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A Copa se curva à lenda Messi: nos pênaltis, dramático, contra uma França que não se entregou, a Argentina é campeã do mundo

A melhor final de todos os tempos: empate por 3 a 3 depois da prorrogação, com dois gols de Messi e três gols de Mbappé, a Argentina enfim conquista o seu merecido título mundial pela terceira vez

Foram seis finais. Duas de Copa do Mundo. Drama, muito drama. Pênaltis. Os mesmos que fizeram a Argentina chorar nas Copas América de 2015 e 2016. Passando pela prorrogação, que fez o país chorar em 2014. Uma França enorme, que não se entregou até o fim, buscou o empate, criou uma montanha para a Argentina escalar para chegar ao título. Foi dramático, foi tenso, foi sofrido, chorado. Mas envolto em lágrimas, os argentinos, enfim, comemoraram. Depois do empate por 3 a 3, com dois gols de Lionel Messi, gênio, imortal, eterno. Mesmo assim, foi preciso passar pela tortura dos pênaltis. Mas desta vez, não havia pudesse tirar o título da Argentina. Nem Deus. Até porque tinha DIOS, lá da eternidade, para fazer valer a sua mística. Passado tudo isso, a Argentina é campeã do mundo pela terceira vez.

Foi um jogo absolutamente incrível. A melhor final de todos os tempos. Foi uma final absolutamente inesquecível. Tecnicamente, emocionalmente, em tudo. A Argentina parecia construir uma história de título no primeiro tempo com as cores e a marca de Messi. Foi dele o primeiro gol, foi de Ángel Di Maria o segundo. Tudo se encaminhava para uma história linda de uma conquista histórica.

Só que a França tinha Kylian Mbappé. Um craque completo, que parecia apagado e não fazia um grande jogo. Mas em poucos minutos, fez a França renascer. Foram dois gols, já na reta final do segundo tempo. O que era uma história de glória da Argentina se tornou um drama, flertando com a tragédia. A França cresceu, ficou perto da virada. Parecia quase inevitável que os franceses virassem.

Veio a prorrogação. Mais drama. Mais chances perdidas. Mais corações quase parando na torcida argentina. Só que Messi estava em modo lenda nesta Copa. E em um bom lance articulado com Lautaro, com uma dose de sorte, marcou o gol que parecia o do título, consagrador, histórico. Veio um pênalti para a França. Novamente, drama. Mais uma vez, o time flertou com a tragédia.

Foi preciso pênaltis. Com o coração de cada um dos milhões de argentinos nas mãos, Dibu Martínez brilhou. Todas as dificuldades que apareceram não foram o bastante para impedir o título. Nas cobranças de pênaltis, veio o título, a consagração. O legado de Messi não ficará sem uma Copa do Mundo. A Copa é de Messi, é da Argentina, é o terceiro título mundial dos albicelestes. O mundo é novamente da Argentina. E a história abre as portas para uma das maiores lendas que o futebol já viu: Lionel Messi. Eterno, imortalizado, vivo e pulsando no coração de cada um dos milhões de argentinos, mas não só deles. De tantos milhares de fãs, de torcedores que foram da Argentina neste domingo. O coração de todos eles chorou de novo, mas, desta vez, de alegria. Messi, enfim, tem uma Copa do Mundo.

Escalações: Di Maria titular, França completa

Havia muitas dúvidas no lado argentino, mas por uma questão tática. Se especulou que o time jogaria com uma linha de cinco jogadores, mas não foi o que aconteceu. A grande novidade foi mesmo a entrada de Ángel DI Maria. Leandro Paredes ficou no banco, com o meio-campo formado por Enzo Fernández e Rodrigo de Paul pelo centro, com Alexis Mac Allister pelo lado esquerdo. No mais, tudo certo.

Na França, as dúvidas que existiam eram físicas. Alguns jogadores estiveram gripados nos últimos dias e o time chegou a ficar desfalcado na semifinal por conta disso. Para a final, porém, todos os jogadores estavam recuperados, inclusive Dayot Upamecano e Adrien Rabiot, que não jogaram a semifinal com Marrocos. A França jogou com o time completo.

