Inglaterra

Quem se adapta, prospera: como Unai Emery colocou Aston Villa na briga por vaga na Champions League

Após livrar o Aston Villa do rebaixamento da Premier League, Unai Emery agora sonha com a classificação à Champions League

Em uma temporada, se livrar do rebaixamento. Na outra, se colocar na briga por uma vaga na Champions League. Parece um roteiro de cinema, mas é a realidade do Aston Villa, que é uma das gratas surpresas da Premier League em 2023/24. Entre os quatro primeiros do campeonato, os Villans agradecem (e muito) Unai Emery, que é o grande responsável por essa história.

Tetracampeão da Liga Europa com Sevilla e Villarreal, o técnico espanhol também foi campeão no (tumultuado) PSG. Então, o que explica assinar com o Aston Villa, que estava perto da zona de descenso para a Championship? Bom, só Unai Emery tem a resposta, mas podemos especular que, desde o princípio, ele acreditou que os Villans tinham muita capacidade de crescimento.

E não demorou muito para Emery tirar o Aston Villa da parte debaixo da tabela, conquistando uma vaga para a Conference League. Nesta temporada, os Villans até mesmo chegaram a sonhar com a liderança da Premier League, mas a verdadeira batalha é pelo G-4. Então, a pergunta que fica é: como isso é possível? Qual o segredo do treinador espanhol? Isso é o que a Trivela vai tentar responder.

O impacto de Unai Emrey no Aston Villa

O Aston Villa começou 2022/23 sob o comando de Steven Gerrard, que não resistiu ao início ruim de temporada e foi demitido. Unai Emery foi contratado junto ao Submarino Amarelo para dar um jeito na situação. Quando chegou aos Villans, o técnico encontrou a equipe na 14ª posição da Premier League com 12 pontos em 13 rodadas, apenas três acima da zona de rebaixamento.

Aos poucos, o espanhol implementou sua filosofia de trabalho. Com uma arrancada impressionante, o Aston Villa atingiu a 7ª posição da tabela, igualando a última melhor campanha, conquistada em 2009/10. Com uma pré-temporada pela frente, Emery teve tempo de consolidar suas ideias nos Villans, além de receber reforços importantes para 2023/24. Entre eles, estão Tielemans, Pau Torres e Diaby.

E o segredo de Unai Emery no Aston Villa parece simples, mas faz a total diferença. O estilo do treinador nos Villans é a adaptação ao adversário. Dependendo da abordagem do rival, o treinador aconselha seus jogadores a construírem as jogadas desde a defesa. Se não for possível, o espanhol não tem medo nenhum de orientar seus atletas a apostarem na bola longa (famoso chutão para frente).

Nesta temporada, o Aston Villa já provou que pode pressionar a defesa adversária para recuperar a bola perto do gol. Ao mesmo, sabe montar uma parede em bloco mais baixo, fechando a casinha dentro de seu próprio campo. Essa estratégia coringa de Emery é importante ao enfrentar times tão diferentes uns dos outros, como o Manchester City de Pep Guardiola, ou o Tottenham de Ange Postecoglou.

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Estatísticas na Premier League que você precisa saber

Confira algumas estatísticas do Aston Villa na Premier League que você precisa saber antes de falarmos sobre como o time de Unai Emery joga. Os dados são do SofaScore referentes até a 27ª rodada:

  • 4º melhor ataque (59 gols)
  • 4ª melhor defesa (37 gols)
  • 80 chances criadas
  • 55,7% de média de posse de bola por jogo
  • 418 passes certos de média por partida
  • 14,7 finalizações de média por jogo

4-2-2-2 e o jogo central

Em um cenário ideal, Unai Emery monta seu Aston Villa num 4-4-2, mas cuja estrutura é de fato um 4-2-2-2. Ou seja, o treinador espanhol traz os pontas dos Villans para uma região mais central do campo. O objetivo é povoar esse setor e dificultar a marcação do rival, já que quebra as linhas adversárias. Essa proximidade dos jogadores no meio também possibilita uma maior troca de passes – e, consequentemente, mais posse de bola.

Como explicado mais acima, a transição ofensiva do Aston Villa varia de acordo com o adversário. Em uma saída 2-4-2-2, os laterais (Cash e Digne) são os únicos jogadores nas extremidades do campo, ocupando a segunda linha. Bailey (ou Diaby), por sua vez, tem a liberdade de se aproximar mais do lado direito para ser opção de passe, mas a ordem geral é que ele ajude Watkins a buscar a posse pelo meio.

