Unai Emery tinha um plano: Aston Villa dominou o Manchester City, venceu e subiu para terceiro
Vitória do Aston Villa decretou quarto jogo seguido sem vitória do Manchester City e fez comandados de Unai Emery ultrapassarem Guardiola e companhia na tabela

Um irreconhecível Manchester City atuou nesta quarta-feira (6) no Villa Park. Melhor para o Aston Villa de Unai Emery, que dominou quase todos os 90 minutos, teve as melhores chances e venceu por 1 x 0 com gol de Leon Bailey, impondo o quarto jogo do time de Pep Guardiola sem vitória na Premier League. Para se ter uma ideia da superioridade, foram 22 finalizações dos donos da casa contra apenas duas dos Cityzens.
Em 15 rodadas disputadas, o Villa chegou na terceira colocação, agora com 32 pontos, dois a mais que o City, o quarto. O Arsenal lidera com 36, seguido pelo Liverpool (34).
O triunfo frente ao City foi o 14º seguido no Villa Park em partidas pela Premier League. Um gigante trabalho faz Unai Emery.
Ótimo primeiro tempo, de muitas chances, termina zerado com o Villa melhor
Sem Jack Grealish e Rodri, suspensos, e Jérémy Doku, lesionado, Pep Guardiola teve que fazer algumas alterações na equipe. Montado sem bola no 5-4-1, a equipe de Manchester apostava no característico 3-2-5 com a bola. Kyle Walker, Ruben Dias e Josko Gvardiol eram os primeiros na saída, com a dupla de zagueiros, Manuel Akanji e John Stones, como volantes. A amplitude pelo lado esquerdo ficava com Phil Foden e Bernardo Silva exercia essa função à direita. Por dentro, Erling Haaland era obviamente o homem mais avançado, no meio dos zagueiros, enquanto Rico Lewis e Julian Álvarez apoiavam os pontas.
O Villa de Unai Emery contou com Ezri Konsa, um zagueiro, como lateral-direito e Matty Cash, dono da posição, no banco. O defensor inglês era o responsável pela saída de bola ao lado da dupla de zaga Pau Torres e Diego Carlos. Isso dava liberdade para Lucas Digne jogar como um ponta pela esquerda, e o meia daquele lado, o capitão John McGinn, se juntava a Youri Tielemans no meio-campo no momento ofensivo, atrás do centroavante Ollie Watkins. Leon Bailey mesclava atuar por dentro ou na ponta direita, local onde aparecia por mais tempo.
Os primeiros 10 minutos foram quase todos do time da casa. A equipe mostrava força no jogo pela esquerda, principalmente pela presença de Digne. Em uma escapada da pressão, McGinn teve todo espaço do mundo para lançar nas costas da alta linha de defesa do City. O rápido Bailey recebeu e bateu forte para a primeira defesa de Ederson no jogo. O brasileiro faria uma intervenção ainda mais impressionante logo depois: Pau Torres pegou a sobra de um escanteio e bateu colocado, bonito, a bola parecia ter o caminho do ângulo, mas o goleiro se esticou todo para evitar um golaço.
Os Cityzens passaram a acalmar o adversário a partir da posse de bola. Uma jogada individual conseguiu, enfim, colocar o visitante no jogo. Foden se desvencilhou da marcação da esquerda para dentro e serviu Haaland em profundidade, que bateu cruzado e Emiliano Martínez espalmou para o lado. Na sobra, o centroavante norueguês recebeu de novo, agora em cruzamento, e cabeceou para nova defesa do goleiro argentino – no campo não foi marcado impedimento, mas no replay, aparentemente, o atacante estava impedido.
Villa Park is rocking and we're creating chances, but it remains goalless after half an hour.
Keep at it, Villa! ? pic.twitter.com/qXZOMz06OJ
— Aston Villa (@AVFCOfficial) December 6, 2023
Algo que chamou atenção nesse início/metade de jogo era a pressão do City no campo de ataque – como algo negativo. Talvez por estratégia de Guardiola, Haaland não pressionava muito os zagueiros, principalmente Diego Carlos, e a saída do time da casa era limpa. Assim foi criada a chance de Bailey de frente para Ederson no começo e o jamaicano teria outra oportunidade por uma escapada dessa forma. Agora de fora da área, o atacante mandou uma bomba e Ederson brilhou de novo, com outra grande defesa.
