Seleção Brasileira ‘derrapa’ na defesa, e ponto forte na ‘era Tite’ vira problema para Diniz
Diniz prioriza corrigir erros defensivos de Seleção que sofreu nove gols em seis jogos após a saída de Tite
Deixar o gramado da Arena Pantanal sob vaias é um sinal de que as coisas não foram bem em sentido algum para o Brasil durante o empate em 1 a 1 com a Venezuela, na última quinta-feira (12), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Mas entre tudo o que deu errado no calor sufocante de Cuiabá, Fernando Diniz deixou a capital do Pantanal preocupado especialmente com o desempenho do sistema defensivo de sua equipe neste início de trabalho como técnico da seleção brasileira.
A entrevista coletiva do treinador após um resultado tão frustrante quanto inesperado deixou isso nítido, ao menos nas entrelinhas. Diniz citou dois “pecados” da equipe na partida: as chances perdidas pelo ataque e a desatenção da defesa para impedir contra-ataques.
Para as falhas dos homens de frente, o técnico teve explicações. Houve alguns erros técnicos, e o gramado e o próprio calor foram prejudiciais para uma equipe que sempre dominou as ações e tentava furar um bloqueio de uma linha de seis defensores. Agora, para as deficiências defensivas, sobrou apenas a preocupação.
– Eu acho que a gente pecou em dois aspectos principais. O término das jogadas. A gente criou para fazer segundo, terceiro, quarto gols. E a gente cedeu contra-ataques que não devia. E o gol da Venezuela, a gente falhou em coisas que não devia ter falhado. A gente podia ter ajustado a marcação e não oferecer chance de finalizar – afirmou o treinador.
🔎| Curiosidade:
O Brasil sofreu 2 gols em casa nas Eliminatórias sob o comando de Tite. O mesmo nº de gols que a Seleção já sofreu com Fernando Diniz.
Com Tite 🆚 Com Diniz
Jogos: 14 – 2
Gols sofridos: 2 – 2
Mins p/ sofrer gol: 630′ – 90′
Chutes p/ sofrer gol: 29.5 – 5.5 pic.twitter.com/nXKZdHsRe3— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) October 13, 2023
Defesa vai de ponto forte a problema após Tite
As preocupações com a defesa são ainda mais gritantes, porque o setor era justamente o ponto forte da Seleção sob Tite, o antecessor de Diniz no cargo. Mas antes dos números, cabe uma ressalva. É no mínimo cruel comparar dois trabalhos tão diferentes em estilo e (principalmente) em duração.
Agora à frente do Flamengo, Tite comandou a Seleção por seis longos anos. Teve tempo de fazer um ciclo e meio de preparação para as duas Copas do Mundo que disputou. Diniz, por sua vez, mal completou três meses em um cargo que é datado, até a metade de 2024. Além disso, o treinador foi contratado para implementar um estilo mais ofensivo em uma seleção brasileira à espera de Carlo Ancelotti.
Brasil pós-Tite
- 6 jogos (3 com Diniz)
- 3 vitórias (2 com Diniz)
- 1 empate (com Diniz)
- 2 derrotas
- 14 gols feitos (7 com Diniz)
- 9 gols sofridos (2 com Diniz)
Dito isto, Diniz teve cuidado especial com a movimentação ofensiva nos treinamentos até aqui. É a velha máxima de que construir é mais difícil do que destruir. O técnico deu ênfase ao encaixe de Vini Jr, Neymar e Rodrygo nas sessões de treino. E o efeito colateral disso são os gols sofridos contra rivais para os quais a Seleção não devia sofrer gols. Na ânsia de atacar, a equipe ficou desprotegida.
E alguns números são emblemáticos. O Brasil sofreu gols em cinco dos seis jogos disputados após a saída de Tite – o único placar em branco foi com Diniz, na vitória por 1 a 0 sobre o Peru, em Lima. A equipe foi vazada incríveis nove vezes em seis partidas, com uma média superior a um gol a cada 90 minutos.
Antes do atual treinador, o interino Ramon Menezes teve dificuldades com seu sistema defensivo. Foram sete gols sofridos em três amistosos contra Marrocos (derrota por 2 a 1), Guiné (vitória por 4 a 1) e Senegal (derrota por 4 a 2).
Sob o comando de Diniz, são dois gols em três jogos, com uma marca negativa que chama atenção. A Seleção foi sofreu dois gols em dois jogos como mandante nas Eliminatórias e contra rivais considerados frágeis – Venezuela e Bolívia. Com Tite, o Brasil também sofreu dois gols em casa, mas no total de 14 jogos que o treinador comandou em seis anos pelas Eliminatórias.
Problemas nas laterais
As baixas são um elemento a mais para dificultar o trabalho de Diniz para consolidar o sistema defensivo. O treinador se viu obrigado a cortar os quatro laterais que havia convocado na primeira lista para esta Data Fifa. O último deles foi Danilo. O lateral sentiu uma fisgada no posterior da coxa esquerda ainda durante o primeiro tempo do jogo contra a Venezuela. Foi substituído por Yan Couto, estreante da noite na Arena Pantanal. Emerson Royal é o substituto e se apresenta já em Montevidéu.
O primeiro a ser cortado foi Caio Henrique. O lateral-esquerdo do Monaco sofreu uma lesão no joelho esquerdo e deu lugar a Guilherme Arana, do Atlético-MG. Depois, os cortes vieram no plural. O técnico perdeu Vanderson, também do Monaco, e Renan Lodi, do Olympique de Marseille, novamente por problemas de joelho. Yan Couto, do Girona, e Carlos Augusto, da Inter de Milão foram convocados.
Yan Couto, que nem convocado estava na primeira lista, agora entra em campo no lugar de Danilo.
Uma baita chance pro lateral mostrar serviço para Diniz. E tem o Uruguai na terça… pic.twitter.com/H8feeK75pz
— Eduardo Deconto (@eduardodeconto) October 13, 2023
Diniz espera Uruguai mais agressivo
O calendário obriga Diniz a corrigir os problemas, justo contra um adversário bem mais forte do que os que ele teve pela frente na Seleção. O técnico tem seu primeiro grande teste contra o Uruguai, na próxima terça-feira (17), em Montevidéu. Ele evitou fazer uma previsão do que será a partida. Mas ele admitiu que espera que a seleção uruguaia seja mais agressiva atuando em seus domínios.
– Não dá para fazer uma previsão. Temos que estar preparados para todos os cenários. A tendência é de que eles tentem propor mais o jogo. A gente não sabe o que vai acontecer ao certo. Temos que estar preparados – afirmou.
Seleção é vice-líder e se prepara para clássico
A Seleção perde a liderança das Eliminatórias para a Argentina, única equipe com 100% de aproveitamento até agora. O Brasil agora é vice-líder, com sete pontos. A equipe agora tem pela frente um clássico do continente. Será contra o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu, na próxima terça-feira (17), às 21h (horário de Brasília), pela quarta rodada.