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Primeiro tempo: um atropelamento da Argentina

Lionel Messi comemora o gol da Argentina (Dan Mullan/Getty Images)

Nos primeiros cinco minutos, os Argentinos conseguiram chegar um pouco mais. Ao contrário do que se esperava, Ángel Di Maria começou pelo lado esquerdo do ataque, com Messi pela direita e centralizando Julián Álvarez. Assim, o trio de meio-campo argentino dos melhores momentos na Copa.

Aos quatro minutos, o primeiro chute: Alexis Mac Allister recebeu pela meia esquerda e, com espaço, finalizou. A bola foi no meio do gol e o goleiro Hugo Lloris defendeu sem problemas. Aos sete minutos, Di Maria foi bem na ponta esquerda, cruzou para trás, De Paul ficou com a bola, puxou para o meio e chutou. Varane desviou e a bola foi para escanteio. Na cobrança, em uma bola que sobrou na área, Lloris se chocou com o zagueiro Cristian Romero e ficou no chão para ser atendido. Pareceu uma forma de esfriar um pouco o bom início da Argentina.

A França chegou pela esquerda com o lateral Theo Hernández aos 18 minutos, que recebeu falta. Na cobrança, Olivier Giroud subiu bem, na segunda trave, e tocou para fora.

Aos 21 minutos, em um bom lance pelo meio, Julián Álvarez tocou para Messi, a bola veio no pé direito e ele tocou na esquerda, de primeira, de pé direito mesmo. Di Maria fez uma bela finta em Dembélé e foi derrubado na área. Houve um toque do atacante. O árbitro Szymon Marciniak não teve dúvida: apontou pênalti. Messi foi para a cobrança e deslocou Lloris para colocar na rede: 1 a 0 para a Argentina, aos 23 minutos. Sexto gol de Messi na Copa do Mundo.

Só dava Argentina, que era muito melhor em campo. Aos 35 minutos, a Argentina fez a saída de bola com o goleiro Martínez, que deu um chutão. Upamecano devolveu, Molina tocou de primeira recuperando a bola, Mac Allister tocou de primeira para Messi, que, em um belo toque, abriu na direita para Julián Álvarez. O camisa 9 colocou em profundidade para Mac Alliester, que avançou até dentro da área e, quando a marcação chegava com três jogadores, ele rolou para a esquerda, onde Di Maria chegou para completar de primeira e marcar: 2 a 0, aos 36 minutos.

Era um baile da Argentina até ali e o técnico Didier Deschamps resolveu mudar o time, aos 40 minutos. O técnico sacou dois atacantes, Ousmane Dembélé e Olivier Giroud, e colocou Randal Kolo Muani e Marcus Thuram. Assim como no jogo contra Marrocos, centralizou Mbappé. Era uma tentativa também de conter o jogo dos argentinos pelos lados.

Segundo tempo: França reage no final e quase vira

Mbappé comemora um golaço pela França (Catherine Ivill/Getty Images)

No segundo tempo, o panorama mudou pouca coisa. A Argentina continuava sendo perigosa quando ia ao ataque. Os franceses pareciam, ao menos, mais intensos fisicamente. Aos 19 minutos, Lionel Scaloni trocou Di Maria por Marcos Acuña. O jogador foi lateral em diversos momentos da Copa, mas entrou como um jogador mais de meio-campo, fechando uma linha de quatro, que passou a ter Rodrigo de Paul do Lado direito – ele já ficava ali para fechar os espaços.

A França não conseguia reagir. A Argentina jogava melhor, com ou sem a bola. Os franceses passaram a ter mais a bola, mas não era o suficiente para criar chances. O técnico francês fez mais duas alterações difíceis de entender. Sacou Theo Hernández e Antoine Griezmann, duas armas importantes, e colocou em campo Eduardo Camavinga e Kingsley Coman.

