendo o jogo, optou pela entrada do jovem, único meia ofensivo no banco, que foi muito bem e agradou. Dois jogos depois, contra o Grêmio, Alisson foi acionado de novo e novamente foi bem, chegando a dar uma assistência para um gol, que acabou anulado. No entanto, apesar de ter agradado, ele não recebeu mais oportunidades desde então.
Alisson é o jogador perfeito para substituir Rubens. Ele originalmente atua pelo lado direito do campo, com o pé invertido, já que é canhoto. Mas, sem dúvidas, não ligaria de mudar de lado para ter seu primeiro jogo como titular. Além disso, não deve ser algo que afete tanto assim seu estilo de jogo. O jovem tem vigor físico para ajudar no ataque e na defesa, qualidade de passe para criar jogadas e ainda o “1×1” que Felipão tanto comenta. Nenhuma das outras opções citadas tem todas essas valências.
Se Felipão optar pela experiência e encaixar algum dos jogadores já citados, ele, provavelmente, vai perder uma característica que conseguiu nessa sequência de quatro jogos sem derrotas. Pedrinho é o que mais se encaixa se ele priorizar o “1×1”. Igor Gomes ou Hyoran, se preferir mais controle de jogo e passe, enquanto Patrick se ele quiser manter a dobradinha com Arana, com vigor físico e marcação.
Se Pavón for ala …
Já se Pavón for usado como ponta, na vaga de Rubens, o ataque deve ficar também nas mãos de um jovem. Felipão recebeu a boa notícia da volta de Alan Kardec aos treinos, mas, pela falta de ritmo de jogo, o experiente jogador não deve começar o jogo. Sendo assim, sobram apenas os jovens Cadu e Isaac como opções de atacantes. O primeiro tem estado mais presente com a delegação nos jogos e estreou com Felipão nos minutos finais da vitória contra o Fortaleza. Já o segundo havia retornado ao Sub-20 e figurou no banco do profissional após seis meses, na vitória contra o Bragantino.
Entre os dois jovens, o mais cotado do momento é Cadu, que vem ganhando mais moral com o treinador. Isaac, apesar de melhores números na base, perdeu espaço e não está sendo relacionado. Um dos motivos para isso pode ser a situação contratual dele, que tem vínculo com o Galo até abril de 2024. O clube não está conseguindo negociar uma renovação com o jogador, que tem interesse do Internacional, segundo o jornalista Lucas Tanaka.
É o momento dos jovens, Felipão?
Felipão foi questionado algumas vezes sobre a (não) utilização dos jovens da base do Atlético desde que ele chegou ao clube. A Trivela trouxe duas análises que provam que, com o treinador, os jovens têm poucos minutos. O próprio Rubens, que agora é peça-chave do time, tinha sido escanteado, mesmo tendo já feito muita diferença e todos pedirem oportunidades para ele.
Mas Rubens é um “veterano perto dos jovens”. Os jogadores da base atual, como Alisson, Isaac, Cadu e Iseppe, que são atletas com 18 anos ou menos, que ainda estão começando no futebol, recebem ainda menos oportunidades com Scolari, que sempre aponta que não vai colocar esses meninos “na fogueira”, em um momento ruim, como se fossem os salvadores do time.
– Quando está na rabeira como a gente estava. Quando vinha perdendo como vínhamos perdendo, tem que colocar os pés no chão e sair do barro primeiro. Aí depois podemos dar uma chance para A ou B. Uma oportunidade pequena. São jogadores que, aos pouquinhos, a gente vai dando oportunidades. Mas quando as oportunidades podem ser dadas. Não podemos fazer com que eles sejam os nossos salvadores. São jogadores para o futuro – disse após a estreia do Atlético na Arena MRV.
Se Felipão não gosta de colocar os jovens na fogueira, esse parece ser o momento perfeito para isso. O Atlético não vive uma grande fase, mas também não está na lama, como ele citou. São quatro jogos sem perder e uma campanha de recuperação, apesar das apresentações não empolgaram muito. Ou seja, os jogadores da base não precisam entrar como salvadores da pátria, mas sim como mais um para somar no 11 inicial.
Vale destacar que Felipão promoveu a estreia de Alisson no Atlético no quinto e no sétimo jogo dele no comando do clube, quando ele ainda não tinha conseguido nenhuma vitória e estava sob pressão. Apesar de não ser o ideal, é o comum no futebol brasileiro, que quase sempre tem nos jovens a esperança de algo diferente para “salvar” o time.