Brasil pega a Argentina e tenta quebrar tabu para dar fim à pressão nas Eliminatórias
Mal nas Eliminatórias, Seleção precisa vencer líder Argentina para diminuir a pressão sobre desempenho ruim; Brasil não vence clássico no estádio desde 1989

O ano de 2023 esteve bem longe dos sonhos para a Seleção Brasileira. E o último desafio será gigante. No Maracanã pela primeira vez desde 2017, o Brasil de Fernando Diniz enfrenta a Argentina de Lionel Messi, atual campeã da Copa do Mundo, às 21h30 (de Brasília). Na saideira da temporada, os brasileiros querem vencer para dar fim à pressão que aumenta pelo 5º lugar das Eliminatórias. Para isso, precisa quebrar um tabu: não vence o maior clássico do continente no estádio desde 1989.
Após o fim da Era Tite, a única pentacampeã da Copa do Mundo começou a temporada sem treinador e contratou Fernando Diniz como interino enquanto aguarda Carlo Ancelotti, mas não engrenou. Foram oito jogos, com quatro derrotas, um empate e apenas três vitórias.
Enquanto somou apenas 7 pontos em cinco jogos nas Eliminatórias, com vitórias sobre os dois piores times da competição — Peru e Bolívia —, o Brasil vê a arquirrival Argentina na liderança, com 12 pontos.
— O grupo sentiu a tristeza que tem que sentir, e também a vontade de melhorar. Temos trabalhado muito. Todo mundo quer que ataque e defenda bem na mesma proporção. Espero um time mais equilibrado, sem perder efetividade e poder de criação que a gente teve — afirmou Fernando Diniz em coletiva na segunda (20).

A invencibilidade dos hermanos, entretanto, foi quebrada no clássico com o Uruguai, na última quinta-feira (16), em La Bombonera.
— Sempre dissemos que não éramos imbatíveis. Ficou evidente, além do resultado final. Temos que estar preparados para isso e continuar competindo. Ninguém gosta de perder e está muito claro, somos os primeiros que queremos nos recuperar — diminuiu Lionel Scaloni, em coletiva na segunda (20).
Com desfalques, Diniz mexe de novo na escalação da Seleção
Para piorar, Diniz tem muitos desfalques. Neymar e Vini Jr, grandes jogadores do país no futebol mundial nos últimos anos, estão fora. Antigos destaques como Paquetá, envolvido em uma polêmica de apostas, e Richarlison, em péssima fase no futebol europeu, nem foram convocados. Titulares em 2023 e líderes do elenco, Casemiro, Danilo e Éderson também estão lesionados.

Também por isso, o treinador do Fluminense fará mudanças no time titular e terá um time muito jovem para o Brasil x Argentina no Maracanã. A Seleção treinou na Granja Comary com Alisson, Emerson Royal, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Carlos Augusto; André e Bruno Guimarães; Raphinha, Gabriel Jesus, Rodrygo e Martinelli.
— Eu não enxergo o futebol da maneira que vocês enxergam, que se colocasse mais um jogador, um volante ou meia o time ficaria mais protegido. Não encaro assim. O Brasil na Copa do Mundo jogou com uma formação parecida. O Neymar, que também é atacante, dois pontas abertos, um centroavante, e o Paquetá, com característica mais ofensiva até do que o Bruno Guimarães. Tratam o quarteto como uma coisa inovadora, coisa que não é. O que muda é que tem um novo jeito de jogar, com mais agressividade, e a equipe vai se adaptando, isso leva um pouco de tempo — disse Diniz, em entrevista coletiva na segunda (20).
Do lado argentino, Lionel Scaloni tem todos à disposição. O técnico campeão do mundo tem duas dúvidas no ataque. Lautaro Martínez e Julián Álvarez brigam para ser o centroavante, enquanto Di María, de volta após lesão, pode entrar no lugar de Nico González.
Seleção tem um dos piores aproveitamentos da história em 2023
Os revezes, aliás, já mostram bem como 2023 foi duro para o Brasil. Desde 2003 que a Seleção não perdia tanto, em aproveitamento que só não é pior do que em 1923 e 1940. As quatro derrotas são iguais também as de 1956, 1957, 1960 e 1998, mas em todos esses anos, a Amarelinha entrou em campo ao menos 14 vezes.

Caso perca para a Argentina, o time de Fernando Diniz igualará o número de 1968, mas 55 anos atrás, a Seleção jogou 20 vezes. A pior marca é de 1963, quando perdeu 8 de 18 jogos. Os dados do levantamento são do ge.
Seleção não vence Brasil x Argentina no Maracanã desde 1989
A Argentina é o rival que o Brasil mais enfrentou no Maracanã em toda a sua história. O maior clássico do continente foi disputado 12 vezes no estádio desde 1957, quando tiveram o primeiro embate no Maior do Mundo.
— Acredito que a Seleção que vai contribuir para o ambiente. Concordo que o Maracanã responde de maneira diferente quando as coisas não andam bem. Historicamente é assim. Vai depender de como vai se portar em campo. Espero um grande jogo. É uma equipe de qualidade, tem um dos maiores jogadores da história. A gente se preparou muito para o jogo e espera fazer uma grande partida. Que a torcida consiga jogar junto com o time — opinou Diniz.

O retrospecto é positivo para a Seleção, que venceu sete vezes, empatou duas e perdeu apenas três. Mas duas destas derrotas aconteceram nos dois últimos clássicos disputados no Maracanã. Tanto em 2021, na final da Copa América, quanto em 1998, em amistoso antes da Copa do Mundo, o Brasil acabou perdendo por 1 a 0.
Bebeto marcando para o Brasil na Copa América de 1989 contra a Argentina de Maradona.
Brasil 2 x 0 Argentina
Gol do Dia pic.twitter.com/vyv1Ffxxqb— Brechó do Futebol (@brechodofutebol) March 31, 2020
A última vitória da Seleção Brasileira sobre a Argentina no Maracanã foi em 1989, pelo quadrangular final da Copa América daquele ano, disputada no Brasil. Os gols foram de Romário e Bebeto, em voleio muito famoso. Nem Maradona foi capaz de superar a dupla.
Um outro número serve de alento para o Brasil. A Seleção jamais foi derrotada em casa em uma partida de Eliminatórias para a Copa do Mundo.