O jogo estava difícil, mas aos 33 minutos, em um ataque rápido pela esquerda, Kolo Muani, Otamendi segurou o jogador e o árbitro marcou o pênalti. Mbappé cobrou e marcou: 2 a 1. Ainda havia tempo. E foi muito rápido. Messi perdeu a bola no meio, Coman recuperou, tocou para Rabiot, que passou a Marcos Thuram. Ele tocou para Mbappé, recebeu de volta e devolveu, em bela tabela, pelo alto. Mbappé, de primeira, finalizou forte, no canto, e marcou: 2 a 2, aos 36 minutos. Um golaço. Agora o jogo era igual. Em três minutos, o jogo que parecia ganho pela Argentina mudou completamente.

A Argentina sentiu o primeiro e mais ainda o segundo gol. A França, claro, cresceu demais. A situação era dramática para os argentinos, que perderam completamente o controle do jogo. Emocionalmente, o time da Argentina parecia sem conseguir mais se impor como vinha fazendo até tomar o primeiro gol.

O jogo era tenso. Os dois times sabiam que não se podia mais errar. Eram os minutos finais de uma Copa do Mundo, com empate no placar. O que era uma atuação absolutamente impositiva da Argentina tinha se tornado um ensaio de tragédia. E a pressão era francesa. Com 48 minutos, uma bola foi cruzada, a bola ficou pipocando e Emiliano Martínez defendeu.

A tensão argentina era cortante. A França causava um arrepio nos milhares de torcedores argentinos presentes no estádio. Só que a Argentina tinha Messi. E já aos 50 minutos, Messi recebeu na meia direita, puxou para o meio e soltou uma bomba de pé esquerdo. Lloris fez uma defesaça e mandou para escanteio. Evitou o que seria, inevitavelmente, o gol do título.

Não houve tempo para mais. O jogo iria para a prorrogação. Seriam mais dois tempos de 15 minutos e muito drama pela frente.

Prorrogação: gols e muito drama

Messi marca na prorrogação (Buda Mendes/Getty Images)

Lionel Scaloni só tinha feito uma mudança até ali e na prorrogação mudou mais um: colocou o lateral direito Gonzalo Montiel no lugar de Nahuel Molina. Em campo, porém, a prorrogação manteve o que vinha acontecendo no final do segundo tempo: a França melhor, fisicamente e mentalmente.

O técnico Lionel Scaloni, enfim, mexeu no time aos 102 minutos. Entraram Leandro Paredes no lugar de Rodrigo de Paul, já muito cansado, e Lautaro Martínez no lugar de Julián Álvarez. E foi Lautaro que teve a chance, pouco depois de entrar. Recebeu dentro da área, dominou e foi travado por Varane, em uma grande recuperação. No rebote, Montiel bateu de fora da área e a bola tocou na defesa e saiu.

Logo depois, Acuña fez um lindo lançamento para Lautaro Martínez, que finalizou e Upamecano desviou. Era uma grande chance, mas o árbitro não marcou o escanteio. O árbitro encerrou o primeiro tempo da prorrogação logo em seguida. Nos minutos finais, a Argentina pareceu se reencontrar no jogo. Terminou esta primeira etapa da prorrogação em alta.

No início do segundo tempo, a Argentina chegou ao terceiro gol de forma absolutamente dramática. Montiel jogou a bola para frente, Lautaro ajeitou de primeira para Messi, que tocou Enzo Fernández, que devolveu para Lautaro. Ele chutou forte, Lloris deu rebote e Messi, no rebote, tocou para dentro e o lateral Jules Koundé tentou tirar, mas a bola tinha entrado e entrado muito: 3 a 2. Explosão no estádio e gol da Argentina, aos 108 minutos.

Os argentinos já passaram a segurar a bola ali e dividiam todas as bolas. Só que aos 116 minutos, em um chute de Kylian Mbappé, Gonzalo Montiel se jogou e a bola bateu no braço. O árbitro imediatamente marcou pênalti. Mbappé mesmo assumiu a cobrança e mandou para a rede: 3 a 3 de novo. A França se recusava a morrer. E curiosamente, a Argentina tomou o gol quando faltavam quatro minutos para acabar a prorrogação, assim como o Brasil.

