Internacional: no Maracanã, Coudet quer dar mais um passo para concluir tarefa inacabada em 2020
Depois de deixar o clube precocemente em 2020, Coudet retornou ao Internacional com objetivo de conquistar a Libertadores, e busca dar mais um passo em direção a isso contra o Fluminense

O retorno do técnico Eduardo Coudet para sua segunda passagem no Internacional tinha a Libertadores como principal motivação. Até aqui, na competição continental, o treinador vem cumprindo o objetivo traçado pelo presidente Alessandro Barcellos, com quem tem ótima relação.
Ao desembarcar no Rio de Janeiro para o jogo de ida da semifinal, nesta quarta-feira (27), às 21h30min, contra o Fluminense, Coudet espera que seu time faça um ‘jogo inteligente' no Maracanã, que também será o palco da decisão. Levar um bom resultado para Porto Alegre seria mais um passo do treinador na caminhada para concluir tarefa inacabada em 2020.
Saída no meio da temporada
Afinal, Coudet deixou o Inter na liderança do Campeonato Brasileiro, nas oitavas de final da Libertadores e nas quartas de final da Copa do Brasil. Desavenças com dirigentes da época, em especial com o presidente Marcelo Medeiros, levaram a uma saída precoce, no meio da temporada, tendo o Celta de Vigo, da Espanha, como destino.
— Falei uma coisa quando saí: a verdade sempre se sabe no futebol. Eu saí daqui sem ter fechado com ninguém. Ainda não estava fechado com o Celta de Vigo. Tomei uma decisão, achava que não cumpriram com algo que o grupo precisava. O grupo é sempre o mais importante — explicou Coudet na entrevista coletiva de apresentação no início da sua segunda passagem, em julho deste ano.
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Retorno para ‘pagar dívida'
Mesmo quando fora do clube, o treinador manifestou o desejo de retornar ao Inter. Foi o que aconteceu após o reencontro com o Colorado, na vitória por 2 a 0 de seu Atlético-MG, em partida válida pela 6ª rodada do Campeonato Brasileiro deste ano.
— Eu sempre falo que tenho uma dívida com este clube, com o torcedor. Quem sabe, um dia o futebol vai me deixar pagar esta dívida — comentou.
E somente voltar seria suficiente para pagar essa dívida? A pergunta foi feita a Coudet logo em sua chegada.
— Eu vou trabalhar da melhor forma. Se eu tiver a sorte de poder levantar um troféu, ficarei encantado. Mas eu não posso prometer. Só posso prometer trabalho. Vamos tentar fazer tudo que é possível para que o torcedor se sinta identificado com o que vê em campo — disse.
Versatilidade para chegar até a semifinal
E o torcedor se sentiu identificado com o que viu até aqui nos mata-matas da Libertadores. O primeiro desafio de Coudet na competição continental foi contra ninguém menos do que o River Plate, que ele conhece tão bem por ter sido jogador. O Colorado sofreu no Monumental de Nuñez, mas com grande atuação no Beira-Rio, reverteu o placar e se classificou nos pênaltis. Contra o Bolívar, o Inter foi estratégico para conseguir uma vitória histórica em La Paz. Em casa, carimbou a vaga para as semifinais com vitória incontestável.
Nos dois confrontos eliminatórios de 180 minutos, o time de Coudet foi competitivo, intenso e sanguíneo, assim como seu treinador. Mas o argentino também demonstrou versatilidade, algo muito cobrado em sua passagem anterior.
Em 2020, Coudet dificilmente abria mão de seu modelo de jogo habitual. O 4-1-3-2 quase sempre tinha saída de três com o primeiro volante entre os zagueiros; os dois laterais, espetados, atacando a todo momento; dupla de ataque na frente; marcação pressão e linhas altas.
O Coudet versão 2023 tem se mostrado mais flexível às peças que possui e aos cenários que os jogos apresentam. Por exemplo, coloca Alan Patrick partindo da função de atacante, mas com liberdade para circular e articular as jogadas com a posse de bola; e segura mais Renê na base da jogada, deixando Wanderson abrir o campo no lado esquerdo, como acontecia com Mano Menezes.
O jogo mais emblemático para ilustrar a adaptação de Coudet foi na altitude de La Paz. Colocou três zagueiros, montando linha defensiva de cinco, baixou o bloco de marcação e apostou nos contra-ataques com Enner Valencia.
Respeito ao Fluminense
No Rio de Janeiro, Coudet já adiantou que a proposta não será tão conservadora. Mas isso não quer dizer que o Inter não fará uma partida ‘estratégica'.
— Salvo que algo tenha mudado, acho que Maracanã ainda não tem 3.600m de altura. Temos que fazer um jogo inteligente, porque a Liberta é distinta. Todos conhecemos bem. Define-se por detalhes. Temos que trabalhar nisso. Mas não termina quarta. […] Para nós, finalizar em casa sempre é bom. Com nossa torcida, com um plus que temos. Agora temos que ir de visitante, sermos inteligentes e fazermos um grande jogo — projetou Coudet após a derrota para o Athletico-PR.
Dentro dessa ideia, o treinador utilizará Hugo Mallo como lateral-direito no lugar de Bustos. Com característica mais defensiva, o espanhol terá incumbência de parar o forte lado esquerdo do Fluminense, que tem Marcelo e Keno.
Coudet sabe da qualidade do rival. Inclusive, é admirador do trabalho de Fernando Diniz, como revelou na primeira vez em que foi questionado sobre o adversário da semifinal da Libertadores.
— O Fluminense é um grande time. Um time que vem apresentando um bom jogo ao longo da temporada. Seu treinador chegou há tempo, com uma ideia clara. Uma ideia que gosto muito. Admiro ele. Sempre pergunto a Lucho [González, auxiliar] sobre ele. Lucho foi jogador do Diniz. Sempre pergunto como trabalha, alguma coisa para roubar [risos]. É um grande treinador, tem um grande time, jogadores de muita qualidade. Vai ser um grande confronto — afirmou.