O Fluminense precisa superar jejum e narrativas para voltar a vencer Clássico Vovô
Tricolor não venceu Botafogo no Maracanã desde que rival virou SAF, e embora viva melhor momento em títulos, precisa pontuar contra o líder do Brasileirão
O Fluminense conquistou quatro títulos nas últimas três temporadas, mas não vence seu rival mais antigo desde então. A última vitória do Tricolor sobre o Botafogo, rival da noite deste sábado (21), às 18h30 (de Brasília), pelo Campeonato Brasileiro, foi fora de casa, um dos detalhes do jejum.
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Ao todo, já são seis jogos sem bater o Alvinegro. Não à toa.
Foi no início de 2022 que o empresário John Textor comprou 90% da SAF do Bota, que passou a receber grandes investimentos, o que naturalmente aumentou a força de seu elenco. O Flu empilhou taças desde então, mas viu seu domínio diminuir no Clássico Vovô.
As estatísticas ainda são amplamente favoráveis ao Fluminense, que venceu 143 dos 391 confrontos contra o Botafogo, contra 130 vitórias do rival e 118 empates. E é bem verdade, também, que algumas das partidas que o Tricolor não venceu tinham contextos diferentes.
Fluminense vive maior sequência de derrotas contra o Botafogo
As cinco derrotas seguidas para o Botafogo já significam a maior sequência de derrotas do Fluminense no Clássico Vovô. Isso acontece pela segunda vez, igualando marca entre 1961 e 1962.
O mais curioso é que tudo começou em um jogo em que o Flu tinha a faca e o queijo na mão para vencer. Em boa fase técnica e nos clássicos, o Tricolor voltou para o segundo tempo sem alterações no placar até que Keno foi derrubado na área aos três minutos.
O Fluminense tinha Ganso e Arias em campo, ambos, até então, com 100% de aproveitamento na marca de cal. Mas Calegari, que estava improvisado na lateral-esquerda e que nunca havia cobrado um pênalti como profissional, foi para a cobrança. Ele perdeu e o jogo mudou.
Victor Sá marcou o gol da vitória aos 17, e a partida abriu uma crise no vestiário tricolor.
Fernando Diniz cobrou os jogadores pela decisão que chamou de “irresponsável”. Poucos dias depois, Calegari trocou o Flu pelo Los Angeles Galaxy, da MLS, emprestado. Ganso não voltou a ser o cobrador oficial, e Arias passou a ser o responsável pelos pênaltis.
De lá para cá, o Fluminense tampouco venceu o Botafogo. E, na maioria dos jogos, foi amplamente dominado.
Última vitória do Fluminense no Maracanã foi antes da SAF
Na última vez que o Fluminense enfrentou o Botafogo no Maracanã e saiu com a vitória, muita coisa era diferente. A começar pelo regime jurídico do rival, ainda uma associação, como segue o Tricolor. Agora, em tempos de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Bota não sabe o que é perder para o Tricolor no estádio.
Nino marcou de cabeça o gol da vitória em 17 de abril de 2021, pelo Campeonato Carioca. O Flu ainda venceria três vezes como visitante no Estádio Nilton Santos em 2022. Duas delas no caminho para o título estadual daquele ano, e outra pelo Brasileirão — quando expôs faixa que muito incomoda os alvinegros.
Isso porque, em que pese uma péssima sequência contra o Bota, o Fluminense se distanciou e muito do rival nos últimos anos. Enquanto o Alvinegro conviveu com fortes crises institucionais, o Tricolor conquistou títulos que o concorrente não possui — sem ter “se vendido”, como brincam os torcedores.
As provocações têm sido comuns entre os dois lados nas redes sociais. O Flu fez piada com suas conquistas, com o bairro de mesmo nome do rival e até com o título alvinegro da Taça Rio, em 2023.
Já o Botafogo costuma frisar a letra C, em alusão à disputa da terceira divisão pelo Tricolor em 1999, e, claro, com a sequência positiva no clássico. Além disso, nos anúncios das contratações de Luiz Henrique e Matheus Martins, revelações de Xerém, nas últimas temporadas, o Alvinegro cutucou o Flu.
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Fluminense não poupou em jogos sem vencer o Botafogo
Em 2024, Fernando Diniz passou a ser muito questionado por igualar um recorde negativo: 13 clássicos sem vencer. Mas o treinador diminuiu a estatística, e lembrou que vários destes jogos foram com reservas.
A Trivela checou os jogos e cada um dos seus contextos. E Diniz não tinha razão, ao menos quando se trata do Botafogo. O Flu poupou jogadores em apenas um dos Clássicos Vovô que disputou desde 2022.
A derrota no Campeonato Carioca de 2024 foi com um time totalmente reserva. Isso porque classificado às semifinais e apenas três dias após conquistar a Recopa Sul-Americana, Diniz poupou todos os titulares e viu o Tricolor, com um a menos, perder por 4 a 2 para o Botafogo — que jogou com time misto — no Maracanã.
De resto, os outros cinco jogos sem vitória — um empate e quatro derrotas — foram com time completo.
No returno do Brasileirão de 2023, o Flu estava na “ressaca” da classificação épica para a final da Libertadores. Dessa forma, desconcentrada, a equipe sofreu dois gols em dois minutos do Botafogo, que não tinha nada a ver com isso e saiu com a vitória.
Fluminense e Botafogo se enfrentam em confronto de opostos
Quando subirem ao gramado do Maracanã na noite deste sábado, Fluminense e Botafogo terão realidades muito diferentes para encarar. Isso porque os dois times fazem um confronto de opostos.
Por conta dos contextos de cada um na temporada, o jogo deve ter muitos reservas. Assim como alguns na série de invencibilidade do Bota.
O Alvinegro é o líder do Campeonato Brasileiro, mas não venceu nas quartas de final da Libertadores. Dessa maneira, o técnico português Artur Jorge deve poupar jogadores. Marlon Freitas, cria do Fluminense e costumeiro algoz tricolor, é desfalque certo. O elenco forte e a leve vantagem na liderança permitem a estratégia
Já o Tricolor, que venceu o Atlético-MG pela competição continental em que é o atual campeão, briga contra o rebaixamento e está na 16ª posição. Também por isso, vai para o jogo com o que tem de melhor — sem a dupla de zaga titular, Thiago Silva (poupado) e Thiago Santos (suspenso).