O Aston Villa tinha retomado o controle das chances a partir de uma agressividade (no bom sentido) impressionante, com e sem bola. Uma falta cobrada por Douglas Luiz quase ganhou o caminho das redes, antes de meia hora, quando Konsa antecipou Ederson, mas cabeceou por cima do gol. Bailey teve outra finalização para fora minutos depois.
O ritmo alucinante de antes baixou nos minutos seguintes – seria impossível manter a loucura e velocidade vista nos primeiros 30 minutos, um verdadeiro jogaço (melhor pelo lado do Aston Villa, que pressionava, atacava e se defendia mais e melhor que o City). Uma estatística divulgada pela Premier League que demonstrava como o jogo era mais dos donos da casa foi divulgada com 43 minutos. O clube de Birmingham tinha 14 toques na área adversária, enquanto o de Manchester apenas cinco.
No fim, Ederson ainda fez mais uma boa defesa, fechando o ângulo de Watkins de frente para o goleiro. Na sobra, Digne colocou na cabeça de Douglas Luiz para abrir o placar. Só que a bola saiu antes do cruzamento do francês.
Esses primeiros 45 minutos representaram um recorde negativo a Guardiola. Nunca uma equipe do espanhol, seja Barcelona, Bayern de Munique ou Manchester City, havia sofrido 13 finalizações no primeiro tempo. Foram 535 jogos até atingir esse número.
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Bailey marca o merecido gol da vitória do Aston Villa
Guardiola apostou na conversa no intervalo e não mudou o time na volta para etapa final. Melhor no jogo, não fazia sentido o Villa mudar, a não ser que tivesse alguém com problema físico. A equipe visitante voltou com uma mudança sutil na direita. Agora, Walker ficava bem colocado à lateral, enquanto Bernardo Silva tinha liberdade para flutuar e aparecer por dentro.
Os minutos iniciais do segundo tempo entregaram o que era esperado antes da partida iniciar: um City absoluto com a bola, e o Villa escapando apenas em contra-ataques. Mas esse encaixe não significou emoção ou chances, a exemplo do que tinha acontecido na etapa inicial. Em 11 minutos, nenhum dos lados tinha chutado ao gol. A primeira conclusão, vinda de Douglas Luiz, também nem causou tanto temor assim a Ederson porque veio mascada.
CITY, CITY, CITY ?
? 0-0 ⚪️ #ManCity pic.twitter.com/b3kF2YzcH8
— Manchester City (@ManCity) December 6, 2023
O time de Emery voltou a trazer aquela pressão e intensidade do primeiro tempo. Antes do 20, uma roubada de bola no campo de ataque deixou McGinn de frente para Ederson. No momento de chutar, o escocês foi contestado pela marcação e mandou para fora. A partir dessa chance, o Aston Villa passou a encurralar o City, rondando a área e não deixando o adversário ter a bola. Passou por apuros, mas conseguiu sobreviver o time de Guardiola, que efetuou as primeiras substituições nesse momento de dificuldade: Álvarez e Lewis foram trocados por Mateo Kovacic e Matheus Nunes.
A partir das mudanças, o City passou a jogar com os quatro defensores (Walker, Dias, Akanji e Gvadiol) mais alinhados na saída de bola, atrás de um trio com Stones, Nunes e Kovacic. No ataque, Oscar Bobb entrou na vaga de Foden.
Ainda com o City se adaptando às mudanças, os Villans aproveitaram para abrir o placar – merecido pela ótima partida. O time da casa rodou a bola, atraiu o adversário e Bailey recebeu na linha de meio-campo. O jamaicano carregou até a meia-lua, finalizou, desviou em Dias e matou Ederson na jogada, para enfim furar o bloqueio Cityzen. Um gol não tirou a sede de vitória do Aston Villa, que exigiu nova defesa do goleiro adversário em chute desviado de Watkins e tentativa de rebote com Douglas Luiz.
Emery efetuou as primeiras trocas aos 39 minutos do segundo tempo. O autor do gol Bailey foi substituído por Moussa Diaby, enquanto o jovem Jacob Ramsey entrou e Tielemans saiu. Mudar a postura do time? Que nada, o clube de Birmingham seguia tentando mais. Após uma boa troca de passes, de um lado para o outro, Douglas Luiz bateu colocado de fora da área e carimbou a trave de Ederson.
No fim, mesmo com cinco de acréscimos, pouco fez o City. E foi decretada a primeira vitória de Unai Emery em cima de Guardiola.