Brasileirão Série A

Não há por que esconder: Há três grandes culpados pelo favoritismo (sim) do Palmeiras ao título Brasileiro

Palmeiras chega à reta final do Campeonato Brasileiro mirando a conquista por conta de ações diretas de seu técnico e dirigentes

No ano em que o palmeirense mais buscou responsáveis para expiar suas decepções, tais como a eliminação na semifinal da Copa Libertadores e a escassez de reforços para o elenco, é importante frisar que a liderança e o favoritismo, faltando quatro rodadas para o fim da disputa, também têm seus culpados.

O primeiro e maior de todos é Abel Ferreira. O mesmo treinador extremamente criticado pela escalação conservadora diante do Boca Juniors, na semifinal do torneio continental. Que insistiu num esquema com Mayke no ataque e Artur invertido por oito jogos. Que manteve Rony no time em fase ruim.

Abel é também o grande artíficie desse Palmeiras estar mais uma vez em condições de ser campeão nacional.

E tal culpa não é só por ele ter preparado Endrick para ser o 9 do Palmeiras com 17 anos. Ou ter conseguido encontrar – com certo atraso, vá lá – uma nova forma para o time jogar, após perder Dudu, no fim de agosto – o que já seria um feito e tanto. Sua culpa  vai além.

Ao longo de três anos de trabalho, entre (poucos) erros e (muitos) acertos, o técnico português deu ao time uma aura e uma cabeça de conquistador implacável que nem as Academias de Futebol e os times da Era Parmalat tiveram.

De dentro do campo, Abel foi o técnico que enfim equiparou a excelência administrativa que as diretorias, desde a virada de chave com Paulo Nobre, em 2015, após a inauguração do Allianz Parque, vinham implantando – mesmo errando em alguns momentos.

Culpa da diretoria

E já que este texto mencionou a parte diretiva, como pode ser possível isentar o diretor Anderson Barros de responsabilidade quanto ao momento vivido pelo time?

É fato que  ele falhou ao não conseguir repôr Danilo. Mas havia um risco de cálculo nessa equação, chamado Abel Ferreira.

Porque se Abel ainda é técnico do Palmeiras, entre outras razões, é porque Barros fez as contas necessárias e apostou em trazer menos jogadores a fim de arrumar (muito) dinheiro para manter o técnico. Muito da “lentidão” de Barros foi escolha.

Se Weverton, Mayke, Rocha, Luan, Gómez, Zé Rafael, Raphael Veiga, Dudu, Rony e até Breno Lopes, campeões da Libertadores de 2020, ainda estão no clube, é também porque o massacrado diretor de futebol absorveu as críticas para seguir contratando com extrema cautela.

Foi Barros quem equalizou o orçamento para manter os contratos desses jogadores elevados e competitivos diantes das ofertas externas – sem mencionar que também foi ele quem trouxe Murilo e Piquerez para a equipe.

E sim, Abel e Barros receberam críticas. Mas poucas, ainda, se comparadas às que recebeu a presidente Leila Pereira.

Fora Leila

Leila Pereira, durante a abertura da Olimpiada da Criança, do Palmeiras (Foto: Fabio Menotti/Palmeiras/by Canon)

A presidente errou neste ano, é verdade.

As movimentações políticas e politiqueiras no clube, a briga com as torcidas organizadas e a péssima entrevista coletiva após a queda na Libertadores não se apagam com o bom momento que o clube vive atualmente. Mas tais deslizes tampouco anulam seus acertos.

Afinal, se Abel conseguiu remontar o time, e se Barros pode articular a renovação de contrato do técnico e a manutenção dos principais jogadores do elenco, foi porque Leila Pereira assim permitiu – gostem ou não a enorme parte dos palmeirenses. Que são muito mais do que “1%”, diga-se.

Se o scudetto de campeão brasileiro vai passar mais um ano bordado na camisa do Palmeiras, ainda não é possível dizer. Mas, se vier a acontecer, estes três personagens merecem o apontar de dedos também para o bem.

“Mas o Palmeiras teria chegado a esse momento com mais tranquilidade, se Barros contratasse mais. Se Abel fosse menos teimoso. Se a Leila cumprisse algumas de suas promessas esquecidas”. Pode e até parecer ser.

Contudo, foi Abel Ferreira quem disse: “Eu não vivo com ‘se', ‘se', ‘se'… se minha avó tivesse rodas, era um caminhão”.

O Palmeiras chegou onde está, do jeito que foi. Isso se pode afirmar.

Até o fim

O palmeirense talvez seja o torcedor mais precavido do Brasil.

Em 2016, quando aquele Palmeiras de Gabriel Jesus ficou com o título nacional, o “É campeão” só ecoou em uníssono no Allianz Parque de verdade depois dos 37 minutos do 2º tempo, na vitória por 1 a 0 sobre aquela saudosa Chapecoense.

Foi só quando os outros resultados já estavam confirmados que o estádio cravou a conquista. Antes, aqueles que ensaiaram fazê-lo, receberam olhares de reprovação pela “zica” – quando não, xingamentos.

Desse modo, de antemão, já é possível concluir que este texto não vai ser recebido com bons olhos pelo leitor alviverde. O que, mesmo assim, não vai impedir a Trivela de cravar o que é apenas lógico: o Palmeiras é o maior favorito à conquista do Campeonato Brasileiro de 2023.

O Palmeiras tem, afinal, 62 pontos: um de vantagem sobre o vice-líder Botafogo, dois a mais que o 3º colocado Flamengo, e três para Grêmio e Bragantino – 4º e 5º, respectivamente.

Neste cenário, muito possivelmente, o campeão só dará a volta olímpica na última rodada. E o Verdão é o único time que só depende de seus próprios resultados para levantar a taça.

Isso não significa que o título esteja ganho. Tampouco que o time pode ter outro objetivo que não conquistar os 12 pontos que ainda pode fazer no torneio. Não é hora de fazer conta.

Mas a matemática não mente – e joga a favor do Palmeiras. Ainda que o pessimismo disfarçado de cautela do palmeirense, tão inerente e tradicional quanto o verde da camisa, o incite a duvidar até das ciências exatas.

Brasileiro Serie A
# Seleção J V E D +/- Pontos
1 Botafogo

Botafogo

36 21 10 5 28 73
2 Palmeiras

Palmeiras

36 21 7 8 27 70
3 Flamengo

Flamengo

36 19 9 8 16 66
4 Internacional

Internacional

36 18 11 7 21 65
5 Fortaleza

Fortaleza

36 18 11 7 13 65
6 Sao Paulo

Sao Paulo

36 17 8 11 12 59
7 EC Bahia

EC Bahia

36 14 8 14 1 50
8 Corinthians

Corinthians

36 13 11 12 3 50
9 Cruzeiro

Cruzeiro

36 13 10 13 2 49
10 Vitoria

Vitoria

36 13 6 17 -7 45
11 Gremio

Gremio

36 12 8 16 -3 44
12 Vasco da Gama

Vasco da Gama

36 12 8 16 -16 44
13 Atletico Mineiro

Atletico Mineiro

36 10 14 12 -6 44
14 Athletico Paranaense

Athletico Paranaense

36 11 9 16 -4 42
15 EC Juventude

EC Juventude

36 10 12 14 -11 42
16 Fluminense

Fluminense

36 10 10 16 -8 40
17 Criciuma

Criciuma

36 9 11 16 -12 38
18 Bragantino

Bragantino

36 8 14 14 -9 38
19 Cuiaba

Cuiaba

36 6 12 18 -18 30
20 Atletico GO

Atletico GO

36 6 9 21 -29 27
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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