Proposta de Jim Ratcliffe, dono do Nice e acionista da Mercedes F1, é a única confirmada pelo Manchester United
Prazo dado pelo banco que gere a venda termina nesta sexta; Jim Ratcliffe, de 70 anos, é dono da Ineos e já falou abertamente sobre comprar o clube do qual é torcedor

O empresário britânico Jim Ratcliffe, dono da Ineos, foi o único com proposta confirmada para compra do Manchester United. O prazo estabelecido pelo banco Raine, que está gerindo a venda, acaba nesta sexta-feira. A Ineos de Ratcliffe é uma empresa já bem envolvida no esporte: é dono do Nice, da França, além de ser uma das principais acionistas da equipe Mercedes de Fórmula 1, sua iniciativa no esporte mais bem-sucedida.
Com o que aconteceu na venda do Manchester United em 2005 deixou os torcedores furiosos: Malcom Glazer comprou 28,7% das ações do clube e, assim, adquiriu controle sobre a Red Football Ltd, empresa que controla o United. A compra, porém, foi feita com empréstimos alavancados de aproximadamente £ 800 milhões (algo em torno de US$ 1,5 bilhão na época). Quando a compra foi completada, o clube foi retirado das Bolsa de Valores e as dívidas da alavancagem foram transferidas para o clube.
Ou seja: os Glazer fizeram uma manobra para conseguir crédito para comprar o clube e depois colocaram as dúvidas nas contas do clube, que saiu de não ter dívidas para ter £ 540 milhões em dívida, com taxas de juros que variavam de 7% a 20%, como explicado neste texto da Reuters.
Desta vez, porém, Jim Ratcliffe afirmou que isso não vai acontecer, caso seja ele a comprar o Manchester United. A proposta já confirmada pelo clube, que não teve o valor revelado, detalha que a dívida contraída para a compra do clube via alavancagem será colocada nas contas da Ineos, a empresa petroquímica de Ratcliffe, e não nas contas do clube. O empresário espera se colocar como um guardião seguro do clube que torce e criar uma sintonia maior entre o clube e sua base de torcedores.
Jim Ratcliffe chegou a fazer uma proposta tardia para comprar o Chelsea, mas não foi aceita pela Raine, que também fez a gestão da venda do clube de Londres. O britânico comprou o Nice em 2019, em um projeto que ele anunciou que não seria como o do PSG. A ideia por lá é aproveitar jogadores jovens, desenvolvê-los e ter um projeto de longo prazo. É um clube que fica sempre entre os 10 primeiros colocados da Ligue 1 e terminou em quinto na temporada passada.
A ideia de comprar o Manchester United foi manifestada publicamente algumas vezes. Em agosto de 2022, ele deu entrevista dizendo que queria comprar o Manchester United. Em outubro, porém, ele confirmou a intenção, mas disse que ouviu dos Glazers que o clube não estava à venda. Só que não demorou: um mês depois, em novembro, a família Glazer confirmou que ouviria propostas pelo clube. Sendo assim, Ratcliffe não perdeu tempo e entrou no processo para comprar o clube em janeiro de 2023.
A proposta de Ratcliffe não deve ser a única. É especulado que o Catar, ainda não se sabe por que instituição, fará uma proposta para compra do clube. Há, porém, muito questionamento se a Uefa irá liberar que o Catar tenha dois clubes.
O regulamento da entidade proíbe que um mesmo dono tenha dois clubes na mesma competição – na Champions League, por exemplo. Assim, isso seria um impeditivo. Por outro lado, há um precedente que pode indicar ser possível que a Uefa aprove: o caso Red Bull. Quando o Red Bull Salzburg e o RB Leipzig se classificaram à Champions League, houve uma dúvida se a Uefa aprovaria. O que a entidade exigiu foi que os clubes deixassem de ter diretorias comuns, como havia diretores que atuavam nos dois clubes. A gestão teria que ser separada. Foi feito isso e aprovado e as duas equipes passaram a jogar a mesma competição sem restrições.
Além da questão burocrática, é possível que haja muito mais resistência a uma proposta do Catar do que uma do dono da Ineos. De qualquer forma, teremos que esperar para ver o que acontece.