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Mbappé informa que não estenderá contrato até 2025, e o PSG já está até reprisando novela

Porque, dois anos atrás, estávamos na mesma situação

Kylian Mbappé enviou uma carta ao Paris Saint-Germain nesta segunda-feira informando que não exercerá a opção de estender o seu contrato por mais um ano, o que significa que ficaria livre no mercado em julho de 2024. O jornal francês L’Equipe foi o primeiro a publicar a informação, depois confirmada por BBC e pelo The Athletic. E, assim, mais uma novela começa no PSG – e essa será transmitida pelo Vale a Pena Ver de Novo.

Porque dois anos atrás estávamos nesta mesma situação. Mbappé tinha apenas mais uma temporada de contrato com o Paris Saint-Germain. Havia sido estranha a decisão do clube de não aproveitar a última oportunidade para fazer dinheiro com ele, durante o mercado do verão europeu de 2021, antes do jogador poder assinar pré-contrato com outras equipes, porque parecia certo que ele iria para o Real Madrid.

Mbappé nunca escondeu o sonho de defender os merengues, nem Florentino Pérez o de contratá-lo um dia. Por mais rico que o PSG seja, deixar uma contratação de € 180 milhões sair de graça não parece um bom hábito empresarial – até para não precisar burlar o Fair Play Financeiro novamente. Mas o PSG ganhou a aposta e durante um longo processo conseguiu convencer Mbappé a assinar um novo contrato.

A situação atual, porém, deve ser diferente. De acordo com o L’Equipe, o PSG foi pego de surpresa porque Mbappé tinha até o fim de julho para notificá-lo sobre a sua decisão. Não precisava tê-lo feito com um mês e meio de antecedência. E caso não seja apenas uma tática de negociação para receber um salário maior – o que é uma hipótese plausível -, o clube parisiense está pronto para colocá-lo no mercado porque, dessa vez, não quer correr o risco de perdê-lo de graça.

Na novela anterior, Mbappé acabou ficando, mas, como tinha todo o poder de barganha em suas mãos, conseguiu um vínculo curto, de duas temporadas com opção por mais uma, e ainda ganhou poderes de influenciar as decisões estratégicas. Leonardo foi trocado por Luis Campos, antigo conhecido de Mbappé dos tempos de Monaco. A ideia, reforçada pelo presidente Nasser Al-Khelaifi em um manifesto, era trocar a política de contratação de estrelas pela montagem de um time de verdade, coeso e coerente.

A ideia era boa. A execução foi fraca. Campos e Christophe Galtier, o técnico escolhido para substituir Mauricio Pochettino, foram muito criticados pelos seus trabalhos na última temporada. O diretor, por exemplo, não conseguiu contratar Milan Skriniar, chegando ao fim do seu contato com a Internazionale, e Mbappé cobrou um centroavante para que pudesse atuar de uma maneira mais similar ao que faz na seleção francesa. Também havia rumores de que queria que Neymar fosse vendido.

De qualquer maneira, independente de insatisfações específicas que Mbappé possa ter com a condução do projeto, a verdade é que a temporada do PSG foi um desastre. Galtier se tornou mais um treinador de uma longa lista a não conseguir instaurar um sistema coletivo eficiente. A Champions League terminou novamente nas oitavas de final e a conquista do Campeonato Francês foi melancólica, entre muitas derrotas na reta final e protestos dos torcedores.

O planejamento para a próxima temporada sempre pareceu um momento de definição para o PSG. Sergio Ramos e Lionel Messi foram embora. É difícil imaginar que Neymar tenha vida longa no Parque dos Príncipes. O clube teria que decidir entre substituí-los apenas com estrelas ou buscar uma abordagem mais inteligente no mercado de transferências. Todos os planos, porém, como o de formar uma equipe com destaques franceses e parisienses, incluíam a permanência de Mbappé como o sol desse novo time.

Agora, no cenário mais otimista, o futuro de Mbappé e do PSG são incertos. Mesmo se for uma tática de negociação, o poder de barganha está novamente todo com ele. Em quais termos uma renovação seria acertada? Por outro lado, se a vontade de ir embora for genuína, o clube ou o perderá de graça ou terá que vendê-lo abruptamente e de repente pode ficar sem nenhuma das suas três principais estrelas – e a taxa de transferência provavelmente será menor do que poderia ser em outras circunstâncias.

Quem sorri é Florentino Pérez. O Real Madrid sente a falta de uma grande estrela desde a saída de Cristiano Ronaldo. O bastão seria passado para Eden Hazard. Não deu certo. Surpreendentemente, Karim Benzema acabou ocupando um pouco esse papel, e Vinícius Júnior cresceu, mas a questão aqui é menos futebol em si e mais poder midiático. Mbappé reúne os dois com excelência, e não sei se vocês ficaram sabendo, mas recentemente foi aberto um espaço gigantesco na folha salarial do Real Madrid.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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