E a França seguia assustando. Mbappé desceu pelo lado esquerdo, cruzou e Muani tentou o toque, mas não conseguiu, e a bola passou com perigo. O jogo chegava aos 120 minutos e a arbitragem indicou três minutos de acréscimos.

Os últimos lances foram absurdos. Kolo Muani saiu na cara do gol em um lançamento que a defesa da Argentina falhou, mas Dibu Martínez defendeu e fez um milagre. Logo depois, no contra-ataque do lance, Messi recebeu, tocou para a direita para Montiel, que cruzou para Lautaro cabecear pessimamente e perdeu o último dos seus gols na Copa.

No último lance da prorrogação, Mbappé pegou a bola na esquerda e tentou resolver, fez a finta e acabou desarmado no último instante. O jogo mais dramático da história das Copas terminou empatado em 3 a 3. A disputa foi para os pênaltis.

Pênaltis

Messi comemora: o título é da Argentina (Catherine Ivill/Getty Images)

Foi a França que começou batendo com Kylian Mbappé. Ele bateu forte, no canto: 1 a 0 França.

Lionel Messi foi o primeiro a bater pela Argentina. Ele bateu deslocando o goleiro, com uma frieza terrível: 1 a 1.

Coman foi o segundo a bater pela França. Ele bateu cruzado e Dibu Martínez defendeu. O primeiro erro da disputa.

Paulo Dybala, que entrou no final da prorrogação, foi o segundo cobrador argentino. Ele bateu no meio do gol, Lloris saltou e, assim, a bola entrou. Argentina 2 a 1.

Aurélien Tchouaméni foi o terceiro cobrador da França. O volante, que fez boa Copa, bateu para fora. Segundo erro nas cobranças, segundo erro da França.

Leandro Paredes foi o terceiro cobrador da Argentina e bateu firme, forte e no canto: 3 a 1 para os sul-americanos. Lloris pulou no canto certo, até raspou na bola, mas não pegou.

Kolo Muani, que entrou bem no jogo, foi o próximo cobrador da França e não podia errar. Ele encheu o pé no meio do gol e marcou: 3 a 2 para a Argentina.

Gonzalo Montiel foi o cobrador seguinte da Argentina. Se ele marcasse, o título era da Argentina. Ele cobrou no canto, tirou Lloris do lance e partiu para o abraço: 4 a 2 para a Argentina.

A Argentina caiu em prantos, mas desta vez de alegria: os albicelestes são campeões mundiais pela terceira vez.

FICHA TÉCNICA

Argentina 3(4) x (2)3 França

Local: Estádio Lusail, em Lusail
Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia)
Gols: Lionel Messi (duas vezes), Angel Di Maria (Argentina), Kylian Mbappé (três vezes) (França)
Cartões amarelos: Enzo Fernández, Marcus Acuña, Gonzalo Montiel, Leandro Paredes (Argentina), Adrien Rabiot, Marcus Thuram, Olivier Giroud (França)
Cartões vermelhos:
nenhum

Argentina: Emiliano Martínez; Nahuel Molina, Cristian Romero, Nicolás Otamendi e Nicolás Tagliafico (Paulo Dybala); Rodrigo de Paul (Leandro Paredes), Enzo Fernández e Alexis Mac Allister (Germán Pezzella); Lionel Messi, Julián Álvarez (Lautaro Martínez) e Ángel Di Maria (Angel Di Maria). Técnico: Lionel Scaloni

França: Hugo Lloris; Jules Koundé (Axel Disasi), Raphaël Varane (IBrahima Konaté), Dayot Upamecano e Theo Hernández (Eduardo Camavinga); Aurélien Tchouaméni e Adrien Rabiot (Youssouf Fofana); Ousmane Dembélé (Randal Kolo Muani), Antoine Griezmann (Kingsley Coman) e Kylian Mbappé; Olivier Giroud (Marcus Thuram). Técnico: Didier Deschamps

Melhores momentos

https://www.youtube.com/watch?v=xa7lT_vzzLM
Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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