Mbappé joga lenha na fogueira do PSG e companheiros reclamam ao presidente

O atacante Kylian Mbappé toma as manchetes nas últimas semanas, mesmo de férias, pela sua situação no Paris Saint-Germain e, desta vez, não é pelo melhor dos motivos. Seis jogadores do PSG reclamaram com o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, pelos comentários feitos pelo craque francês em entrevista à revista France Football, publicada neste sábado. Nela, o atacante diz que os parisienses são “um clube divisivo” e que “atrai fofocas”.

A entrevista foi dada à France Football em 12 de junho, mas só foi publicada neste sábado, 8 de julho, e publicada no L’Equipe. Na entrevista, ele criticou abertamente o clube, além de dizer que é injustamente criticado, individualmente. Comentários que têm causado problemas internamente, com companheiros, e externamente, com torcedores. Isso além de uma disputa fora de campo com a torcida. Uma parte se mostrou insatisfeita com as críticas do jogador ao clube.

Dos seis jogadores que reclamaram da postura de Mbappé ao presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, dois são recém-contratados. Há uma insatisfação também no vestiário com a situação de Mbappé. O PSG contratou três jogadores até aqui na temporada: o zagueiro Milan Skriniar, o atacante Marco Asensio e o meio-campista Manuel Ugarte, além do técnico Luis Enrique.

• Mbappé está em seu último ano de contrato, que acaba em junho de 2024
• O jogador anunciou ao clube que não irá exercer cláusula que tinha para renovar até 2025 e que sairá ao final do seu contrato
• PSG não quer deixar jogador sair de graça: ou renova e fica ou sai já nesta janela
• Em entrevista, Mbappé criticou o clube
• Comentários de Mbappé deixaram seis jogadores insatisfeitos, incluindo dois recém-contratados

Mbappé chamou o PSG de “clube divisivo” e que “atrai fofoca”

Para Mbappé, as pessoas se acostumaram com o seu nível de atuação muito alto, o que faz com que qualquer coisa que não seja espetacular já seja alvo de críticas. “As pessoas estão normalizando as minhas atuações? Sim, mas ao mesmo tempo, eu não os culpo”, disse o capitão da seleção francesa.

“Na França, eles me viram crescer, eles me veem o tempo todo, no PSG toda semana e na seleção francesa. Estou fazendo muitos gols há anos. Então, para as pessoas, está se tornando normal. Nunca reclamei que minhas atualizações normalizadas”, continuou o jogador.

“Sou jovem e tive a oportunidade de ser observador, antes de ser ator. Eu mesmo normalizei o que Messi estava fazendo, o que Cristiano Ronaldo estava fazendo, o que os grandes jogadores estavam fazendo. Estamos em uma sociedade de consumo, onde tudo é ‘isso é bom, mas faça de novo’”, continuou.

“E o fato que estou aqui ao lado, em Paris… Acho que jogar no PSG não ajuda muito porque é um time divisivo, um clube divisivo. Então, é claro que atrai fofoca e não me incomoda porque eu sei o que estou fazendo e como estou fazendo”, afirmou ainda o jogador na entrevista.

Desempenho na Champions tem que ser cobrado dos dirigentes, segundo Mbappé

Mbappé ainda disse que o PSG tenha atingido um “teto de vidro” ao comentar sobre o desempenho do time na Champions League. A questão, para ele, tem que ser respondida por “quem monta o time”. Segundo ele, os jogadores, incluindo a si próprio, “deram tudo de si” e “fizeram tudo que podiam”.

O PSG foi eliminado nas oitavas de final da Champions League nas duas últimas temporadas, caindo para o Real Madrid, que acabaria campeão, em 2021/22, e para o Bayern de Munique, na temporada 2022/23. Nesta última, perdeu os dois jogos, em um placar agregado de 3 a 0 para os bávaros, o que gerou ainda mais críticas sobre a capacidade do time.

Guerra nos bastidores entre Mbappé e diretoria do PSG

Mbappé informou ao PSG em junho que não ativaria a sua cláusula de renovação do contrato até 2025. Com isso, seu contrato vai apenas até 2024. Ele manifestou o interesse de deixar o clube ao final do vínculo. Isso, porém, enfureceu o clube, que reagiu manifestando insatisfação e acusando o jogador de causar problemas. A postura do clube também não agradou Mbappé, que acusou o PSG de tentar causar dano à sua imagem.

Nesta semana, a história ganhou um novo capítulo na apresentação de Luis Enrique, novo técnico do clube. O presidente Nasser Al-Khelaifi disse que não deixaria o jogador sair de graça e que se ele quisesse continuar no PSG, teria que renovar o seu contrato. Mais do que isso: deu um ultimato para que o jogador decida o que vai fazer.

Publicamente, Mbappé diz que quer continuar no PSG, mas também que não quer renovar. Ou seja, quer deixar o clube sem custos ao final do seu contrato. O clube, porém, não quer fazer isso e tem uma postura de confronto, ao contrário do que fez na última vez que isso aconteceu.

Mbappé, renovação, Real Madrid: novela repetida de 2021

Na temporada 2021/22, o Real Madrid tentou contratar Mbappé, oferecendo mais de €200 milhões pelo francês. Como ele estava em seu último ano de contrato, se imaginava que o clube francês consideraria a venda. Não aconteceu. Não aceitou vender e apostou que conseguiria renovar.

Em maio de 2022, já no fim da temporada, o PSG anunciou, de forma pomposa, a renovação de Mbappé até 2025, posando com uma camisa com a data. Só que foi enganoso: depois se revelou que a renovação, na verdade, foi até 2024 e havia uma cláusula que permitia a Mbappé, de forma exclusiva, decidir renovar até 2025, se assim quisesse. A comunicação que ele oficializou ao PSG em junho dizia que ele não exerceria essa cláusula.

Desta vez, o PSG não aposta na renovação e tem uma postura dura com o jogador. Se ele não renovar, será vendido. Só que não é possível forçar o jogador a ser vendido, se ele não quiser. Tudo parece um teatro e uma novela sem fim e chatíssima. Está claro que Mbappé quer sair e o PSG parece querer o forçar a sair já agora, para que não deixe o clube de graça.

É uma disputa que terá novos capítulos nas próximas semanas. E muito provavelmente, o Real Madrid estará envolvido. Até porque parece ser o único clube capaz de levar o jogador. Isso, claro, no momento. Enquanto essa novela se arrasta, novos personagens podem aparecer. Especialmente se o Manchester United acabar vendido a um catariano, que está na disputa para comprar o clube.