Ceferin, presidente da Uefa, sobre o presidente da Juventus: “Agnelli não existe mais para mim”
Relação entre Ceferin e Agnelli foi destruída pela participação do presidente da Juventus na criação da Superliga, que acabou fracassando
O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, não poupou suas palavras sobre seu antigo amigo e presidente da Juventus, Andrea Agnelli. Os dois tinham uma boa relação. Agnelli, além de presidente da Uefa, era presidente da European Clubs’ Association, ECA, que tinha um posto na Uefa. A criação da Superliga, ou a tentativa dela, criou uma cisão definitiva. Recentemente, Ceferin deu uma alfinetada no dirigente italiano e nos presidentes dos clubes espanhóis por ainda fazerem parte da Superliga e se inscreverem na Champions League.
“Aos meus olhos, esse homem não existe mais”, afirmou o presidente da Uefa à Sofoot. O esloveno é padrinho de uma das filhas de Agnelli, o que indica o quanto a relação entre os dois era próxima. “Eu achei que éramos amigos, mas ele mentiu na minha cara até o último minuto do último dia, me garantindo que não havia nada para me preocupar. Tudo isso enquanto no dia anterior ele assinou os documentos necessários para lançar a Superliga”.
“Nós não sabíamos o que estava acontecendo, exatamente. De tempos em tempos, nós recebíamos ameaças [de uma Superliga]. Nós não levamos isso muito a sério. Mais ainda porque, da nossa parte, tínhamos organizado várias reuniões com os clubes para apresentar a sua nova reforma da Champions League, que os 12 clubes rebeldes votaram a favor. Mas no dia seguinte, eles revelaram seu projeto fantasma”, continuou Ceferin.
Eram 12, mas rapidamente os clubes foram deixando de fazer parte da Superliga. Do anúncio, na noite de domingo, e o desmoronamento completo, na terça-feira, foram só 48h. Real Madrid, Juventus, Barcelona, Manchester United, Liverpool, Manchester City, Chelsea, Tottenham, Arsenal, Milan, Internazionale e Atlético de Madrid eram os 12 rebeldes. Destes, só os três primeiros continuam comprometidos com a Superliga Europeia. Todos os outros já deixaram de fazer parte da organização, formalmente.
“A Uefa é um navio lindo e poderoso”, disse Ceferin. “Foram atacados por um submarino algumas semanas atrás, mas no fim, fomos nós que os afundamos. Futebol é mais do que um simples jogo, é uma parte integral dos nossos países, culturas e sociedades. É por isso que a leitura [dos 12 fundadores da Superliga] foi completamente equivocada”. O principal ponto subestimado pelos dirigentes foi a torcida. O que a Superliga deixou claro é que sem as pessoas, não se faz futebol.
Com o colapso da Superliga, os três remanescentes, Real Madrid, Barcelona e Juventus, continuam insistindo na sua necessidade. Até os financiadores da Superliga, o banco americano JP Morgan, se desculpou com seus acionistas por “terem julgado mal como o negócio seria visto pela comunidade do futebol”. A represália veio, ainda que de forma bastante leve: a Uefa fez um acordo para punição aos clubes que desistiram da Superliga. Aos que ainda não desistiram, a expectativa é de uma punição mais pesada. Resta saber quem fará a maior bravata.
Segundo a ESPN americana, os clubes ingleses pressionam para que Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, dissolva a empresa criada para lançar a Superliga Europeia. Algo que pode criar ainda mais atrito nas próximas semanas entre esses clubes. Os 12 dirigentes que tentaram esse golpe no futebol europeu ficarão marcados, seja como for. Mas alguns tentam se desvincular do episódio. Outros continuam abraçando a ideia.
O próximo passo é uma discussão sobre a reformulação da Champions League, que foi muito criticada, com razão. Jogadores como Ilkay Gündogan já falaram a respeito, e há uma cobrança na Uefa para que se discuta isso. O assunto deve voltar à tona nas próximas reuniões da Uefa.