Foto: (Reprodução/homecrowd) - A saída do Aston Villa em 2-4-2-2, priorizando a posse na região central de campo
Foto: (Reprodução/homecrowd) – A saída do Aston Villa em 2-4-2-2, priorizando a posse na região central de campo

Com isso, os zagueiros têm várias possibilidades de construção. Eles podem contar com o goleiro Emiliano Martínez para manter a bola no pé até avançar as linhas. Se não, os defensores podem buscar os volantes (McGinn e Douglas Luiz) nas entrelinhas. Por último, se a pressão do rival for incessante, não há nada de errado em arriscar um lançamento pelo alto para os dois atacantes.

Aston Villa sabe como ganhar a segunda bola

Emery não “obriga” seus atletas no Aston Villa a sair tocando até chegar ao ataque. Martínez tem a liberdade de dar o chutão lá para frente. No duelo aéreo, os Villans podem muito bem perder a posse, mas o técnico sabe como ganhar a segunda bola. A simples escolha de preencher o meio-campo com a maioria dos atletas permite que a equipe do espanhol pressione o adversário.

Foto: (Reprodução/homecrowd) - A estrutura de Unai Emery para ganhar a segunda bola
Foto: (Reprodução/homecrowd) – A estrutura de Unai Emery para ganhar a segunda bola

Emery “permite” o ataque pelas pontas

A grande maioria das jogadas ofensivas do Aston Villa acontecem pela região central do gramado, com passes verticais e avanços com a bola até encontrar um lugar propício à finalização. Mesmo assim, Emery “permite” o ataque pelas pontas. No último terço de campo, os Villans montam um 3-5-2 padrão, mas com um detalhe crucial no lado esquerdo.

Isso porque quem ocupa esse lado do campo não é um ponta, mas sim um lateral: Lucas Digne. Do outro lado, Leon Bailey (ou Moussa Diaby) fica mais próximo da extremidade do gramado. Outro fator interessante é que os dois são canhotos. Portanto, o lado esquerdo de ataque do Aston Villa vai procurar o cruzamento na área, enquanto o lado direito busca a jogada individual para criar perigo ao adversário através do drible cortando para o meio.

Foto: (Reprodução/homecrowd) - O 3-2-5 do Aston Villa no último terço
Foto: (Reprodução/homecrowd) – O 3-2-5 do Aston Villa no último terço

Ainda assim, o ideal é o mesmo: buscar o gol pelo setor central de campo. A presença de cinco jogadores na última linha também possibilita o Aston Villa a encher a grande área do rival. Watkins também tem um papel crucial para os Villans, já que o centroavante costuma se desgarrar dos zagueiros adversários para tabelar com os “pontas” invertidos.

As armadilhas defensivas do Aston Villa

Sem a bola, Unai Emery desenvolve armadilhas defensivas para o Aston Villa. Com o centro de campo lotado, o treinador espanhol obriga o rival a sair jogando pelos lados. A consequência são os laterais dos Villans avançando para dificultar a saída adversária. Sem opção de passe pelo meio, o oponente se vê obrigado a voltar para o goleiro, que é apertado pelos dois atacantes.

Foto: (Reprodução/homecrowd) - A pressão pós-perda de Unai Emery
Foto: (Reprodução/homecrowd) – A pressão pós-perda de Unai Emery

Caso o rival consiga escapar da primeira arapuca, o Aston Villa recua suas linhas e as compacta num 4-4-2. Mesmo em bloco baixo, Emery faz com que seus quatro defensores se afastem o máximo possível da sua área, diminuindo os espaços entrelinhas. Por isso, os Villans acabam recuperando a posse de bola para partir em contra-ataque.

Não dá para saber onde o time do espanhol terminará na Premier League, mas seu talento tem que ser valorizado. Em um campeonato repleto de times estrelados, Unai Emery extrai tudo o que há de melhor no Aston Villa. E uma classificação à Champions League poderia ser um prêmio pela boa temporada dos Villans graças a seu técnico.

Foto: (Reprodução/homecrowd) - A estrutura em bloco baixo - mas com linhas altas - de Unai Emery
Foto: (Reprodução/homecrowd) – A estrutura em bloco baixo – mas com linhas altas – de Unai Emery
Foto de Matheus Cristianini

Matheus CristianiniRedator

Jornalista formado pela Unesp, com passagens por Antenados no Futebol, Bolavip Brasil, Minha Torcida e Esportelândia. Na Trivela, é redator de futebol nacional e internacional.
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