Por que Renato Augusto não tem sido utilizado no Fluminense
Meia chegou ao clube sob badalação, mas não engrenou com a camisa tricolor e recebe poucas chances
O Fluminense não vive boa temporada em 2024, e muito disso, por conta dos erros para reforçar o elenco campeão da Libertadores. A primeira contratação para o ano foi a de Renato Augusto, que chegou sob muita badalação, mas, até aqui, não rendeu como o esperado.
A Trivela conversou com diversas fontes no clube e fora dele para entender porque Renato Augusto é pouco utilizado no Flu. E o que deu errado desde a sua chegada.
Aos 36 anos, Renato assinou contrato por duas temporadas com o Tricolor. Até aqui, entretanto, pouco jogou. São só 27 partidas e um gol com a camisa do Fluminense.
— Sempre acreditei que, para colocar seu nome na história do clube, você tem que conquistar títulos. O Fluminense já vem conquistando. São jogadores acostumados a ganhar. Chego numa situação diferente, de não ter responsabilidade de tudo, de ajudar os mais jovens e mais experientes — declarou Renato em sua chegada.
Pedido de Diniz e desejo mútuo: como Renato Augusto chegou ao Fluminense
Renato Augusto jogou no futsal do Fluminense entre os 11 e os 13 anos. Acabou trocando as Laranjeiras pela Gávea, onde virou profissional pelo Flamengo, se tornou ídolo e ganhou o mundo.
Uma ligação do técnico Fernando Diniz, entretanto, fez a história retornar ao seu ponto inicial. Em “10 minutos de conversa”, como destacou em sua entrevista coletiva, o meia realizou sua vontade de ser comandado pelo treinador. E Diniz, claro, viu seu pedido ser atendido.
O início teve lampejos de bom futebol e a conquista da Recopa Sul-Americana. Mas assim como o Fluminense, Renato Augusto não engrenou em 2024.
Diniz tenta, mas não acha lugar para Renato Augusto no time do Fluminense
Mas o que parecia um casamento perfeito na teoria se tornou um grande problema na prática.
Isso porque Fernando fez de tudo para encontrar um lugar para Renato Augusto no time. A ideia do treinador era reunir o máximo de jogadores de qualidade ao redor da bola e próximo ao gol. Não deu certo, e internamente, o Fluminense avalia que este foi um dos maiores erros de Diniz em 2024.
Por isso, nos primeiros contatos, o técnico se esforçou para mostrar a Renato que a principal questão do estilo de jogo era dedicação. O jogador voltaria a ser um meia, como no início da carreira, mas precisaria “correr para trás e pelo companheiro”, como costuma pregar Fernando Diniz.
O meia sentiu dificuldades para se readaptar àquela faixa de campo. Por isso, Diniz tentou outras mudanças. Renato chegou a ser um falso 9 e até um raumdeuter, um facilitador, buscando espaços vazios em campo. Mas o time já não rendia como antes, e a função acabou esvaziada.
Renato teve raros bons momentos. Jogando mais perto do gol, ele foi importante para o título da Recopa Sul-Americana. O então camisa 20 sofreu o pênalti cobrado por Arias para dar o título ao Fluminense. Mas ficou por aí.
O primeiro gol só saiu em maio, contra o Atlético-MG, em mais uma vitória parcial que o Flu transformou em empate no Campeonato Brasileiro. Muito pouco para o que se esperava do jogador.
A chegada de Mano Menezes e o fim da fila no Fluminense
A má fase sob o comando de Fernando Diniz deixou o Fluminense na zona do rebaixamento. Para evitar o pior, o Tricolor contratou Mano Menezes, que tinha sido o responsável por sua saída no Corinthians.
— Futebol é momento e situação específica em cada lugar. Renato é um dos jogadores mais técnicos do futebol brasileiro e contamos com ele — resumiu Mano em sua chegada.
Mais uma vez, entretanto, discurso e prática não estiveram tão alinhados.
Com Mano, Renato Augusto disputou apenas 49 minutos, sempre como reserva nos quatro jogos em que entrou. A idade avançada pesa ainda mais neste caso, já que, habituado a jogar a maioria das partidas, o veterano sente ainda mais a falta de ritmo de jogo e torna a situação um ciclo vicioso.
No Corinthians, sob o comando do treinador, o jogador queria apenas jogar como um segundo homem, por dentro, o antigo “camisa 8”. Diniz lhe convenceu a se aproximar mais do gol, o que aumentaria suas chances. Mas a concorrência é grande.
Hoje, Renato está atrás de Paulo Henrique Ganso, Lima e até Jhon Arias no Fluminense. Isso porque o colombiano tem a capacidade de jogar por dentro e por fora, tal e qual o veterano, que se vê no fim da fila no clube.
Tranquilidade e seriedade no dia a dia com Mano Menezes
Renato Augusto é reconhecido não só pela qualidade em campo, mas pela postura fora dele. O jogador de 36 anos não demorou a se tornar uma presença importante no elenco.
Em abril, por exemplo, o meia foi um dos veteranos a participar de conversas com a comissão técnica e outras lideranças do elenco para tratar do afastamento de quatro jovens. Renato se aproximou especialmente de John Kennedy no período, e é um dos jogadores mais preocupados com os mais jovens no clube.
Ainda assim, ele mesmo sabe que dentro de campo, sua passagem até aqui é bem aquém do esperado. O assunto, para ele, é tratado com seriedade. A Trivela apurou que o meia já realizou reuniões individuais com Mano Menezes para compreender seu papel no elenco e no dia a dia.
Apesar disso, o clima, também, é de tranquilidade. Renato Augusto sabe que só o tempo e o esforço já comum ao dia a dia podem lhe dar o espaço que hoje não possui. Não há nenhum relato de qualquer postura negativa do meia no CT Carlos Castilho — muito pelo contrário.
Na noite em que o Fluminense foi eliminado pelo Atlético-MG da Libertadores, na Arena MRV, Renato Augusto não quis conceder entrevista na zona mista por não ter entrado em campo.
A forma da publicação, entretanto, deu ao episódio um tom de desabafo. A Trivela estava presente no local, e a situação foi um pouco diferente. Isso porque é comum que jogadores que não tenham jogado evitem entrevistas — ainda mais no caso de uma eliminação, e para um veículo de nicho do rival da partida.
Preocupação com momento ruim do Fluminense
Renato Augusto é um dos jogadores mais dedicados do dia a dia do Fluminense. Isso porque, aos 36 anos, o meia sabe que precisa de cuidados adicionais. Todos os profissionais do clube ouvidos pela Trivela são taxativos: o jogador ajuda em tudo o que pode.
A preocupação maior de Renato Augusto é coletiva: o momento ruim do Fluminense. Já no final da carreira e com planos de se tornar treinador, é comum vê-lo trocando experiências com Mano Menezes e seu auxiliar Sidnei Lobo, dupla que já conhece dos tempos de Corinthians.
Por outro lado, ele ainda não fala, ao menos abertamente, em parar de jogar futebol. Nem em deixar o Fluminense. A vontade de Renato Augusto é seguir no clube, no Rio de Janeiro, conquistar seu espaço e aí sim pensar em encerrar este ciclo, de preferência, com mais taças.