Brasileirão Série A

Em cria da base, Atlético-MG tinha solução previsível que só Felipão não conseguia ver

Rubens foi escanteado por Felipão, mas todos sabiam que o jovem poderia ser um diferencial, e provou isso ao ganhar sua chance após meses

Na vitória do Atlético-MG contra o Red Bull Bragantino nesta quarta-feira (25), fora de casa, o grande destaque da partida pelo lado atleticano foi o jovem Rubens, que foi escalado como ala-esquerdo e, como sempre, foi o rei dos desarmes. A entrada do jogador mudar o time atleticano positivamente era algo previsto por todos, de torcedores a jornalistas, menos por Felipão, que finalmente viu essa solução.

Rubens é cria do Atlético e virou solução do time quando Guilherme Arana se lesionou gravemente em 2022. Meia de origem, ele foi improvisado na lateral e ganhou muito espaço. Em 2023, foi titular no primeiro semestre do ano, mas perdeu completamente o espaço desde a chegada de Felipão. É claro que, na mesma época, foi quando Arana voltou de lesão e retomou a posição, mas, versátil e em boa fase como estava, o jovem não podia ter sido escanteado como foi.

Cadê o Rubens, Felipão?

Desde a chegada de Felipão até a partida desta quarta, Rubens havia feito apenas quatro jogos nos últimos quatro meses. Três deles saindo do banco, sendo que um ele jogou por um minuto. Havia sido titular apenas uma vez, quando Arana estava suspenso. Mesmo assim, o jovem seguiu figurando na lista de jogadores com mais desarmes e interceptações no Campeonato Brasileiro, o que mostra a qualidade dele, que se manteve em destaque mesmo quase sem jogar.

O sumiço do jovem atleticano gerou muitos questionamentos da torcida, que começaram a acusar Felipão de boicotar os jogadores da base. Com o treinador, os jovens realmente não ganham muitos minutos, como apontou levantamento da Trivela e do CIES Football. Conforme os jogos foram passando, as críticas foram aumentado, pois todos sentiam falta das qualidades que Rubens já apresentou, entendendo que elas poderiam melhorar o time. E foi isso que aconteceu.

Rubens com Felipão

  • 5 jogos
  • 240 minutos
  • 48 minutos por jogo
  • Não atuou em 16 partidas

Há uma semana, Scolari finalmente utilizou o jovem como meia por alguns minutos contra o Palmeiras: “Ele é um reserva com qualidade para jogar na lateral-esquerda. Tem qualidade para a ponta-esquerda, fazendo dobradinha com o Arana. Ele treinou muitas vezes nesses dias como ponta-esquerda. Ele, fechando o lado, tem uma vitalidade impressionante, e dá uma tranquilidade ao lateral para que ele possa fazer tudo que tem que fazer quando avança, pois sabe que tem cobertura. Já decidi que a posição que o Rubens pode nos ajudar, que é a ponta-esquerda, e ele vai fazer isso quando a gente entender necessário”, disse o treinador após a partida em questão.

Agora, contra o Red Bull Bragantino, Rubens finalmente ganhou a chance dele como meia/volante/ala pela esquerda. E não decepcionou. Atuou por 75 minutos, até sentir cãibras pelo longo sem ser titular, e conseguiu oito desarmes e cinco cortes, além de vencer 11 duelos rasteiros e criar uma grande chance de gol. O que parecia óbvio foi constatado, e o jovem do Galo mostrou para Felipão que precisa jogar mais.

– É uma ideia que a gente vinha trabalhando, mas tínhamos jogadores com cartão, lesionados, e a gente não podia colocar em prática. Hoje a gente pôde pôr em prática com o Rubens pelo lado. Sabemos que ele tem uma vitalidade muito grande e podia nos dar uma ajuda pelo meio, como fez até o momento que sentiu cãibras e saiu – disse Felipão.

Resta saber agora se Felipão vai seguir dando espaço para Rubens jogar. Contra o Bragantino, o jovem só jogou pois Zaracho estava suspenso. Há três meses, por exemplo, o treinador promoveu a estreia do jovem Alisson, que entrou muito bem em dois jogos, mas mesmo assim nunca mais ganhou oportunidade. Na época, o jovem entrou pois havia muitos jogadores de meio e ataque lesionados.

Criado como meia, Rubens já era grande destaque na base

Rubens sempre foi muito bem visto na base do Atlético, sendo destaque do time. No último ano dele na base, em 2021, chamou muita atenção por ter sido o artilheiro do time e o líder de desarmes do time, mostrando já sua polivalência com destaque ofensivo e defensivo. Naquele ano, ele fez 32 jogos e marcou 15 gols, além de ter dado 10 assistências.

Formado como meia ofensivo ou como “8”, Rubens teve caminho diferente no profissional quando viu a oportunidade de assumir a lateral-esquerda do Atlético na ausência de Guilherme Arana. Ele se destacou tanto que roubou a vaga de Dodô, que era o primeiro reserva e lateral de origem. Em 2023, o Galo mostrou mais confiança nele ao liberar Dodô para o Santos e ficar apenas com um lateral-esquerdo de origem. No entanto, a chegada de Felipão e o retorno de Arana tiraram o espaço dele na posição que se adaptou, mas ainda há a posição em que ele se formou, que é carente no time atleticano.

Os números de Rubens no Campeonato Brasileiro – segundo o SofaScore

  • 15 jogos (10 titular)
  • 62 minutos por partida
  • 1 grande chance criada – 0.5 passes decisivos por jogo
  • 80% de acerto de passe
  • 1.1 interceptações por jogo
  • 4.4 desarmes por jogo (maior média do campeonato)
  • 4.6 bolas recuperadas por jogo
  • 2.8 cortes por jogo
  • 61% das disputas vencidas
Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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