A conversa com Mano Menezes que mudou o fim de André no Fluminense
Técnico sabia que volante deixaria o clube, mas em um papo, logo que chegou, o convenceu a ajudá-lo até o fim
O Fluminense negociou André com o Wolverhampton e deu fim a uma longa novela. E uma conversa com o técnico Mano Menezes mudou os últimos momentos do volante com a camisa tricolor.
Quando Mano chegou ao clube, em julho, André estava fora de combate. O camisa 7 sofrera uma lesão no ligamento colateral medial do joelho direito no fim de abril, em empate sem gols do Flu com o Cerro Porteño. E não jogava há dois meses.
A Trivela apurou que um dos primeiros atos do técnico foi uma conversa franca com o jogador de 23 anos. Mano Menezes queria saber como estava a cabeça de André naquela situação.
Isso porque a janela de transferências se abriria em 10 de julho, e o volante não conseguia esconder o receio de ter perdido a oportunidade de jogar na Europa. Meses depois, a história terminou com um final desejado por todas as partes.
Fluminense queria segurar André até o fim da janela
O Fluminense esperava vender André em janeiro, na janela de transferências do meio da temporada na Europa. Sem boas propostas, entretanto, o Tricolor dobrou a aposta arriscada de 2023 e manteve o volante.
Naquele momento, o Flu tinha um título em disputa enquanto o mercado da bola estivesse ativo. E André conquistou mais uma taça, a da Recopa Sul-Americana, no Maracanã. Parecia uma oportunidade perfeita para o adeus. Mas os europeus não chegaram nem perto das pedidas do clube — e nem do jogador.
A saída, então, era vender André no verão. A janela de transferências do meio do ano do Brasil costuma ter valores maiores, já que os clubes do Velho Continente estão formando seus elencos. O Fulham, que manteve conversas desde 2022, despontava como favorito.
Desde a abertura da janela, em 10 de julho, o Tricolor esteve aberto às investidas dos londrinos. Em uma das conversas, chegou a pedir que André deixasse o clube apenas no fim da janela.
Isso porque o Fluminense era o lanterna do Campeonato Brasileiro, e ainda tinha as oitavas de final da Libertadores em disputa. O Flu sabia da influência que André teria em campo em cerca de 10 rodadas do início de julho até o fechamento da janela.
André pelo @FluminenseFC em 2024:
⚔️ 26 jogos
🅰️ 1 assistência
✅ 96% acerto no passe (!)
↗️ 80% acerto no passe longo (!)
🦾 174 bolas recuperadas (!)
🆚 40 desarmes
👊 41 faltas sofridas (!)
💯 Nota Sofascore 7.07Convocado para a Seleção Brasileira! 🇧🇷👏 pic.twitter.com/EgizzPHkzw
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) August 23, 2024
A estratégia era arriscada, mas funcionou. Dessa maneira, o Tricolor se viu satisfeito com o negócio. O Fluminense somou 18 de 27 pontos, e alcançou 66% de aproveitamento com André em campo desde então. Além disso, se classificou na Libertadores — uma despedida simbólica para o jogador.
A conversa com Mano que mudou últimos dias de André
O Fluminense demitira Fernando Diniz e não melhorara com Marcão quando o presidente Mário Bittencourt procurou Mano Menezes. A Trivela apurou que já na primeira conversa, Mário foi taxativo: André seria vendido.
O mandatário tricolor, entretanto, avisou da intenção de mantê-lo até o fim da janela de transferências. De preferência, fora da zona de rebaixamento e classificado às quartas da Libertadores — o que, por fim, aconteceu.
Assim que chegou, Mano rapidamente procurou André. Encontrou um jogador triste com a contusão e preocupado com o futuro. O técnico foi sincero: o volante precisava voltar a jogar, e bem, se quisesse jogar na Europa.
Além disso, sair com o Fluminense na zona de rebaixamento seria ruim para sua imagem. Aos 23 anos, o jovem que chegou a envergar a faixa de capitão, em 2024, aceitou o desafio. Voltou aos treinos e em três dias estava em campo no empate do Flu com o Inter, na estreia de Mano.
Volta de André mexeu com vestiário do Fluminense
A Trivela apurou que a postura de André mexeu com o vestiário do Fluminense. O camisa 7 era recorrentemente citado como exemplo por outros líderes como Felipe Melo, Thiago Silva, Marcelo e Ganso.
Ele sabia que deixaria o clube, mas queria mudar a situação da equipe antes disso. O respeito que todos sempre tiveram pelo volante só se reforçou com suas atitudes no fim de sua passagem.
André foi substituído apenas uma vez com Mano Menezes, na vitória sobre o Red Bull Bragantino, fora de casa, em jogo às 11h da manhã. Estava exausto e com cãibras. Na saída, recebeu um forte abraço de Mano Menezes e do auxiliar Sidnei Lobo.
Últimas notícias do Fluminense
Despedida de André gerou choro coletivo no Fluminense
André se despediu dos companheiros na manhã desta quinta-feira (29), no CT Carlos Castilho. Mais uma vez, como virou costume no Fluminense, muitos foram às lágrimas, como publicado pelo ge e confirmado pela Trivela.
Um de seus grandes amigos e companheiro desde a base, Martinelli estava entre os jogadores mais emocionados. O presidente Mário Bittencourt também não conteve o choro.
Enquanto posava à frente das taças que conquistou pelo Fluminense, duas Taças Guanabara, dois Campeonatos Cariocas, a Recopa Sul-Americana e a Copa Libertadores da América, o jovem de 23 anos desmoronou.
André caiu em choro na sala de imprensa e foi abraçado por profissionais do clube, familiares e assessores pessoais. A imagem ganhou as redes sociais.
Viralizou no WhatsApp uma imagem de André chorando em frente às taças que conquistou no Fluminense, posicionadas na bancada da sala de imprensa Paulo Julio Clement.
Clube prepara a despedida oficial do volante que vai jogar no Wolverhampton. pic.twitter.com/fEnFOMXwN6
— Caio Blois (@caioblois) August 29, 2024
Fluminense ficará com 10% de mais-valia de André
O Fluminense vendeu 100% dos direitos econômicos de André por € 22 milhões (R$ 136 milhões na cotação atual) fixos e € 3 milhões (R$ 18,5 milhões) em bônus por metas a serem atingidas.
Antes que o negócio fosse sacramentado, o Tricolor ainda conseguiu ficar com 10% da mais-valia de André, ou seja, uma parte do lucro que o Wolverhampton obtiver com uma futura venda. Isso porque as negociações com a Premier League não permitem que os direitos sejam fatiados.
Sem poder manter uma porcentagem dos direitos, Fluminense e Wolverhampton entraram em acordo para que o Tricolor fique com 10% do lucro da próxima negociação, além do mecanismo de solidariedade da Fifa a que tem direito.