Bilionário britânico Jim Ratcliffe entra oficialmente no processo para comprar o Manchester United
Investidor do Nice, o CEO da petroquímica Ineos nunca escondeu seu interesse de entrar na Premier League - e se for pelo seu clube de coração, melhor ainda

Cerca de três meses depois de dizer que não poderia “ficar sentado esperando que o Manchester United ficasse disponível”, o empresário Jim Ratcliffe, um dos homens mais ricos do Reino Unido e CEO da gigante petroquímica Ineos, entrou oficialmente no processo para comprar o Manchester United, disse um porta-voz do bilionário ao jornal The Times. Dava para ter esperado de pé mesmo.
A família Glazer, dos Estados Unidos, anunciou em 22 de novembro, mesmo dia em que rescindiu contrato com Cristiano Ronaldo, que estava “começando um processo para explorar alternativas estratégicas para melhorar o crescimento do clube” que incluíam “novos investimentos no clube, uma venda ou outras transações envolvendo a companhia”.
Em português, foi o bat-sinal para atrair interessados que encerrariam o controverso reinado de 17 anos e meio dos Glazers sobre Old Trafford. Embora eles tenham feito o clube crescer em receitas, sempre foram muito criticados por tê-lo endividado no processo de compras e por pensarem excessivamente no lado comercial, negligenciando a parte esportiva, o que é um acusação bem razoável de se fazer, dada a seca do Manchester United, que sequer briga pelo título da Premier League desde a aposentadoria de Alex Ferguson.
O clube chegou a abrir uma lojinha em Davos nesta semana – cidade nos Alpes Suíços que abriga um evento anual que atrai pessoas muito ricas -, embora uma porta-voz do Manchester United tenha dito que o objetivo não era atrair interessados para comprá-lo, mas apenas se reunir com seus parceiros e clientes atuais. Ratcliffe, torcedor declarado do Manchester United e com experiência no futebol por ser o principal investidor do Nice, sempre esteve na lista de possíveis compradores.
Em outubro, quando a Bloomberg publicou que os Glazers estavam abertos a vender ações do United e em algum momento abrir mão do controle, Ratcliffe respondeu em entrevista ao The Times que havia ouvido da família que os Red Devils não estavam à venda. Se estivessem, seria “definitivamente um potencial comprador”, havia dito o seu porta-voz, em outra reportagem do jornal britânico.
Na ocasião, disse que não poderia “ficar esperando sentado que o Manchester United ficasse disponível” e expressou interesse em fazer parte do grupo de elite da Premier League. Lembrando que ele tentou sequestrar a venda do Chelsea ao consórcio liderado por Todd Boehly com uma proposta de última hora que não foi admitida. Alguns semanas depois, foi a vez da Fenway Sports Grupo, acionista majoritária do Liverpool, abrir as portas para novos investimentos ou mesmo uma venda.
Ratcliffe, então, mudou de tom sobre o seu interesse pela Premier League ao afirmar que “sua posição havia se desenvolvido” e que preferia focar sua atenção no Nice, mas a possibilidade real de comandar o clube do seu coração parece ter sido uma tentação forte demais. “Nós nos colocamos formalmente no processo”, disse um porta-voz de Ratcliffe nesta terça-feira ao jornal britânico.
O processo está sendo conduzido pelo Raine Group, o mesmo banco norte-americano que tratou da venda do Chelsea. As propostas oficiais devem começar a ser recebidas em fevereiro. Interesses de Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia são esperados. Por enquanto, os candidatos assinaram acordos para analisar documentos financeiros confidenciais e avaliar a situação do clube – a famosa due diligence. A expectativa é que o Manchester United, sempre entre as maiores receitas do mundo do futebol, seja vendido por cerca de £ 5 bilhões. O Chelsea saiu por £ 4,25 bilhões