Brasil

Após Seleção, Rony termina ano tentando voltar a brilhar no Palmeiras. Mas o que houve com ele?

Palmeiras viu seu centroavante perder espaço ao longo da temporada, mas gol contra o Inter no Brasileiro gerou um alento para Rony

Quem estava no Allianz Parque nunca vai se esquecer de 6 de julho de 2022. Enquanto o cruzamento de Breno Lopes atravessava a área, o estádio inteiro se levantava em expectativa, para ver a bola chegar ao pé direito de Rony que, enfim, fazia o seu tão sonhado gol de bicicleta.

O tento, comemorado como um título, fechou a goleada por 5 a 0 sobre o Cerrro Porteño, pela Copa Libertadores, e coroava o trabalho de um jogador com a cara do time de Abel Ferreira.

Quando a convocação para a Seleção Brasileira saiu, em março, mais uma vez, os palmeirenses se emocionaram. Era uma vitória também para o clube, cuja camisa transformara um jogador limitado em astro.

O chamado do técnico interino Ramon Menezes se repetiria em junho. Mas, menos de dois meses mais tarde, o futebol do atacante começou a minguar, até o camisa 10, com justiça, se tornar reserva de Endrick e Breno Lopes.

Mas o que aconteceu com o xodó de Abel? Como Rony foi parar no banco?

Jejum começou com saída de Dudu

Rony, do Palmeiras (Foto: NORBERTO DUARTE/AFP via Getty Images/One Football)

Antes de selar a vitória por 3 a 0 sobre o Internacional, no último dia 11, o último gol de Rony pelo Palmeiras tinha acontecido em 23 de agosto. Naquele dia, na Colômbia, pela Libertadores, o camisa 10 fechou a goleada de 4 a 0 sobre o Deportivo Pereira, pelas quartas de final do torneio.

Não é coincidência que aquele também tenha sido o último jogo terminado por Dudu, antes da ruptura de ligamento cruzado anterior no jogo seguinte, contra o Vasco, no Allianz Parque.

Assim como acontecera com Veiga e Artur, a saída de Dudu matou o futebol de Rony. Centroavante especialista em aproveitar bolas em profundidade, o atacante viu as jogadas chegarem cada vez menos a ele.

Veiga, sobrecarregado, não conseguia achar o atacante. Artur, fora de posição, tampouco. E Mayke, improvisado, menos ainda.

Conforme Abel Ferreira revelou, o jejum começou a cobrar seu preço de Rony, um jogador que se cobra muito. E com o emocional murchando, Rony foi afundando.

O ponto mais baixo de sua decadência aconteceu na derrota por 2 a 0 para o Atlético-MG no Allianz Parque, em 19 de outubro. Naquele dia, ele discutiu com o amigo Raphael Veiga dentro do gramado, sendo contido por Kevin, enquanto Endrick tentava acalmar o camisa 23.

Na partida seguinte, contra o Coritiba, ele era reserva pela primeira vez. Juntamente com a mudança de esquema e o início da arrancada de 21 pontos em oito jogos, que colocou o Palmeiras na liderança da competição.

Sem Dudu, o Palmeiras, depois de muito quebrar a cabeça para achar um substituto, teve de abrir mão dos pontas e das jogadas de profundidade, para apostar em toques mais curtos e aproximados, algo que não se encaixa com as caraterísticas de Rony.

Uma nova escalada?

Luan em jogo contra a equipe do EC Bahiano Allianz Parque (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Após a vitória sobre o Bahia, por 1 a 0, em 28 de outubro, Abel Ferreira reconheceu que talvez devesse ter tirado Rony da equipe mais cedo.

– Tenho que entender que é um excelente jogador, tem características próprias. É um jogador de profundidade, ele tem que entender que há momentos de que não é ponto forte se aproximar, buscar. Pontos fortes dele são outros. Pelo que nos deu, se calhar deveria ter tirado mais cedo sem problema nenhum e resguardá-lo mais cedo e tentar puxar por ele para voltar a nos ajudar, como é agora – disse o português.

– Há momentos em que estamos mais sensíveis. Rony estava mais sensível, porque é um jogador que se cobra muito. Rony teve proposta para sair, ganhar não sei quantas vezes mais. Deu muito rendimento e gols para a gente, é um dos maiores artilheiros nossos na Libertadores. Não tem nada a ver com comportamento, porque isso se resolveu. Brinco com isso, disse se era possível marcar um jantar – disse o português, indagado se a saída do jogador teria a ver com a discussão com Veiga.

Embora não tenha sido mais titular, Rony tem entrado em todos os jogos do Palmeiras. E o gol contra o Colorado, dez dias atrás, apareceu como um alento para o jogador.

– Por mais que você queira ajudar, jogar, muita das vezes as coisas não funcionam e só você sabe o que você passa, para chegar dentro de campo e poder ajudar a sua equipe. Eu quero agradecer muito a Deus, minha esposa, meus filhos, meus pais, quero agradecer por todo apoio, por toda a confiança que eles têm no meu trabalho. E também essa torcida, que me apoia muito. Fico muito feliz, tudo o que eu faço é para dar alegria a esses torcedores, que nos apoiam o tempo todo – disse o atacante, na Arena Barueri.

Artilheiro vislumbra saída

Rony, do Palmeiras (Foto: SUSA/Icon Sport)

Mesmo em má-fase, Rony ainda é o vice-artilheiro do Palmeiras no ano, com 14 gols – três a menos que Veiga. E embora sempre declare seu amor pelo clube em que está desde 2020, Rony talvez tenha começado a enxergar que seu ciclo no Palmeiras possa estar acabando.

Recentemente, em entrevista para a CNN, ele foi explícito sobre o tema:

– A nossa carreira é muito curta, e por trás de todo o profissional tem os familiares e um futuro para seguir, porque quando se para, as coisas têm que continuar andando. Tem que pensar no que é bom para você, para sua família e também o clube tem que pensar. Com o clube, tenho jogado bem aberto, o clube também. Se isso, acontecer vai ser bom para os dois – disse ele, sobre uma sondagem do futebol da Arábia Saudita.

A despeito da má-fase, não há como negar que, se sair, Rony o fará com o dever cumprido.

Brasileiro Serie A
# Seleção J V E D +/- Pontos
1

Palmeiras

36 19 9 8 30 66
2

Botafogo

36 18 9 9 23 63
3

Atletico Mineiro

36 18 9 9 22 63
4

Flamengo

36 18 9 9 14 63
5

Gremio

36 19 5 12 5 62
6

Bragantino

35 16 11 8 15 59
7

Fluminense

36 16 8 12 6 56
8

Athletico Paranaense

36 13 14 9 8 53
9

Sao Paulo

36 13 11 12 2 50
10

Internacional

36 13 10 13 -2 49
11

Cuiaba

36 13 9 14 -1 48
12

Corinthians

36 11 14 11 -2 47
13

Fortaleza EC

35 12 9 14 -2 45
14

Cruzeiro

36 11 12 13 3 45
15

Santos

36 11 10 15 -21 43
16

Vasco da Gama

36 11 9 16 -10 42
17

EC Bahia

36 11 8 17 -5 41
18

Goias

36 8 11 17 -17 35
19

Coritiba

36 8 6 22 -29 30
20

America MG

36 4 9 23 -39 21
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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