Brasileirão Série A

Por que o Fluminense não teme perder André na janela de transferências

Sem propostas, com premiações altas e faturando com mecanismo de solidariedade, Fluminense não vê necessidade de vender André

O Fluminense tem um acordo para manter André até o fim de 2023. Mesmo assim, o Tricolor sabia que o volante, valorizado, seria assediado na janela de transferências do meio do ano. Classificado às quartas de final da Libertadores, o clube ainda viu diminuir a necessidade da venda.

A ideia de manter o elenco completo até o fim da temporada tem o objetivo de conquistar a Libertadores, uma obsessão no Fluminense. Por isso, ainda em 2022, o presidente Mario Bittencourt sentou-se à mesa com o empresário do volante, Carlos Leite, e o jogador. Apresentou um projeto e conseguiu a aprovação de todas as partes para ficar com o camisa 7 durante todo 2023.

— A gente tem um acordo com ele de que o ano de 2023 ele fica todo aqui, para jogar a Libertadores, e ao final do ano vamos avaliar se vão chegar propostas interessantes para o Fluminense e para ele. Mas esse ano com certeza ele não será vendido — afirmou Mario Bittencourt, no início do ano, durante a FluCamp.

Na seleção brasileira, André se valorizou, mas Fluminense não vai vendê-lo nesta janela de transferências - Photo by Icon sport
Na seleção brasileira, André se valorizou, mas Fluminense não vai vendê-lo nesta janela de transferências – Photo by Icon sport

Todos nas Laranjeiras e no CT Carlos Castilho sabem da necessidade de uma negociação para fechar o ano financeiro. O orçamento do clube prevê R$ 90 milhões com a venda de jogadores. Até aqui, o clube já conseguiu R$ 32 milhões. E viu a premiação ajudar o fluxo de caixa com a classificação às quartas de final da Libertadores.

O suficiente, por enquanto, para segurar André, hoje na Seleção Brasileira, o jogador mais valorizado do elenco. O Fluminense quer fazer do volante a maior venda da história do clube.

Como a Arábia Saudita ajudou o Fluminense a manter André

O aquecimento do mercado na Arábia Saudita ajudou o Fluminense no plano de manter André. Isso porque Fabinho e Ibañez, formados em Xerém, saíram de seus clubes rumo ao país, em negociações que, a princípio, não eram esperadas. O clube não consegue fazer previsões de vendas de terceiros, mas há situações mais simples de acontecer. Essas transferências de longe não são o caso.


Além dos dois, o Flu viu João Pedro, Douglas Augusto e Paulinho serem comprados nessa janela de transferências por Brighton-ING, Nantes-FRA e Vasco, respectivamente. A soma, ao todo, é por volta de R$ 11 milhões.

No início da temporada, o Tricolor já havia vendido Biel e Yago ao Bahia, recebendo R$ 14 milhões por eles. Depois, na transação que fez Fernando Diniz assumir a Seleção, mais R$ 7 milhões entraram nos cofres do clube, totalizando R$ 32 milhões. Outros jogadores emprestados podem render ainda mais dinheiro nesta temporada.

Premiação da Libertadores compensa Copa do Brasil

A previsão orçamentária do Fluminense também leva em conta, claro, seu desempenho esportivo. É importante salientar que a peça pretende antecipar cenários de maneira mais realista possível, e por vezes até pessimista.

Orçamento do Fluminense foi conservador na Libertadores, e clube superou soma - Foto: Reprodução
Orçamento do Fluminense foi conservador na Libertadores, e clube superou soma – Foto: Reprodução

A queda nas oitavas de final da Copa do Brasil foi mais cedo do que o esperado, e colocou pressão em cima do clube. Os R$ 4,3 milhões que “deixou” de receber, entretanto, foram tranquilamente compensados pelos R$ 8,5 milhões recebidos pela classificação às quartas de final da Libertadores. O Flu previu ir às oitavas na competição continental.

Só com a Libertadores, o Flu já somou R$ 30 milhões em premiação. Caso avance às semifinais, o Fluminense terá direito a mais US$ 2,3 milhões (R$ 11,5 milhões).

Na Copa do Brasil, foram R$ 5,4 milhões, além dos R$ 14 milhões do Carioca. Ao todo, já são R$ 49,4 milhões. A previsão para 2023 foi de R$ 71,5 milhões. No Brasileirão, o orçamento prevê o Fluminense como 6º colocado, mas com as somas atuais, um 10º lugar (R$ 24,7 milhões) já superaria o esperado.

André não recebeu propostas oficiais

Outro motivo para o Fluminense não temer perder André é que o mercado da bola chegou retraído ao Brasil em 2023. Com o avanço das SAFs e as discussões para a formação de uma liga de clubes, além da valorização do real, o futebol brasileiro executou vendas, claro, mas viu os valores aumentarem.

Para alguns clubes, entretanto, as ofertas não foram tão altas. No caso do Flu, por exemplo, Nino e John Kennedy chegaram a receber propostas, mas os valores não agradaram ao clube, que preferiu mantê-los. Já André, embora receba sondagens diárias, nem sequer recebeu propostas.

André foi apontado como alvo do Liverpool, mas não recebeu proposta oficial - Foto: Reprodução
André foi apontado como alvo do Liverpool, mas não recebeu proposta oficial – Foto: Reprodução

O futebol inglês é comumente apontado como o destino do volante, com o interesse de clubes como Fulham e Liverpool veiculados na imprensa do país. Os Reds foram ao mercado em busca de um jogador da posição, flertaram com Lavia e Caicedo, mas perderam ambos para o Chelsea. A equipe comandada por Jurgen Klopp acertou a contratação do japonês Endo, do Stuttgart-ALE.

Apesar disso, nenhuma proposta oficial chegou ao Fluminense por André, já que o mercado está ciente que o Tricolor não aceitará negociá-lo. A única saída seria pagar sua multa rescisória, estabelecida em € 40 milhões (R$ 217 milhões na cotação atual).

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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